Publicado em 25 outubro 2019 | Atualizado em 17 junho 2021

As vacinas têm um papel fundamental para a prevenção na área de saúde. Ao longo da história, elas foram importantes para que doenças fossem controladas ou até mesmo eliminadas. Tudo isso já é do conhecimento de quem atua no setor de saúde, mas, dentro desse cenário, é importante abordarmos um outro tópico: a conservação das vacinas.

Estamos vivendo uma época de alerta. Doenças como o sarampo têm voltado a ganhar força e a campanha para vacinação foi divulgada de forma ampla. Mesmo assim, muitas pessoas deixaram de ir em busca da imunização. Na campanha de 2019 na cidade de São Paulo, por exemplo, cerca de 2,1 milhões de jovens não tomaram a vacina.

O incentivo para que a população vá em busca da vacinação é grande. Esse debate se faz necessário em um cenário no qual é fácil encontrar informações falsas sobre o assunto. E se o tópico é vacina, quem atua na área precisa se preocupar em reeducar quem acredita nos dados desleais.

E para “reconquistar” a confiança da população em relação ao assunto, também é preciso garantir que todos os produtos cheguem com qualidade máxima aos pacientes e mostrar isso de forma clara. A conservação adequada das vacinas é um passo que faz toda diferença.

Cuidados na conservação de vacinas

A indústria farmacêutica é responsável por, além da produção das vacinas, o envio para as instituições de saúde que farão uso delas. Os cuidados para esse transporte e até mesmo para o armazenamento feito pelas empresas que vão recebê-las variam de acordo com o produto. Por isso, a primeira regra é simples e geral: é preciso ficar atento às recomendações do fabricante.

Porém, além disso, é possível trazer mais alguns exemplos. Muitas vacinas são termolábeis, ou seja, sensíveis a mudanças de temperatura. E uma coisa é fato: termolábeis injetáveis precisam de acondicionamento em embalagem adequada.

No transporte, caso o percurso for de duração maior do que quatro horas, é necessário um sistema que execute uma medição de temperatura contínua, como determina a RDC nº304/2019. As embalagens são preenchidas com gelo artificial reutilizável congelado para que a refrigeração se mantenha por todo o caminho.

Além disso, durante o armazenamento, esse tipo de vacina precisa ficar em temperaturas entre entre 2°C e 8°C. É essencial entender que mudanças de temperatura, como resfriamento, por exemplo, podem interferir na eficácia das vacinas.

Desperdício de vacinas

Uma das formas mais comuns de ocorrer desperdício de vacinas é quando empresas recebem ou compram em grande quantidade e a população não vai em busca do produto. Também pode ocorrer de quantidade recebida/solicitada ser maior que a necessária. Ao passar do prazo de validade, elas devem ser imediatamente descartadas.

Porém, há pouco tempo atrás, um outro problema também era representativo para que o desperdício acontecesse: a falta de cuidado por parte dos responsáveis no armazenamento e monitoramento. No estudo “Análise da taxa de utilização e perda de vacinas no programa nacional de imunização”, apresentado em 2013 pela Uniandrade, foi possível perceber isso.

Segundo o documento, em um estudo realizado em centros de saúde na região Nordeste, em 75% das unidades de saúde o mapa diário de registro de temperatura tinha valores não indicados pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações). Isso tinha relação direta com falta de infraestrutura básica de saúde e os produtos tiveram de ser descartados.

conservação de vacinas

Conservação de vacinas e a responsabilidade com a vida 

A grande questão sobre a conservação de vacinas é a responsabilidade de quem lida com esse tipo de produto. Uma vacina que passou por algum tipo de problema durante seu processo de transporte, armazenamento ou distribuição pode chegar ao paciente sem eficácia. Em outros casos, podem até gerar efeitos colaterais não esperados.

Instituições de saúde que lidam com injetáveis e se preocupam com a qualidade dos próprios serviços ou até mesmo em inovar processos precisam olhar para dentro. Ou seja, entender essa conservação está sendo feita e o que pode ser melhorado. Isso vale também para outros medicamentos, produtos, insumos e até mesmo equipamentos.

Mais do que evitar desperdícios de produtos, apostar no gerenciamento adequado dos medicamentos é uma forma de inovar dentro do setor e, mais do que isso, poupar vidas. Você reconhece essa importância?

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.