Na corrida pela vacina da COVID-19, duas farmacêuticas estão desafiando a gestão da cadeia do frio em diversos países, incluindo o Brasil. Os imunizantes produzidos pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna, que apresentam condições especiais de armazenamento, são apontados como uma oportunidade de revolucionar o sistema de refrigeração utilizado atualmente.
Essa mudança significativa, apesar de despender um grande investimento em equipamentos para os governos, também será muito útil futuramente. Contudo, tamanha inovação gera incertezas e pode tornar o processo de vacinação mais demorado.
No caso da Pfizer, sua vacina é vista como a mais desafiadora, uma vez que precisa ser mantida a -70°C no longo prazo. Porém, a empresa já se posicionou sobre como pode auxiliar no processo e projetou uma embalagem que acondiciona as doses e as mantém ultra refrigeradas com gelo seco.
Desse modo, a vacina pode ter seu armazenamento fora de freezers especiais por algumas semanas. Essa foi a maneira encontrada pela farmacêutica para facilitar o transporte. Mas também para dar aos países que estão adquirindo o imunizante um tempo a mais para se adequar à necessidade de atualizar os equipamentos e a cadeia do frio como um todo.
Já a vacina da Moderna, apesar de também exigir um armazenamento a longo prazo um pouco fora do padrão, pode ser mais facilmente adequada. Sua temperatura de congelamento é de -20ºC, modo que deve ser mantido por até seis meses. Entretanto, essa temperatura é alcançada por freezers comuns, dispensando a necessidade de equipamentos específicos.
Outro facilitador é que, ao ser descongelada para uso, pode ser guardada em geladeira de vacinas tradicionais, onde suporta uma temperatura de 2ºC a 8ºC por até 30 dias.
Afinal, por que essas vacinas precisam de alta refrigeração?
A questão que envolve a necessidade de armazenamento sob ultra refrigeração está na abordagem usada para o desenvolvimento destas duas vacinas. Ambas usam a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), que transforma as células de um paciente de modo que estas produzam uma proteína específica do vírus.
Assim, essa proteína é capaz de desencadear a resposta imunológica necessária, pois age como se houvesse uma infecção real. E apesar de que o funcionamento básico de resposta imune ser igual ao das vacinas mais comuns, o mRNA pode ser facilmente destruído, pois existem diversas enzimas capazes de quebrá-lo. Daí a necessidade de congelamento para proteger a substância, garantindo sua durabilidade e eficácia.
Para cientistas e pesquisadores da área, a vacina de RNA pode significar um grande avanço na produção de imunizantes e no combate a doenças emergentes. Contudo, por ser uma tecnologia totalmente nova, até então a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, não havia aprovado nenhuma vacina deste tipo.
Por isso, o cuidado redobrado que a vacina baseada em RNA exige tende a fazer com que, finalmente, a atenção se volte para a importância da cadeia do frio. Uma vez que as condições incorretas de temperatura no armazenamento levam à perda de eficácia e, consequentemente, podem gerar perdas financeiras significativas.
Obviamente isso vale para todos os imunizantes e medicamentos termolábeis. Contudo, diante da urgente necessidade de combater a COVID-19 e pôr um fim à pandemia, é nítido que uma quebra da cadeia do frio nessas circunstâncias tem um peso ainda maior.
Afinal, cada dose de vacina possui um valor inestimável, que é o salvamento de uma vida e a garantia de que todo indivíduo imunizado representa a diminuição do contágio.
Quais os desafios da cadeia do frio para medicamentos super refrigerados?
De modo geral, a gestão da cadeia do frio já é um processo desafiador. Em países como o Brasil, onde as áreas rurais são extensas e é preciso alcançar regiões de difícil acesso, a eficiência do plano de logística da vacina contra COVID-19 tem sido amplamente debatido.
Contudo, quando falamos de um cenário global, as dificuldades se apresentam ainda maiores. No momento onde todos os países em cada canto do mundo precisam vacinar seus povos em larga escala, tudo que envolve o armazenamento e a distribuição das vacinas precisa ser encarado como prioridade.
No caso dos imunizantes da Pfizer e Moderna, a adequação da cadeia do frio envolve dois desafios principais. O primeiro deles é o custo elevado dos equipamentos. Isso porque um freezer especial para ultra refrigeração custa em torno de US $20 mil e não é comum fora das instituições acadêmicas e de pesquisa em saúde.
Nesse sentido, em países maiores (e mais pobres), a quantidade de freezers que deve ser adquirida pode representar um entrave significativo para o uso da vacina de mRNA.
Mesmo que alguns municípios já tenham se adiantado de forma independente para a aquisição do equipamento, é certo que a proporção ainda será menor, comparada a uma vacina tradicional.
O outro ponto é tornar a logística eficiente, evitando variações de temperatura e consequente quebra da cadeia do frio. Aqui, a negligência pode ser fatal e representar perdas significativas.
Infelizmente, o Brasil já registrou casos de vacinas que podem ter sido perdidas após uma queda de energia que comprometeu a refrigeração. Isso demonstra que a negligência e a falta de infraestrutura são verdadeiros vilões da saúde.
Como a solução NEXXTO pode ajudar com as vacinas?
Uma vez que a cultura do desperdício precisa ser combatida, as novas vacinas de RNA são um caminho para que mais investimentos sejam realizados. E ainda, para que haja maior conscientização dos profissionais e gestores sobre a importância desse processo.
Dessa forma, buscar tecnologias e soluções que garantam a conformidade da cadeia do frio e, sobretudo, a qualidade da vacina é fundamental.
A Nexxto possui um sistema para controle e monitoramento de temperatura até -80ºC, que é ideal para freezers especiais. Através de pequenos sensores, é possível inspecionar remotamente todo o processo.
Além disso, a solução Nexxto é capaz de emitir alertas em tempo real, de modo que uma possível quebra da cadeia do frio possa ser rapidamente identificada. Isso evita, entre outros problemas, casos como o ocorrido num hospital do Rio de Janeiro.
Portanto, a tecnologia já é uma grande aliada na vacinação contra a COVID-19. Sobretudo porque este é um marco que determinará como a cadeia do frio será tratada daqui por diante, numa escala global. Nos países em desenvolvimento, ela pode significar uma quebra de paradigmas fundamental para romper o ciclo de descaso com a saúde pública, principalmente.
Mas também para que as instituições demonstrem preocupação com a qualidade do serviço prestado e permitam que a população se sinta mais confiante e bem assistida.
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