Em todos os setores, principalmente no ramo industrial, os processos de controle de qualidade são fundamentais. No entanto, dentro do setor de saúde, a necessidade de uma gestão com foco na qualidade é ainda mais importante. Afinal, todos as atividades estão voltadas ao cuidado de pessoas, ao salvamento de vidas.
Primeiramente, quando se lida com a manutenção da saúde, quaisquer aspectos – seja material, humano ou tecnológico – devem atender a padrões elevados de eficiência. Desse modo, a busca pela excelência nos serviços cria uma necessidade tanto técnica quanto social. Isso leva as instituições a tomarem decisões estratégicas.
Um exemplo é a adoção de sistemas de gestão em saúde e de ferramentas que permitam aplicar e mensurar o controle de qualidade. Nesse sentido, é possível dar um passo à frente na obtenção de certificações e acreditações. O que significa investimentos em inovação, segurança e melhorias em diversos aspectos.
O que é controle de qualidade e quais atividades abrange?
Entre as definições mais generalistas e que melhor descrevem o controle de qualidade, temos a que foi publicada pelo consultor de negócios romeno Joseph Moses Juran. De acordo com Duran no livro ‘Quality by Design’, o termo se refere ao “processo regulatório pelo qual medimos o desempenho real, o compara com os padrões e age sobre a diferença”.
Assim também, a definição da ISO 8402:1994 (norma retirada e substituída pela ISO 9000) descreve o controle de qualidade como “técnicas e atividades operacionais (amostragem, teste, documentação dos resultados etc) usadas para atender aos requisitos de qualidade”.
Frequentemente, os sistemas de produção possuem uma tendência a variação da qualidade devido a dois aspectos:
- variação natural ocorrida ao acaso;
- variação por falhas na conformidade com as especificações.
Desse modo, podemos afirmar que o papel dos processos de controle de qualidade é diminuir ou eliminar quaisquer variações que estejam fora dos padrões e limites aceitáveis. Contudo, tais padrões têm como referência o produto final fabricado ou o resultado de um serviço.
No caso da gestão em saúde, a qualidade envolve não apenas os serviços prestados, mas também os insumos utilizados. Juntamente com máquinas, equipamentos, descartáveis, medicamentos, alimentos e tantos outros produtos que fazem parte da rotina de um hospital.
Entretanto, os responsáveis pela escolha de cada produto, operação dos equipamentos uso dos materiais são os profissionais que prestam o atendimento. Ou seja, apesar de o resultado final ser sempre derivado de um serviço, as ações intermediárias influenciam em todo o processo.
Como principais indicadores da qualidade para a gestão em saúde podemos destacar:
- eficácia;
- eficiência;
- oportunidade;
- segurança;
- foco no paciente;
- capital próprio.
Normatização dos processos de controle da qualidade
O conjunto ISO 9000 é o mais reconhecido entre os padrões que regulamentam os sistemas de Gestão da Qualidade, sendo adotado mundialmente. Em síntese, ele abrange as seguintes normas:
- ISO 9001: dispõe sobre a qualidade dos projetos, incluindo o desenvolvimento, produção, instalação e manutenção. É uma norma bastante específica e mostra como deve ser cada processo dentro da empresa. Envolve também as normas 9002 e 9003;
- ISO 9004: estabelece as diretrizes e orientações básicas para a implantação do sistema de gestão da qualidade;
- ISO 19011: apresenta as diretrizes para auditorias em sistemas de gestão.
Similarmente, entre as entidades brasileiras responsáveis por normatizar e regular o controle de qualidade nos diferentes setores de produção está a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Outro destaque é para o Programa Nacional de Controle de Qualidade (PCNQ).
Além disso, temos o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e a própria Anvisa.
Atuação do INCQS
O Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) é uma unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Com a finalidade técnico-científica, atua em áreas de ensino, de pesquisa e de tecnologias laboratoriais. Tais atividades são relativas ao controle da qualidade de produtos, insumos, ambientes e serviços de saúde.
Em virtude de ser parte integrante do SUS, atua em estreita relação com a Anvisa. Ao mesmo tempo, atende laboratórios de saúde pública e vigilâncias sanitárias estaduais e municipais, entre outras entidades parceiras.
O INCQS possui um Sistema de Gestão da Qualidade acreditado pelo Inmetro com base nas normas ABNT NBR ISO/IEC 17025 e ABNT NBR ISO/IEC 17043. Inclusive, é pré-qualificado pela OMS nas áreas de medicamentos e vacinas.
O instituto é o único no Brasil que realiza ensaio em lotes de sangue e hemoderivados. Além disso, é responsável pela análise laboratorial necessária para liberação de vacinas e soros hiperimunes produzidos ou consumidos no país, e também para exportação.
Entre outras atividades do INCQS está a emissão de pareceres sobre questões técnico-científicas relativas à vigilância sanitária. Bem como a organização de ensaios de proficiência para laboratórios públicos e privados.
Como aplicar o controle de qualidade na saúde e mensurar os resultados?
A complexidade da gestão em saúde faz parecer que os métodos de controle de qualidade aplicados na indústria são insuficientes nesse setor. Todavia, modelos mais generalistas – definição de qualidade, desenvolvimento de melhorias e ferramentas de aplicação – podem, sim, ser adaptados à realidade da prestação de serviços.
Porém, o sucesso desse método nos processos de assistência médica e de saúde dependem da aplicação correta de dados e análises. Isso sem contar a necessidade de uma estrutura adequada de gestão para o controle de qualidade dessas operações.
Para entender melhor como aplicar métodos de produção na gestão em saúde, é possível se basear em cinco princípios orientadores:
- Definir qualidade e obter um acordo sobre o conceito;
- Facilitar a adoção de ferramentas através de projetos de melhoria prática;
- Diferenciar medidas de melhoria das medidas de desempenho;
- Utilizar estrutura com base em ciclos PDCA (planejar, fazer, checar, agir);
- Aprender sobre e com a variação de dados.
Principais ferramentas para o controle de qualidade na gestão em saúde
A utilização de ferramentas técnicas para controle de qualidade em saúde atua como suporte na implementação e avaliação dos processos. Entre as que mais de adaptam à gestão em saúde, podemos destacar:
- Matriz SWOT: utilizada para a identificação de pontos forte e fracos, presença de ameaças e oportunidades de melhoria;
- Ciclo PDCA: com referência às palavras plan, do, check e action (planejar, fazer, checar e agir), essa ferramenta facilitar os processos, tornando-os mais claros e objetivos;
- 5W2H: essa ferramenta é vista como uma espécie de roteiro de atividades específicas a serem desenvolvidas com clareza e eficiência máximas por todos os envolvidos no projeto.
Vale lembrar que o objetivo do controle de qualidade é alcançar o nível máximo de desempenho dos processos e atividades dentro da instituição. Essa é a maneira de fornecer atributos aos serviços prestados.
Através de um planejamento eficiente, eleva-se o nível organizacional com a minimização de riscos e maior satisfação dos pacientes. Por isso é de extrema importância aplicar técnicas de controle de qualidade para a excelência na gestão em saúde.
Medição da qualidade
Uma ferramenta de medição da qualidade deve atender aos seguintes quesitos: objetividade, base em evidências científicas e não-intervenção nos resultados.
Além disso, ao desenvolver uma medida de qualidade, os testes devem garantir outros três aspectos:
- Confiabilidade: a utilização da ferramenta apresenta o mesmo resultado, independente de quando, onde ou quem fez a medição;
- Validade: a ferramenta mede aquilo a que foi destinada;
- Padronização: as definições dos elementos, coleta e análise de dados são precisas e compreensíveis. Podem ser entendidas e aplicadas sempre da mesma forma, independente de quem as coordena.
Gestão em saúde: desafios da prática do controle de qualidade nas instituições
Existem inúmeros desafios para uma gestão eficiente. Quando se trata do controle de qualidade, a escolha do modelo de aplicação e das ferramentas de mensuração são etapas delicadas. Afinal, uma instituição de saúde possui muitas particularidades. E elas não estão relacionadas somente aos cuidados com o paciente.
A eficiência nos setores administrativos e de organização das atividades de trabalho também entra na lista. Portanto, a gestão em saúde deve garantir a completa satisfação das necessidades do usuário.
Nesse sentido, é importante que gestores reavaliem a posição da instituição frente às melhorias de processos, incluindo a adoção de tecnologias. Ou seja, que medidas vêm sendo tomadas para manter ou melhorar os padrões?
Com o objetivo de obter acreditações como a da Joint Commission International (JCI), diversas empresas hospitalares podem transformar suas rotinas. Imediatamente, o investimento em soluções que elevem os padrões de qualidade e segurança do paciente passa a garantir níveis elevados de satisfação na prestação dos serviços.
Ao mesmo tempo, com aquisição de novas competências, as instituições desenvolvem ações diferenciadas e estabelecem um diferencial competitivo no mercado.
De tal forma que aqui cabe o exemplo da nossa solução para monitoramento de temperatura e umidade. Em suma, esse tipo de tecnologia contribui para a qualidade dos medicamentos e outros insumos, otimizando processos importantes.