O desperdício de medicamentos, insumos e vacinas feito de maneira fracionada, ao longo do tempo, passa despercebido para muita gente. No entanto, veja a gravidade disso quando não ocorre um bom cuidado.
A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) destaca que existem estudos comparando o elevado custo da área da saúde com o desperdício de medicamentos. Para o órgão, 20% desse custo tem relação com a perda de materiais de todo tipo.
Exemplo disso são as quase 25 mil doses de vacinas que foram desperdiçadas no Espírito Santo e no estado de São Paulo, em 2018. Dois anos antes, no Rio de Janeiro, em 2016, a Secretaria de Saúde incinerou 700 toneladas de medicamentos com o prazo de vencimento expirado.
Em um espectro global, estudos apontam que US$ 15 milhões são desperdiçados com insumos descartados sem sequer terem sido usados. Outro estudo avalia um prejuízo em US$ 2,9 milhões anualmente.
A boa notícia é que existem soluções no horizonte. Muitas delas, já em prática por grandes hospitais — brasileiros, inclusive — como veremos adiante.
Portanto, o desperdício de medicamentos, é um assunto que deve ser levado em consideração pelas instituições. É imprescindível que seja feito um bom planejamento para minimizar a perda de insumos valiosos para a população.
Como evitar a perda de medicamentos e o desperdício de insumos de saúde em geral?
Abaixo, selecionamos algumas das melhores práticas atuais que visam não só minimizar o desperdício de medicamentos, mas agregar otimização ao fluxo de trabalho. Afinal de contas, com organização, atenção aos detalhes e processos alinhados, os erros, prejuízos e descartes ocorrem de maneira mais previsível.
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Faça um mapeamento para encontrar as fontes de desperdício
O primeiro passo consiste em olhar para dentro do seu próprio ambiente. Cheque os registros de pelo menos seis meses atrás, e analise quais foram os desperdícios diagnosticados nesse exercício.
Por exemplo, podem ter sido problemas logísticos, de armazenamento ou ainda, de gestão de estoque.
Um caso emblemático nesse sentido foi amplamente discutido em 2017. À época, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, investiu em duas ferramentas para gerir o estoque com mais qualidade.
Como resultado, a instituição avaliou uma economia de R$ 3 milhões (de R$ 13,4 milhões para R$ 10,2 milhões) entre os meses de abril de 2017 e do ano seguinte.
Existem, então, desperdícios de medicamentos acontecendo a todo instante. É fundamental dar o primeiro passo por meio de uma investigação próxima de todos os setores e etapas do fluxo produtivo para identificar esses gargalos e tomar medidas ágeis e assertivas.
Use tecnologias para monitorar a temperatura de maneira mais eficiente
Quando falamos em insumos, vacinas e medicamentos termolábeis, o problema é ainda mais grave. Afinal de contas, são mudanças sensíveis em índices fundamentais para esses produtos (como a temperatura e a umidade dos ambientes) que podem colocar tudo a perder em instantes.
Recentemente, o estado do Rio Grande do Norte registrou a perda de dez vacinas contra a COVID-19 e colocou sob análise outras 61 por conta de uma oscilação imprevista de temperatura. Mas acontece que esse risco pode ser erradicado de maneira mais prática, conveniente e precisa.
Com soluções digitais de automação, que monitoram a temperatura e a umidade das salas controladas em tempo real, sua equipe não precisa checar constantemente os índices. Caso algo saia do esperado, o próprio sistema notifica os responsáveis, que têm tempo hábil para avaliar os motivos para essa mudança e também para definir tomadas de decisão corretas.
A Nexxto, inclusive, conta com uma solução focada exclusivamente no monitoramento de temperatura e umidade. E que certamente pode ser de grande ajuda para reduzir o desperdício de medicamentos no seu negócio.
Conte com o auxílio de um sistema de verificação de validade dos insumos
Por falar em tendências em tecnologia, já existem sistemas que permitem o cadastro de produtos com base na data de validade de cada um dos insumos registrados.
Assim, nenhum desperdício mais vai ocorrer porque o sistema alerta os responsáveis quando determinado prazo de validade estiver se aproximando. Como resultado, esses mesmos produtos podem ser usados antes de outros, cujas datas de expiração estão mais distantes.
A Universidade do Kansas teve uma experiência com esse tipo de solução e avaliou uma redução de 7% em desperdício de medicamentos, mês a mês, e um total de 32,2% de redução de perdas ao longo do primeiro ano. Além de um aumento de 56% na eficiência dos seus funcionários que cuidavam dos insumos, já que esse cuidado de acompanhar as datas passou a ser automatizado.
Desenvolver cultura de zero tolerância com desperdício
Tirando da frente o auxílio tecnológico, por alguns instantes, é válido também reunir-se com a sua equipe para implementar uma cultura de zero tolerância contra o desperdício de medicamentos e de insumos e vacinas.
Um exemplo: em vez de pegar materiais além do necessário para uma cirurgia e descartar todos (mesmo os que não foram usados) após a realização do procedimento, é possível fazer diferente. Armazenar esses insumos em uma área próxima à realização da cirurgia e abrir apenas os produtos realmente necessários, com antecedência, são meios de otimizar a utilização deles.
E de reduzir os desperdícios e prejuízos. Mas isso é uma mudança de pensamento que deve ser discutida de maneira que exista um equilíbrio para que nenhum paciente perca tempo de atendimento porque não há materiais suficientes para o procedimento dele.
Ainda no que diz respeito ao uso excessivo de itens, que tal rever a política de compra de insumos? Quer dizer: seu local de trabalho tende a ter muito mais produtos do que o necessário? Porque isso pode ser revisto, fazendo com que as compras fiquem mais alinhadas com a sua real demanda.
Isso evita que medicamentos ultrapassem o prazo de validade e facilita a organização dos locais onde os insumos, vacinas e outros remédios ficam armazenados.
Seja transparente com os funcionários
Esteja você em uma clínica, laboratório ou hospital, o desperdício de medicamentos pode ocorrer porque os colaboradores não têm ideia do impacto de suas ações. Por isso, convém capacitá-los a respeito do assunto, para que eles percebam o prejuízo causado com o descarte inconsequente de materiais e o quanto isso afeta a qualidade no atendimento e cuidado aos pacientes.
Vale apontar, também, o peso dos produtos despejados no meio ambiente. Com o tema da sustentabilidade mais presente em nossas rotinas, e com o cuidado especial para o descarte correto de insumos e outros materiais do setor da saúde, é ainda mais importante ter consciência dessa atividade.
Especialmente, porque no geral são medidas que se cruzam e interligam-se, mas que têm em comum os mesmos fatores causadores do desperdício de medicamentos. Portanto, com um trabalho dedicado é possível reduzir gradualmente esse problema e garantir uma eficiência maior no seu estabelecimento.
Quer saber mais sobre o assunto? Então, confira mais sobre a logística hospitalar e o gerenciamento estratégico de medicamentos e insumos de saúde!