Publicado em 30 setembro 2020 | Atualizado em 31 agosto 2020

Nanotecnologia na saúde tem se tornado um assunto de ampla discussão no meio. Especialmente, por conta dos avanços da tecnologia que têm garantido versatilidade em suas aplicações. Recentes estudos, inclusive, apontam o seu uso estratégico no combate à Covid-19.

Em escala global, os investimentos em nanotecnologia estão estimados em US$ 250 bilhões — só EUA e China injetam cerca de US$ 2 bilhões, cada — em pesquisas e aplicações práticas da tecnologia.

Resultado direto desse aporte bilionário se reflete nas cerca de 200 empresas que trabalham com pesquisas sobre a nanotecnologia, atualmente. Vale destacar que, dessas, 27% do total investido é direcionado aos cuidados à saúde. Portanto, tais medidas aplicadas na medicina podem ser potencializadas com novas abordagens, métodos e, sobretudo, soluções tecnológicas para termos uma resposta cada vez mais imediata — e efetiva — em tratamentos.

O que é a nanotecnologia?

Embora tenha diversificada aplicação na medicina, a nanotecnologia é também uma solução funcional para outros setores da sociedade, como a área de cosméticos, segurança da informação, energia e meio ambiente, entre outros.

Tudo isso, porque seu estudo teórico contempla a manipulação e o controle de partículas minúsculas —o prefixo nano, do grego, significa “anão” e corresponde à bilionésima parte de uma unidade de medida —, tão pequenas que sequer são percebidas a olho nu.
Essas pequeninas partes são conhecidas como nanopartículas.

Na prática, cientistas observam que uma tecnologia assim tem aplicações múltiplas, como nos cuidados à saúde, permitindo nova luz às medidas preventivas e também de tratamento de muitas enfermidades.

Como a nanotecnologia tem sido aplicada nos cuidados à saúde?

Desde o uso estratégico na produção de medicamentos ao tratamento de câncer e outros males, a nanotecnologia na saúde tem aplicações interessantes que expandem os horizontes para o futuro.

Abaixo, listamos algumas das áreas cujos estudos e aplicações práticas já estão se mostrando frutíferas.

Medicamentos e drogas

Uma reportagem de 2016 da revista NanoBiotech News atestou que haviam mais de 100 drogas e medicamentos em elaboração a partir dessa tecnologia.

No ano seguinte, quase metade do total havia sido aprovado para comercialização. E ficou comprovado que, nessas situações, a nanotecnologia reduzia o nível de toxicidade dos componentes usados nesses remédios.

Drug Delivery

O termo é usado para destacar o transporte dos componentes medicinais ao órgão ou parte do corpo desejados sem que eles percam o efeito e a potência e eficácia ao longo do trajeto.

Detecção de doenças causadas por vírus

Focando nos cuidados à saúde, a tecnologia também tem sido considerada na medicina diagnóstica. Isso porque, em escala nanométrica, os elementos podem apresentar propriedades distintas. Assim, novos equipamentos prometem a detecção de vírus específicos em questão de segundos.

A mesma aplicação tem sido considerada, inclusive, na detecção positiva — ou negativa — do vírus HIV. Os resultados aparecem em menos de uma hora e já está em fase final de elaboração para sua futura comercialização.

São grandes transformações, portanto, que podem mudar o trabalho de gestão hospitalar. Entretanto, vale mencionar o valor disso para a melhor distribuição do tempo de trabalho dos funcionários, tornando-o mais produtivo e eficiente.

Tratamento de câncer

Um trabalho interessante promovido por uma equipe internacional de investigadores da RMIT University tem dado esperanças a um tratamento menos invasivo contra o câncer. Não limitando-se às cirurgias e uso moderado de radiação e quimioterapia, a nanotecnologia pode ser um novo elemento para atuar diretamente nas células cancerígenas.

Por consequência, o corpo é menos agredido, bem como os efeitos colaterais podem ser menores.

Tratamento de AVC

De carona no uso idealizado para o tratamento contra o câncer, a nanotecnologia na saúde pode ser planejada para a desobstrução de coágulos sanguíneos no cérebro de maneira menos invasiva.

Ainda em fase de estudos, a ideia consiste em agregar chances maiores de cura e também de promover menos desconforto aos pacientes em substituição ao tratamento atual.

Engenharia de tecidos

O Brasil tem se apoiado bastante na aplicação da tecnologia nessa área, que consiste na reconstrução de tecidos humanos. A nanotecnologia, aqui, pode ajudar tanto no desenvolvimento natural de determinados tecidos ou, até mesmo, no auxílio à construção de alternativas sintéticas. Dessa maneira, o risco de rejeição pelo organismo é menor.

Diagnóstico ultrassensível

Por fim, as nanopartículas têm sido pensadas nos cuidados à saúde para oferecer um monitoramento, em tempo real, de diversos indicadores, como:

  • taxas de colesterol elevadas;
  • quantidade de glóbulos brancos ou hemácias.

Entre outros dados que podem favorecer um diagnóstico rápido e sensível — bem como o apontamento de riscos de pacientes desenvolverem doenças relacionadas à sua herança genética.

Quais são os impactos positivos em utilizar a tecnologia?

A nanotecnologia na saúde tem facilitado a descoberta de perspectivas inovadoras, por mais que muitas delas estejam em estágios iniciais ou avançados de estudo. Ainda assim, podemos observar alguns aspectos positivos de sua implementação que tanto tem encantado diversos profissionais da área, como:

  • rapidez na realização de procedimentos;
  • agilidade e eficácia na medicina diagnóstica;
  • aprimoramento na qualidade de exames de imagem;
  • promoção de ações e tratamentos menos invasivos e mais precisos;
  • redução da necessidade em consumir medicamentos.

Entretanto, é de se considerar os contrapontos de tantos deslumbramentos com relação ao uso da nanotecnologia na saúde.

Existem desafios na utilização da nanotecnologia?

Se, por um lado, a nanotecnologia na saúde tem superado fronteiras até então intransponíveis, alguns desafios se projetam no horizonte em curto e médio prazos. Entre eles, podemos destacar os seguintes:

  • riscos para os pulmões dos pacientes, caso as nanopartículas sejam inaladas;
  • a toxicidade das nanopartículas caso sejam ingeridas;
  • a questão da biodegradação das nanopartículas no ambiente celular, uma vez que isso pode acarretar mudanças em nível intracelular e, por consequência, causar alterações nos genes;
  • com o tempo, os pacientes podem tornarem-se resistentes a esse tipo de tecnologia, como resposta do próprio organismo;
  • regulamentação e burocracias em decorrência do uso da nanotecnologia na saúde.

Com esses obstáculos no caminho, a ciência tem se equilibrado para acumular os benefícios já citados, e tantos outros vindouros, a fim de tornar os cuidados à saúde cada vez mais alinhados à tecnologia.

Quais são as perspectivas para aplicações na saúde humana?

O futuro — mesmo com essa balança de benefícios e riscos ainda desequilibrada — promete inovações múltiplas com o uso da nanotecnologia. Por isso, vale a pena manter um olhar atento ao que os cientistas têm desenvolvido e idealizado a fim de tornar a tecnologia cada vez mais funcional, revolucionária e segura, acima de tudo.

Como o assunto é tecnologia, então, que tal aprofundarmos nessa questão? Agora que você já entendeu um pouco a respeito da teoria e aplicações da nanotecnologia, convidamos você a ler também sobre o uso do Big Data no setor da saúde!

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.