Publicado em 2 dezembro 2020 | Atualizado em 2 dezembro 2020

Numa instituição hospitalar, o funcionamento adequado dos equipamentos é primordial. Por isso, a aplicação correta da manutenção corretiva é a forma mais eficaz de garantir a continuidade dos serviços e evitar os danos decorrentes de falhas ou panes.

Apesar de ser um tipo mais caro e que demanda mais tempo para a realização das correções, ela ainda é a mais comum na maioria das empresas brasileiras, incluindo o setor de saúde.

Segundo dados coletados pela empresa de consultoria e engenharia industrial Engeteles, 69% das organizações aplicam somente a manutenção corretiva nos sistemas e equipamentos. E mesmo sendo mais oneroso, esse tipo de correção é obrigatório. Especialmente quando se trata da aplicação em equipamentos essenciais para tratamento de pacientes, por exemplo.

Se imaginarmos que num hospital haja um único aparelho de ressonância magnética, não é difícil prever o tamanho do dano que poderá ser causado pela parada do equipamento. Além de trazer prejuízos financeiros para a instituição, a interrupção do funcionamento desassiste os pacientes, e pode colocar em risco a vida das pessoas.

Isso demonstra claramente a importância de conhecer e aplicar a manutenção corretiva de forma eficiente para cada situação.

O que é manutenção corretiva e como funciona o processo?

Quando falamos de manutenção corretiva, estamos tratando de um processo de restauração dos ativos – equipamentos, aparelhos, sistemas – após um período de inatividade decorrente de pane ou falha no funcionamento.

Ou seja, fazer manutenções corretivas significa solucionar um problema por meio de reparos, reajustes, ou mesmo pela substituição dos equipamentos.

No entanto, esta depende de um plano de gerenciamento eficiente. É a partir do planejamento que a equipe técnica poderá iniciar a manutenção corretiva tão logo perceba que um equipamento está em vias de falhar ou identifique algum componente que esteja afetando o desempenho do ativo.

Principalmente porque, em muitos casos, a restauração ou o reparo podem ser feitos antes que um tempo maior de inatividade afete a continuidade dos serviços. Nesse caso, essas manutenções programadas ajudam a minimizar falhas mais graves.

Ao contrário, a falta de planejamento e programação pode interromper as atividades rotineiras. E numa instituição hospitalar, isso significa uma grande perda, em diversos aspectos.

Contudo, com uma equipe de engenharia clínica que mantenha o gerenciamento de riscos adequado, espera-se que o tempo de correção seja mínimo, evitando a falha total e restaurando o desempenho ideal do ativo.

Para proceder com a manutenção corretiva, são necessários alguns passos:

  • através do formulário de solicitação de manutenção, as informações de danos do equipamento são registradas pelo operador;
  • em seguida, o coordenador deve concluir o relatório e aprovar a solicitação e entregá-la ao departamento de manutenção;
  • com base no relatório, os responsáveis pela manutenção dão início às atividades de reparo e restauração;
  • todos os resultados devem ser descritos no formulário de relatório e na conta de custos de manutenção.

Vale lembrar também que fazer um planejamento para aplicação das manutenções corretivas é diferente de realizar a manutenção preventiva.

Tipos de manutenção corretiva de equipamentos

A manutenção corretiva de equipamentos, incluindo os hospitalares, pode ser categorizada de várias maneiras. Porém, a classificação mais comum é de cinco tipos diferentes, conforme o Manual de Engenharia da manutenção do Exército dos EUA:

  • Reparo de falha: é o tipo de manutenção que restaura o ativo com falha ao seu funcionamento operacional;
  • Revisão: é quanto o equipamento é restaurado ao seu modo de funcionamento completo, conforme os padrões de capacidade de serviço. Nesse caso, os ativos são inspecionados e reparados conforme a necessidade apresentada;
  • Resgate: consiste em descarte os materiais e peças que não podem ser reparados e utilizar materiais recuperados de equipamentos irreparáveis;
  • Manutenção: é realizada através de uma ação corretiva como soldagem, reabastecimento, troca de fluidos, etc;
  • Reconstrução: é o tipo de manutenção que remonta um ativo ao ponto mais próximo dos padrões originais em termos de desempenho, aparência e expectativa de vida. Esse formato inclui a desmontagem de peças, o exame delas e o conserto de componentes que tenham sofrido desgaste. Além da substituição daqueles que não estão em funcionamento de acordo com as especificações originais do fabricante.

Geralmente, essas categorias se subdividem em duas classes principais, que são:

  • Manutenção corretiva não programada (imediata)

São as ações de reparo executadas imediatamente após a falha do equipamentos. Nesse caso, as panes são consideradas críticas que as ações de correção devem ser feitas imediatamente.

  • Manutenção corretiva planejada (diferida)

Aqui, a aplicação das ações de reparo, apesar de necessárias, podem ser adiadas e programadas para uma data posterior. Isso pode ser ocorre por conta de um orçamento, equipe ou tempo limitados. Em alguns casos, o reparo também pode exigir serviços técnicos mais especializados que a instituição precisa terceirizar.

Vantagens de aplicação da manutenção corretiva

Especialistas indicam que a manutenção corretiva não deve ser o principal modelo utilizado. Principalmente em hospitais e clínicas, contar com a aplicação de ações para corrigir falhas após uma pane pode representar uma série de riscos.

Contudo, quando um ativo tem uma importância limitada, os custos de conserto somente ao apresentar defeito podem ser bem menores do que mantê-lo no planejamento de manutenção preditiva.

Desse modo, para equipamentos que não são tão essenciais para o andamento dos trabalhos e não envolvem grandes riscos, a abordagem reativa pode ser bastante vantajosa. Vejamos, portanto, algumas das principais vantagens desse tipo de aplicação:

Benefícios para a instituição

Custos menores no curto prazo: por conta da natureza reativa, são poucos os custos administrativos ou financeiros envolvidos até que um ativo apresente problemas. Ou seja, à medida que os equipamentos permanecem em funcionamento, nada será gasto.

Necessidade de planejamento mínimo: o plano de manutenção é fundamental dentro de uma instituição hospitalar. Todavia, a manutenção corretiva é voltada para ações direcionadas a componentes mais específicos, seja em instalações ou dispositivos com defeito. Portanto, o planejamento é menos complexo e mais limitado.

Processos simplificados: a aplicação dos procedimentos de manutenção ocorre de maneira mais simples, e ação só acontece a partir da ocorrência de algum tipo de falha ou problema.

Apesar de muitos profissionais da área técnica não considerarem as vantagens da manutenção corretiva, é importante saber que, para casos específicos, sua aplicação não somente é aconselhável, como bastante importante e eficaz.

Isso porque, em determinados momentos, a quantidade de recursos financeiros e tempo empregados nas estratégias de manutenção preventiva serão maiores do que os custos de parada e reparo da ação corretiva.

No entanto, a equipe de manutenção deverá manter o planejamento e detalhar os casos em que a correção é mais recomendada que a prevenção, a fim de evitar maiores perdas.

Benefícios para o paciente

A manutenção corretiva, quando bem planejada e executada, traz benefícios também ao paciente. Afinal, ele é quem fica mais vulnerável com a indisponibilidade de um equipamento ou sistema.

Assim, com a garantia de que os equipamentos estão checados e de que o plano de manutenção está ocorrendo de maneira contínua, a equipe de profissionais pode atuar com mais segurança.

Consequentemente, a qualidade do trabalho se reflete no atendimento aos pacientes, que ganham pela eficiência e pela redução dos riscos de interrupção ou atrasos no tratamento.

Melhores estratégias de aplicação da manutenção para correção de falhas

A aplicação da manutenção corretiva requer algumas estratégias para otimizar os processos e tornar o trabalho menos complexo e oneroso. Tudo começa com a definição do quanto ela será aplicada e em quais equipamentos. Definir essas regras faz parte do plano de manutenção que já citamos.

Digamos que a manutenção corretiva é uma alternativa mais viável para equipamentos com nível de criticidade C, que são:

  • equipamentos que não causam problemas de segurança ou danos ao meio-ambiente quando falham;
  • não interrompem o processo de produção;
  • não interferem na qualidade dos serviços ou produtos;
  • o custo do reparo é igual ou menor que 10% do custo mensal da manutenção;
  • existem equipamentos reserva ou sobressalentes para substituição do ativo parado.

Um estratégia para a quantidade de aplicação da manutenção corretiva é calcular a força de trabalho empregada. Por exemplo, se a quantidade total de homem-hora empregada ao fim do mês para os serviços de manutenção for de 1000 homem-hora, é possível dedicar 10% disso para a manutenção corretiva, ou seja, um total 100 horas/mês.

Entretanto, existem outras estratégias que incluem a simplificação dos processos de relatórios através de ações como:

  • rastreabilidade de equipamentos como alternativa para solicitação de manutenção;
  • ajuste dos fluxos de trabalho através da implementação de Procedimento Operacional padrão (POP);
  • gerenciar agendamentos e processos por meio de softwares de gestão;
  • adequar os canais de comunicação.

É fato que a manutenção corretiva jamais poderá ser eliminada da instituição. Porém, existem maneiras de otimizar os recursos e garantir o melhor desempenho do trabalho da equipe, especialmente para que as ações corretivas de emergência sejam reduzidas, e a ação proativa garanta o funcionamento mais adequado das atividades.

Agora que você já sabe mais sobre a manutenção corretiva, saiba por que investir na manutenção preditiva de equipamentos hospitalares.

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.