Publicado em 9 julho 2020 | Atualizado em 1 julho 2020

Em todos os setores, principalmente no ramo industrial, os processos de controle de qualidade são fundamentais. No entanto, dentro do setor de saúde, a necessidade de uma gestão com foco na qualidade é ainda mais importante. Afinal, todos as atividades estão voltadas ao cuidado de pessoas, ao salvamento de vidas.

Primeiramente, quando se lida com a manutenção da saúde, quaisquer aspectos – seja material, humano ou tecnológico – devem atender a padrões elevados de eficiência. Desse modo, a busca pela excelência nos serviços cria uma necessidade tanto técnica quanto social. Isso leva as instituições a tomarem decisões estratégicas.

Um exemplo é a adoção de sistemas de gestão em saúde e de ferramentas que permitam aplicar e mensurar o controle de qualidade. Nesse sentido, é possível dar um passo à frente na obtenção de certificações e acreditações. O que significa investimentos em inovação, segurança e melhorias em diversos aspectos.

O que é controle de qualidade e quais atividades abrange?

Entre as definições mais generalistas e que melhor descrevem o controle de qualidade, temos a que foi publicada pelo consultor de negócios romeno Joseph Moses Juran. De acordo com Duran no livro ‘Quality by Design’, o termo se refere ao “processo regulatório pelo qual medimos o desempenho real, o compara com os padrões e age sobre a diferença”.

Assim também, a definição da ISO 8402:1994 (norma retirada e substituída pela ISO 9000) descreve o controle de qualidade como “técnicas e atividades operacionais (amostragem, teste, documentação dos resultados etc) usadas para atender aos requisitos de qualidade”.

Frequentemente, os sistemas de produção possuem uma tendência a variação da qualidade devido a dois aspectos:

  1. variação natural ocorrida ao acaso;
  2. variação por falhas na conformidade com as especificações.

​​​​​​​Desse modo, podemos afirmar que o papel dos processos de controle de qualidade é diminuir ou eliminar quaisquer variações que estejam fora dos padrões e limites aceitáveis. Contudo, tais padrões têm como referência o produto final fabricado ou o resultado de um serviço.

No caso da gestão em saúde, a qualidade envolve não apenas os serviços prestados, mas também os insumos utilizados. Juntamente com máquinas, equipamentos, descartáveis, medicamentos, alimentos e tantos outros produtos que fazem parte da rotina de um hospital.

Entretanto, os responsáveis pela escolha de cada produto, operação dos equipamentos uso dos materiais são os profissionais que prestam o atendimento. Ou seja, apesar de o resultado final ser sempre derivado de um serviço, as ações intermediárias influenciam em todo o processo.

Como principais indicadores da qualidade para a gestão em saúde podemos destacar:

  • eficácia;
  • eficiência;
  • oportunidade;
  • segurança;
  • foco no paciente;
  • capital próprio.

Normatização dos processos de controle da qualidade

O conjunto ISO 9000 é o mais reconhecido entre os padrões que regulamentam os sistemas de Gestão da Qualidade, sendo adotado mundialmente. Em síntese, ele abrange as seguintes normas:

  • ISO 9001: dispõe sobre a qualidade dos projetos, incluindo o desenvolvimento, produção, instalação e manutenção. É uma norma bastante específica e mostra como deve ser cada processo dentro da empresa. Envolve também as normas 9002 e 9003;
  • ISO 9004: estabelece as diretrizes e orientações básicas para a implantação do sistema de gestão da qualidade;
  • ISO 19011: apresenta as diretrizes para auditorias em sistemas de gestão.

Similarmente, entre as entidades brasileiras responsáveis por normatizar e regular o controle de qualidade nos diferentes setores de produção está a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Outro destaque é para o Programa Nacional de Controle de Qualidade (PCNQ).

Além disso, temos o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e a própria Anvisa.

Atuação do INCQS

O Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) é uma unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Com a finalidade técnico-científica, atua em áreas de ensino, de pesquisa e de tecnologias laboratoriais. Tais atividades são relativas ao controle da qualidade de produtos, insumos, ambientes e serviços de saúde.

Em virtude de ser parte integrante do SUS, atua em estreita relação com a Anvisa. Ao mesmo tempo, atende laboratórios de saúde pública e vigilâncias sanitárias estaduais e municipais, entre outras entidades parceiras.

O INCQS possui um Sistema de Gestão da Qualidade acreditado pelo Inmetro com base nas normas ABNT NBR ISO/IEC 17025 e ABNT NBR ISO/IEC 17043. Inclusive, é pré-qualificado pela OMS nas áreas de medicamentos e vacinas.

O instituto é o único no Brasil que realiza ensaio em lotes de sangue e hemoderivados. Além disso, é responsável pela análise laboratorial necessária para liberação de vacinas e soros hiperimunes produzidos ou consumidos no país, e também para exportação.

Entre outras atividades do INCQS está a emissão de pareceres sobre questões técnico-científicas relativas à vigilância sanitária. Bem como a organização de ensaios de proficiência para laboratórios públicos e privados.

Como aplicar o controle de qualidade na saúde e mensurar os resultados?

A complexidade da gestão em saúde faz parecer que os métodos de controle de qualidade aplicados na indústria são insuficientes nesse setor. Todavia, modelos mais generalistas – definição de qualidade, desenvolvimento de melhorias e ferramentas de aplicação – podem, sim, ser adaptados à realidade da prestação de serviços.

Porém, o sucesso desse método nos processos de assistência médica e de saúde dependem da aplicação correta de dados e análises. Isso sem contar a necessidade de uma estrutura adequada de gestão para o controle de qualidade dessas operações.

Para entender melhor como aplicar métodos de produção na gestão em saúde, é possível se basear em cinco princípios orientadores:

  1. Definir qualidade e obter um acordo sobre o conceito;
  2. Facilitar a adoção de ferramentas através de projetos de melhoria prática;
  3. Diferenciar medidas de melhoria das medidas de desempenho;
  4. Utilizar estrutura com base em ciclos PDCA (planejar, fazer, checar, agir);
  5. Aprender sobre e com a variação de dados.

Principais ferramentas para o controle de qualidade na gestão em saúde

A utilização de ferramentas técnicas para controle de qualidade em saúde atua como suporte na implementação e avaliação dos processos. Entre as que mais de adaptam à gestão em saúde, podemos destacar:

  • Matriz SWOT: utilizada para a identificação de pontos forte e fracos, presença de ameaças e oportunidades de melhoria;
  • Ciclo PDCA: com referência às palavras plan, do, check e action (planejar, fazer, checar e agir), essa ferramenta facilitar os processos, tornando-os mais claros e objetivos;
  • 5W2H: essa ferramenta é vista como uma espécie de roteiro de atividades específicas a serem desenvolvidas com clareza e eficiência máximas por todos os envolvidos no projeto.

Vale lembrar que o objetivo do controle de qualidade é alcançar o nível máximo de desempenho dos processos e atividades dentro da instituição. Essa é a maneira de fornecer atributos aos serviços prestados.

Através de um planejamento eficiente, eleva-se o nível organizacional com a minimização de riscos e maior satisfação dos pacientes. Por isso é de extrema importância aplicar técnicas de controle de qualidade para a excelência na gestão em saúde.

Medição da qualidade

Uma ferramenta de medição da qualidade deve atender aos seguintes quesitos: objetividade, base em evidências científicas e não-intervenção nos resultados.

Além disso, ao desenvolver uma medida de qualidade, os testes devem garantir outros três aspectos:

  • Confiabilidade: a utilização da ferramenta apresenta o mesmo resultado, independente de quando, onde ou quem fez a medição;
  • Validade: a ferramenta mede aquilo a que foi destinada;
  • Padronização: as definições dos elementos, coleta e análise de dados são precisas e compreensíveis. Podem ser entendidas e aplicadas sempre da mesma forma, independente de quem as coordena.

Gestão em saúde: desafios da prática do controle de qualidade nas instituições

Existem inúmeros desafios para uma gestão eficiente. Quando se trata do controle de qualidade, a escolha do modelo de aplicação e das ferramentas de mensuração são etapas delicadas. Afinal, uma instituição de saúde possui muitas particularidades. E elas não estão relacionadas somente aos cuidados com o paciente.

A eficiência nos setores administrativos e de organização das atividades de trabalho também entra na lista. Portanto, a gestão em saúde deve garantir a completa satisfação das necessidades do usuário.

Nesse sentido, é importante que gestores reavaliem a posição da instituição frente às melhorias de processos, incluindo a adoção de tecnologias. Ou seja, que medidas vêm sendo tomadas para manter ou melhorar os padrões?

Com o objetivo de obter acreditações como a da Joint Commission International (JCI), diversas empresas hospitalares podem transformar suas rotinas. Imediatamente, o investimento em soluções que elevem os padrões de qualidade e segurança do paciente passa a garantir níveis elevados de satisfação na prestação dos serviços.

Ao mesmo tempo, com aquisição de novas competências, as instituições desenvolvem ações diferenciadas e estabelecem um diferencial competitivo no mercado.

De tal forma que aqui cabe o exemplo da nossa solução para monitoramento de temperatura e umidade. Em suma, esse tipo de tecnologia contribui para a qualidade dos medicamentos e outros insumos, otimizando processos importantes.

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.