Publicado em 28 janeiro 2020 | Atualizado em 17 junho 2021

Mesmo na era da tecnologia, onde tudo à nossa volta está direcionado para a inovação, ainda há uma certa hesitação por parte dos profissionais e gestores do setor de saúde quando o assunto são os projetos de IoT nessa área.

Apesar de não haver um padrão específico que determine o sucesso desse tipo de projeto – afinal, projetos de IoT estão longe de ser uma “receita de bolo” – é possível identificar elementos comuns entre os maiores cases empreendedores na desafiadora jornada da internet das coisas.

Portanto, a partir desses elementos, podemos descobrir alguns segredos e tirar boas lições sobre as melhores práticas no desenvolvimento de um projeto de inovação e tecnologia, principalmente se tratando de IoT na saúde.

Acompanhe a seguir cinco fatores que podem determinar o sucesso de projetos relacionados à internet das coisas com foco no setor de saúde e como eles ajudarão a transformar o trabalho dos profissionais nas instituições, além de trazer resultados altamente positivos, tanto em termos econômicos quanto humanos e sociais.

Projetos de IoT: quais os passos para o sucesso?

É inegável que existem muitos desafios na implantação de projetos de IoT, principalmente em se tratando do setor de saúde, que possui uma série de legislações e normas regulatórias que precisam ser levadas em conta.

Contudo, é fato que a tecnologia, na quase totalidade dos casos, vem para contribuir com as boas práticas determinadas nas diversas RDCs da Anvisa, visando melhorar os processos dentro das instituições de saúde e elevar o padrão de qualidade dos serviços.

O que ocorre, porém, é que muitos gestores, e executivos de modo geral, ainda demonstram receio de colher resultados indesejados ao se lançar para novos projetos de tecnologia, principalmente relacionados à internet das coisas, que ainda gera dúvidas sobre sua prática e efetividade.

No entanto, uma mudança de mindset pode trazer excelentes oportunidades e resultados, tanto para a carreira dos profissionais envolvidos no projeto, quanto para as instituições onde atuam. E para que a chance de erro – e de fracasso, consequentemente – seja minimizada, é importante estar atento a alguns pontos-chave.

Por isso, separamos os cinco principais “segredos do sucesso” para quem pretende investir em projetos de IoT voltados à saúde. Confira:

1. Abrace uma mudança de mindset e de comportamento

“O pensamento cria e o desejo atrai”. Essa pode ser uma frase bem clichê, mas traz uma verdade importante: modificar a mentalidade e, consequentemente, mudar o comportamento diante de assuntos que ainda são vistos com ceticismo ou que geram dúvida e receio é o primeiro segredo para quem deseja obter sucesso em projetos de IoT.

A partir do momento que mudamos nosso mindset, os aspectos que tendem a impedir uma tomada de decisão deixam de fazer sentido, e podem ser contornados – ou controlados – com maior assertividade.

É necessário, portanto, estar aberto a novas experiências e deixar de lado a ideia de que tudo deve ser feito sempre da mesma forma. Tradições não costumam surtir muito efeito quando se trata de tecnologia e inovação. Profissionais e empresas que insistirem em manter um padrão sem renovar suas ações perderão cada vez mais espaço no mercado.

Aquela velha história de que “em time que está ganhando não se mexe” precisa ser repensada! Será mesmo que o time está ganhando ou está apenas na zona de conforto do empate?

Outro fator é sobre a velocidade com que as coisas mudam a cada dia. Cada vez mais, os responsáveis pelo desenvolvimento de produtos tecnológicos têm encontrado recursos ágeis, como os frameworks back-end e front-end, que auxiliam a base de desenvolvimento de projetos de IoT, entre outros. Sem contar as soluções de startup, tão presentes no dia a dia de empresas e profissionais que buscam seu diferencial de mercado.

E isso, claro, inclui o setor de saúde, que apesar de ser considerado um dos mais tradicionais, em contrapartida é o que mais tende a se beneficiar de toda tecnologia disponível, dando forma à chamada Saúde 4.0.

2. Pense grande, comece pequeno e evolua rápido

Projetos de IoT devem ser pensados ambiciosamente, mas executados gradativamente, passo a passo, através de objetivos e metas bem definidos que solucionem um problema por vez. Isso fará com que os esforços se concentrem numa solução mais específica e focada, trazendo uma evolução mais rápida do projeto e com resultados mais satisfatórios.

Diante disso, trabalhar com base nos conceitos de lean startup, scrum e business model voltados ao setor de saúde é a forma mais eficaz de concluir cada etapa do projeto de maneira mais enxuta e ágil. Podemos pensar o lean startup da seguinte forma: quando temos uma carga menor e mais leve, conseguimos ir mais rápido e mais longe.

Outro ponto fundamental é a organização e o mapeamento das ideias e, posteriormente, das tarefas que compõem o projeto. Aí entram os conceitos de scrum e business model, que auxiliam o planejamento e a execução de cada etapa, concentrando-se em um problema específico apresentado pela instituição de saúde, onde haja a implementação de uma estratégia de IoT mais realista e eficiente, com recursos concentrados e mínimos.

Para isso, utilizar conceitos com base em MVP (produto mínimo viável) ou POC (prova de conceito) pode ser determinante para o sucesso do projeto.

Contudo, para auxiliar na definição dos problemas e definir quais as melhores soluções diante da exigência apresentada pela instituição, algumas perguntas importantes devem ser respondidas. Vejamos:

  • Quais são os principais inputs e outputs do processo?
  • Onde estão os gargalos? Eles são decorrentes de erros humanos, falta de recursos, falta de documentação ou alguma ineficiência?
  • Em que pontos ocorrem lucros e perdas?
  • Quanto tempo demora para progredir de uma etapa à outra? Existe algum momento em que o ritmo parece diminuir? É possível identificar abordagens alternativas para acelerar o processo?
  • O que poderia ser automatizado?
  • Em que ponto seria possível coletar dados adicionais que ajudariam a melhorar o ciclo de desenvolvimento do produto ou a experiência do cliente?

Com base nas respostas, fica muito mais claro identificar os principais problemas e mais fácil compreender as necessidades mais urgentes e que demandam soluções baseadas em internet das coisas.

3. Invista num upgrade da equipe

Apesar de ser fundamental aproveitar de todo valor humano e profissional presente na equipe através da otimização das capacidades com treinamento interno e readequação de competências, obter sucesso em projetos de IoT pode ser mais fácil quando se investe na diversificação dos profissionais, através da contratação de consultores e, até mesmo, de novos colaboradores.

Através desse upgrade, com a inserção de novos talentos que serão mesclados aos já existentes, fica mais fácil determinar cada papel e função dentro da equipe, evitando atrasos em decorrência da falta de recursos profissionais que costumam tornar o projeto mais oneroso.

4. Dedique-se a um processo de melhoria contínua

Ao se lançar em projetos de IoT é preciso estar ciente da constante necessidade de aprimoramento. Este é um compromisso que precisa ser assumido para que haja uma continuidade na análise e no desenvolvimento de estratégias, necessárias para a geração de dados e atualização dos algoritmos.

Os ciclos de PDCA (planejar – fazer – checar – agir), por exemplo, são primordiais para a gestão da qualidade e melhoria contínua dos processos. Esse ciclo pode ser aplicado a qualquer tipo de empresa e nível de projeto, assim como para todas as áreas de atuação, inclusive no setor de saúde, por se tratar de uma ferramenta intuitiva e de fácil compreensão.

Dessa forma, com um processo iterativo a equipe é direcionada a identificar falhas e oportunidades de melhoria contínua, além de contribuir para que todos os envolvidos possam visualizar as modificações realizadas.

Porém, é importante lembrar que de nada adianta investir em projetos de IoT, com investimento em recursos de análise interativa ou machine learning se não houver uma coleta de dados eficiente, da mesma forma que de nada valem os dados coletados se não houver uma análise constante que permita que os algoritmos aprendam com o tempo e, assim, sejam refinados e desenvolvidos para a maximização dos resultados.

5. Comunicação: seu projeto deve motivar e inspirar as pessoas

O sentido da inovação tecnológica está na diferença que ela é capaz de fazer na vida das pessoas. Tecnologia, por si só, não se mantém por muito tempo se não trouxer com ela a solução de um
problema real. Por isso, o sucesso de um projeto de IoT depende do impacto que ele terá no dia a dia do usuário.

No entanto, fazer com que sua ideia inspire e motive pessoas depende também de como a comunicação será trabalhada. É preciso que elas percebam o quanto essa solução pode transformar seu cotidiano, para que aceitem a novidade e se tornem adeptas da ideia.

Para isso, é fundamental começar preparando um bom pitch. Saber vender a ideia e imprimir valor ao projeto com a apresentação de informações concisas e bem elaboradas é uma forma de atrair e engajar pessoas.

Ao sentirem-se parte dessa transformação, participando, discutindo e colaborando ativamente no desenvolvimento de uma solução relevante, elas terão menos resistência à mudança, o que fará uma diferença no resultado e, consequentemente, no sucesso do projeto.

Existe hoje uma infinidade de ferramentas de comunicação – e a internet envolve as principais – que devem servir como recursos para disseminação de projetos de IoT, fazendo com que a informação chegue aos lugares certos e às pessoas certas.

Além disso, para potencializar os efeitos da comunicação (interna e externa), líderes e gestores precisam estar convencidos e seguros sobre os benefícios gerados após a implantação de uma solução de IoT, devendo encorajar os demais colaboradores a apoiarem suas iniciativas.

Evitando o fracasso do projeto: exemplos do que não fazer

Tão importante quanto saber como obter sucesso no projeto, é saber o que não fazer, evitando ao máximo falhas que podem comprometer o trabalho e fazer você fracassar.
Assim, desenvolver projetos de IoT no setor de saúde exige grande atenção para atitudes como as que vamos descrever a seguir:

Colocar o foco na tecnologia acima dos negócios

Projetos de IoT podem ser resumidos como soluções para a resolução de um problema ou um conjunto de problemas. É muito comum que, devido ao importante aspecto técnico destas soluções, diversos profissionais de engenharia clínica e manutenção se envolvam durante sua execução.

Por esta razão, não são raros os casos em que o foco do projeto fica mais centralizado nos aspectos técnicos ligados aos equipamentos, instalação, treinamento, interoperabilidade, manutenção, do que o desejável.

Não que fazer uma excelente avaliação técnica não seja importante e mandatória para um projeto de sucesso! O que defendemos é que não exista uma supervalorização ou uma sobreposição destes fatores operacionais aos reais objetivos que serão conquistados com a sua implantação.

Fatalmente, os times que não mantiverem os olhos nos resultados práticos que a instituição de saúde obterá com a melhoria de seus processos por meio do uso de tecnologias em IoT, correm o risco de se questionarem no meio do caminho sobre a razão do projeto e de prejudicarem o engajamento das pessoas envolvidas, colocando a entrega deste em sério risco.

Na maior parte dos casos esse tipo de projeto contabiliza retornos no médio ou longo prazos e, na maioria das vezes, o objetivo específico não é necessariamente tornar a instituição de saúde mais lucrativa, mas sim gerar o deleite na experiência dos pacientes, tornar os processos mais seguros e contribuir para um melhor desfecho clínico.

Por isso, quando se fala em saúde, sabemos que a tecnologia desenvolvida e o impacto que ela terá na instituição são importantes e gerarão valor agregado através da melhoria dos serviços prestados. Todavia, conforme percebeu a LNS Research em suas análises, o conselho aqui é evitar lançar um mega-projeto de IoT sem objetivos e sem metas financeiras e de qualidade claras.

Querer andar sozinho e não formar parcerias

Nenhum homem é uma ilha, já dizia o velho ditado. E nenhuma empresa também.

Conforme apontou um estudo da Cisco, as organizações que obtiveram mais sucesso em projetos de IoT criaram uma espécie de ecossistema parceiro em todas as etapas, resultando em fortes colaborações durante todo o processo.

Selecionar bons parceiros usualmente acelera o processo de aprendizagem e ganho de maturidade que uma organização precisa percorrer para aproveitar ao máximo os novos recursos tecnológicos que estão disponíveis.

Segundo o vice-presidente de marketing de soluções empresariais da Cisco, Inbar Lasser-Raab, a maior parte das oportunidades surge nos relacionamentos com outros fornecedores, onde é possível criar soluções que não só estão conectadas, mas que também compartilham dados e ideias, aumentando as chances de ganhos não apenas para as empresas, mas também para a sociedade.

Desconsiderar o fator humano

Não é incomum ter a sensação de que internet das coisas é apenas sobre tecnologia, máquinas e conteúdo técnico. Porém, fatores humanos que incluem cultura, liderança e organização devem ser considerados, mais ainda por se tratar de temas críticos e cheios de nuances. Um projeto de IoT que desconsidera essas questões dificilmente terá um resultado satisfatório.

Inclusive podemos citar três aspectos principais que estão por trás de projetos de IoT bem-sucedidos e que possuem ligação com relacionamentos interpessoais. São eles:

  • a colaboração entre o time de TI e os executivos de negócios que pensam mais no lado estratégico;
  • a cultura organizacional focada em tecnologia, decorrente de liderança de cima para baixo e patrocínio executivo;
  • uma equipe com expertise em IoT, seja ela interna ou formada por parceria externa.

Não criar saídas ou ter um plano B

Uma boa dose de autoconfiança no projeto é fundamental, mas em excesso pode significar uma falha primária: a ausência de um plano B.

A tecnologia, mais especificamente a área de IoT, é um tanto quanto inconstante, e isso faz com que um plano de backup e o desenvolvimento de estratégias de saída para contornar possíveis problemas com fornecedores, por exemplo, seja necessário.

Nesse sentido, a falta de planejamento no projeto para lidar com certos inconvenientes pode custar a interrupção dos serviços e acarretar problemas aos clientes e usuários da solução.

Soluções de IoT em prática no setor de saúde

Cada vez mais presentes no dia a dia das instituições de saúde, projetos de IoT têm significado uma grande revolução na área e exercido papéis de protagonismo em hospitais, clínicas de diagnóstico, laboratórios e até mesmo nos consultórios médicos.

Por isso, não é difícil encontrar bons exemplos de atuação da internet das coisas que justifiquem o enfrentamento dos desafios a serem superados para sua implantação, em prol de algo maior: a saúde de milhões de pessoas.

Entre esses exemplos podemos destacar soluções já existentes que atuam no monitoramento de produtos que fazem parte da cadeia do frio, como vacinas, hemocomponentes e hemoderivados, e outros produtos termolábeis.

Uma boa justificativa da importância dos projetos de IoT para o setor de saúde está no fato de que, segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 1,5 milhão de crianças em todo o mundo morrem anualmente em decorrência de doenças que poderiam ser evitadas com uma simples vacina.

Nesse caso específico, através de um sensor colocado na câmara portátil capaz de emitir informações em tempo real para uma plataforma de dados, profissionais podem transportar vacinas, preservando a qualidade do medicamento e fazendo-o chegar dentro das condições necessárias para quem mais precisa, o paciente.

Isso significa salvar a vida de milhões de crianças através de uma solução tecnológica eficaz e segura, a exemplo do que é desenvolvido pela Nexxto.

monitoramento temperatura e umidade

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.