Ao redor do mundo, a receita digital e a prescrição eletrônica já são parte da nossa realidade. Na Dinamarca, por exemplo, a primeira é usada desde a década de 1990. E, nos EUA, sua aplicação é legalizada em todos os estados do país desde 2007 — com previsão de chegar a um investimento tecnológico acumulado de US$ 7,76 bilhões até o ano de 2027.
O Brasil não avançou na mesma velocidade, mas a pandemia do coronavírus promoveu uma revolução na prescrição eletrônica e também na receita. Além da autorização da prática da telemedicina em todas as áreas da saúde, durante o período, a receita digital foi validada.
Como resultado, observou-se um aumento de quase 1000% no volume de médicos cadastrados na plataforma Memed, bem como na emissão da prescrição eletrônica — em 2019, foram 5 milhões de receitas geradas. No primeiro trimestre de 2020, a plataforma identificou um volume 60% maior comparado ao mesmo período do ano anterior.
Mais que uma conveniência, a receita digital consolida-se como uma alternativa sólida para o momento e para o futuro, agregando valor à rotina do profissional de saúde e também para a experiência do paciente.
O que é a receita digital?
Resumidamente, a receita digital tem todos os elementos do documento físico, seguindo os requisitos da legislação sanitária vigente. Nela, deve constar a assinatura do médico com certificado digital ICP-Brasil.
Gerada digitalmente, a receita digital pode ser acessada pelo paciente via internet, não havendo a necessidade de ter o documento impresso para adquirir os medicamentos. Após a validação do farmacêutico, a compra é aprovada.
Importante diferenciar, contudo, a receita digital (ou prescrição eletrônica) de uma receita digitalizada. A primeira, como vimos, é inteiramente gerada por meios eletrônicos, como um software específicos e medidas digitais de validação. O segundo é apenas a digitalização (como o escaneamento ou impressão) da receita física. Essa, inclusive, não conta com a aprovação de uso segundo os órgãos de saúde.
É uma solução segura?
É comum que as pessoas questionem a segurança a partir da transição de modelos físicos e analógicos para os moldes digitais. Mas a versão on-line da receita médica é protegida por camadas de proteção virtual.
Uma delas, já citada, é a assinatura eletrônica do profissional de saúde. Essa não pode ser falsificada e vai passar pela validação do farmacêutico. Além disso, um QR Code é gerado no momento da emissão do documento digital, o que também inviabiliza a sua falsificação.
Uma vez finalizado o processo, a receita digital é emitida em um arquivo em formato PDF.
Além disso, outros pontos são abordados na prescrição eletrônica e visam garantir não só a sua legalidade, mas a segurança e privacidade das informações contidas no documento — e que garantam a proteção do profissional da saúde e também do paciente, como:
- garantia do consentimento e anonimato dos dados;
- auditoria sobre os dados emitidos.
Esse aspecto é de responsabilidade da plataforma digital escolhida pelos profissionais da área. Portanto, são questões obrigatórias do setor e que reforçam a segurança no uso e aplicação da receita digital no país.
Além disso, a receita digital faz coro a outras tecnologias que já permitem muito mais agilidade e precisão no trabalho dos profissionais do setor, como é o caso do Business Intelligence.
Quais são os benefícios em usar a receita digital?
Se você acha que a receita digital tem sido pouco divulgada, aí vai um dado interessante. No Brasil, existem quase 90 mil farmácias, e já são pouco mais de 20 mil estabelecimentos que aceitam documentos on-line como a prescrição eletrônica.
Essa abrangência tende a aumentar — especialmente, em decorrência do caráter emergencial estimulado pela pandemia do coronavírus — e vem acompanhada de outros benefícios, dos quais podem promover melhorias na experiência do paciente e na qualificação do trabalho dos profissionais de saúde. Entre eles:
- a receita digital ajuda a reduzir custos para os profissionais do setor, que acumulam um custo médio e anual de R$ 500 para a manutenção do receituário físico;
- o médico adquire mais agilidade para organizar-se, emitir e documentar os arquivos gerados — mais um passo na direção do hospital conectado por meio da tecnologia;
- a experiência do paciente é enriquecida, uma vez que ele não precisa mais deslocar-se para buscar a receita física — basta solicitar e receber o arquivo digitalmente, de acordo com as suas necessidades;
- é uma solução imediata, já que a prescrição eletrônica já está valendo segundo autorização legal — embora não seja uma medida obrigatória para os órgãos e profissionais de saúde;
- a mesma certificação eletrônica que o profissional de saúde possui pode ser usada para outros fins, como a aplicação em prontuários eletrônicos.
Dá para perceber então, que a burocracia é reduzida e a agilidade no processo é qualificada. Algo que melhora não só a experiência do paciente, mas também a rotina dos profissionais de saúde.
Como o acesso à receita digital muda a experiência do paciente?
Nos casos de atendimento à distância, o médico deve criar a receita digital na plataforma de sua preferência — seja por computador ou dispositivos móveis, como smartphone e tablet) e enviar o documento digital para o paciente. Isso pode ser feito de diferentes maneiras, como via e-mail, SMS ou mesmo por meio de aplicativos de mensagens instantâneas.
Em seguida, o paciente pode apresentar a receita digital ao farmacêutico diretamente pela tela do seu celular ou, até mesmo, encaminhá-la ao profissional para a verificação e validação do documento. Logo, é uma solução de grande valia para a experiência do paciente, como vimos.
Mas vale destacar, ainda, que a receita digital pode ser usada para a prescrição do seguintes medicamentos:
- antimicrobianos;
- medicamentos com substâncias listadas nos itens das listas C1 e C5 e também nos respectivos adendos das listas A1, A2 e B1 segundo a Portaria nº 344/ 1998 da Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde.
Como resultado, a experiência do paciente é ainda mais perceptível, já que o alinhamento de suas demandas ocorre em larga amplitude para o uso da prescrição eletrônica.
Assim sendo, as pessoas se deslocam menos, em busca de novos medicamentos, podem resolver boa parte de suas pendências burocráticas com o médico à distância e ganham um excelente aliado tecnológico para agregar mais conveniência e comodidade ao seu dia a dia.
Sem falar nas já mencionadas camadas de proteção e segurança, que servem também para o aprimoramento da experiência do paciente a partir desse cuidado à integridade da sua privacidade.
E os requisitos exigidos para o profissional de saúde?
Por outro lado, o processo de obtenção do certificado digital faz-se necessário para os profissionais interessados em emitir a receita digital para os seus pacientes.
O primeiro passo, portanto, consiste na obtenção da assinatura eletrônica que é emitida pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil). Em seguida, uma lista com quase 20 Autoridades Certificadoras (AC) deve ser analisada pelo profissional, a fim de decidir-se pela melhor alternativa e seguir com os processos de cadastro para começar a oferecer essa tendência global em tecnologia na saúde.
Ou seja: é uma solução imediata para o setor. O uso da receita digital tem tudo para ser fortalecido, durante a pandemia, e com potencial para vigorar como uma alternativa envolta em inovação para o setor como um todo. E, como esse é o assunto do post, veja como algo similar já tem sido utilizado — com importantes resultados positivos — a partir de outro artigo nosso.
Para saber mais a respeito, dê uma conferida no quanto o prontuário eletrônico tem garantido mais agilidade e eficiência no atendimento do paciente!