Cada vez mais o assunto acreditação e certificação dos serviços de saúde tem se tornado relevante entre especialistas e empresas do setor. Os métodos de avaliação, que seguem padrões internacionais rigorosos, têm como principal objetivo promover qualidade de processos e garantir a segurança clínica do paciente.
Por estas razões, as acreditações e certificações validam que a instituição de saúde possui maturidade clínica, processual e tecnológica para oferecer o serviço assistencial dentro de condições que maximizam a taxa de sucesso dos tratamentos e reduzem sua duração.
Já que essa é uma avaliação realizada de forma voluntária, neste conteúdo buscamos apresentar ou relembrar a importância de se buscar por elas. Para isso, reunimos dados nacionais e trazemos alguns dos principais impactos das acreditação e certificação dos serviços de saúde.
Acreditação e certificação dos serviços de saúde no Brasil
Se engana quem pensa que esse é um sistema recente. De acordo com o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar, o Ministério da Saúde se empenha na busca de qualidade e avaliação desde a década de 1970. Porém, foi só nos anos 1990 que elas passaram a, de fato, serem relevantes para a garantia da qualidade dos atendimentos.
Nessa época, foram criados instrumentos de avaliação que seguiram determinações na OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), além da criação do CBA (Consórcio Brasileiro de Acreditação). No fim dessa mesma década, o Ministério da Saúde decidiu divulgar mais profundamente sobre o Sistema Brasileiro de Acreditação e, em 1999, foi criada a ONA (Organização Nacional de Acreditação).
Até o momento, no Brasil existem 805 instituições acreditadas pela ONA. São Paulo é o estado que tem o maior número delas, sendo 315, representando 39% do total do país.
A importância das acreditações
O 2º Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar, realizado pelo Feluma (Instituto de Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e pelo IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), mostrou dados preocupantes sobre erros médicos no país.
Segundo o relatório, em 2017 ocorreram 54,76 mil mortes causadas pelos chamados “eventos adversos graves”. Isso significa aproximadamente seis mortes por hora causadas pelas falhas em procedimentos hospitalares. O documento aponta ainda que cerca de 36 mil delas poderiam ter sido evitadas.
Ainda que os números brasileiros sejam alarmantes, nos Estados Unidos, erros médicos são apontados como o terceiro fator que mais mata no país. Os dados são do British Medical Journal, que constatou que mais de 250 mil mortes por ano são atribuídas a erros, sendo que óbitos decorrentes de fatores humanos não são contabilizados nas estatísticas oficiais nacionais.
A pesquisa foi divulgada em 2016 e é uma reflexão de oito anos de análise. Os estudiosos chegaram à conclusão que as falhas estão relacionadas a erros derivados de problemas sistêmicos, tratamentos mal coordenados, sistemas de seguro fragmentados e da variação injustificada nos padrões de prática médica, sem a devida prestação de contas.
Comparando, o Brasil tem 0,26% por erros médicos a cada mil habitantes, enquanto os Estados Unidos tem 0,76%. Mesmo que nossa realidade seja melhor nesse sentido, os números absolutos são alarmes e isso reforça a necessidade de busca por melhorias no setor. Esse é o primeiro ponto que ressalta a importância do incentivo às acreditações, já que para uma instituição ser acreditada ela precisa atender aos padrões definidos pela acreditadora.
Fazer com que organizações de saúde busquem por acreditações significa, também, fazer com que elas precisem sempre reavaliar os processos internos e apostem em aprimoramento contínuo.
Outras acreditações importantes no Brasil
Por ser uma organização derivada do Ministério da Saúde, a ONA é tida como uma das acreditações mais importantes para instituições de saúde brasileiras. No entanto, quando falamos em acreditação e certificação, existem outras tão importantes quanto, de abrangência internacional:
JCI
A americana JCI (Joint Commission International) é considerada o órgão certificador de qualidade de instituições de saúde mais importante do mundo. Ela atua em mais de 90 países e ao identificar, mensurar e compartilhar as melhores práticas internacionais, o órgão incentiva o nivelamento da alta qualidade dos hospitais.
Os critérios de acreditação são atualizados periodicamente para manter o alinhamento com as mais elevadas técnicas e procedimentos de itens como protocolos de tratamento e procedimentos, infraestrutura hospitalar, controle de infecções e manutenção de equipamentos.
HIMSS
Outra importante acreditação americana é a HIMSS (Healthcare Information and Management Systems Society). Fundada na década de 1960, com presença internacional e grande influência no segmento de saúde, seu foco é disseminar a tecnologia em processos hospitalares.
As instituições de saúde que alcançam a acreditação são aquelas em que a busca por inovação e evolução tecnológica resultou em melhorias no serviço prestado ao paciente. Entra nessa avaliação o uso de prontuários eletrônicos, digitalização de documentos, integração de áreas, e por aí vai.
Qmentum
Outra acreditação com abrangência internacional é o Qmentum, de origem canadense, nação reconhecida pela qualidade do sistema de saúde. Presente em mais de 30 países, ela também busca nivelar os hospitais diante um padrão internacional de alta qualidade, desde boas práticas de governança a atuações assistenciais.
A metodologia engloba diversos critérios de avaliação que vão desde a identificação dos pacientes, administração de medicamentos, higienização, protocolos, entre outros procedimentos, visando a segurança e qualidade.
Acreditações e sua relação com outras melhorias
Os diferentes níveis de acreditações levam em consideração pontos como padrões de qualidade e segurança, gestão, cultura organizacional e maturidade institucional. Por isso, o aumento da qualidade dos serviços, o ganho de maturidade em gestão e a maior resolutividade nos tratamentos oferecidos são decorrências naturais de uma instituição mais bem preparada para dar a atenção de saúde necessária ao paciente.
Em 2017, um trabalho apresentado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo mostrou alguns dos resultados positivos. O estudo foi feito com cinco hospitais da cidade de São Paulo, sendo três públicos e dois privados, todos acreditados e ligados às boas práticas de qualidade em serviços da saúde.
O relatório mostrou que, desses hospitais, o processo de acreditação, que promove busca por excelência nos serviços para a obtenção dos certificados, além do mapeamento detalhado dos processos e treinamentos, trouxe diversos bons resultados.
Todos os hospitais perceberam o aumento da produtividade e do nível de satisfação dos pacientes, além da definição de padrões e métricas com o apoio da alta direção. Aumento dos níveis de segurança dos pacientes e reconhecimento em relação aos demais hospitais também foram notadas por alguns deles.
O hospital com melhor desempenho, segundo o estudo, é acreditado pela JCI desde 1999 e investe em uma política de treinamentos, que prioriza o aperfeiçoamento dos funcionários para manter as boas práticas nos serviços.
Estes têm foco em disseminar o conhecimento sobre os processos e procedimentos adotados pelo hospital, o que eleva os níveis de produtividade dos trabalhadores e os níveis de segurança.
Tecnologia: como ela pode habilitar a maturidade da minha instituição?
Uma aliada na melhoria de processos para alcance de acreditações e certificações em saúde, como as da ONA, tem sido a inovação. Não é por acaso que, cada vez mais, têm surgido empresas focadas no uso de tecnologias modernas para trazer menos riscos e maior eficiência ao setor.
Já é consenso no mercado de saúde, que nos próximos anos viveremos as maiores revoluções em diversos aspectos. Tratamentos médicos, drogas para doenças sofisticadas, consultas médicas remotas, sensores vestíveis para diagnósticos em tempo real e identidade digital com histórico médico sob a guarda do paciente são apenas alguns exemplos.
As fronteiras onde a tecnologia irá sacudir a forma como a saúde é praticada no mundo inteiro não possuem limites. Portanto, é importante entendermos como essa avalanche de novidades pode, de forma efetiva, gerar resultados positivos para as instituições de saúde.
Todas as organizações de acreditação e certificação dos serviços de saúde já entendem que não faz mais sentido que alguns processos se mantenham da mesma forma, como foram estabelecidos décadas atrás. Elas confiam que os profissionais da área irão se atualizar e testar novas tecnologias que permitam sua evolução constante para o cuidado com o paciente.
Por isso, essa transição vai muito além de aumento de lucro e eficiência. Apostar em tecnologia no setor de saúde significa principalmente investir na melhoria da qualidade do atendimento. Significa investir na vida. Que tal aproveitar para entender melhor qual é o papel de uma empresa de healthtech no setor da saúde?