Publicado em 7 janeiro 2021 | Atualizado em 6 janeiro 2021

A integração EHR faz parte do grande impacto de novas tecnologias ao redor do mundo. Só em 2019, houve um investimento de US$ 5,8 bilhões em soluções digitais na área da saúde. Muitas delas, focadas no cuidado do paciente.

As projeções até 2024, por exemplo, indicam um crescimento de mercado na casa de US$ 379 bilhões. Isso inclui o uso associado do Prontuário Eletrônico Universal (ou apenas EHR, sigla em inglês para Electronic Health Record), que tem se apresentado como o ponto referencial para soluções atuais. É o caso da análise de dados, do machine learning e da análise preditiva por meio de informações digitais, entre outras.

Sem falar que o estudo anual Future Health Index apresentou um índice interessante, no qual mostrou que os países que investem na integração EHR têm uma Medida de Valor maior (47.29 contra 26.71, do índice brasileiro). Em contrapartida, registrou-se que apenas 51% dos profissionais de saúde, no Brasil, sentem-se seguros com o uso de novas tecnologias em suas respectivas áreas de atuação na saúde.

Então, ao falarmos desse tipo de solução para melhorar a experiência do paciente temos que entender não só as boas práticas dessa tecnologia, mas dos desafios que o país enfrenta para inseri-la de vez na sua rotina.

O uso da integração EHR na área da saúde

Considerada uma tecnologia de ponta para o cuidado eficiente do paciente, a integração EHR contribui com a organização do fluxo de dados gerado. Com isso, permite aos enfermeiros e médicos mais agilidade e precisão na tomada de decisão. Alguns exemplos de dados que favorecem esse trabalho:

  • diagnósticos;
  • resultados de exames;
  • tratamentos;
  • histórico médico;
  • imagens;
  • relatórios e pesquisas.

Entretanto, o volume de dados gerados e compilados podem colocar em segundo plano quem realmente importa nessa equação: o paciente. Por isso, empresas estão se debruçando sobre soluções para tornar o uso da integração EHR mais objetiva, segura e assertiva.

Desafios na integração do EHR

Primeiramente, vale lembrar que existe uma barreira legal que impede o uso desenfreado de dados do paciente. Afinal de contas, lá constam informações particulares que devem ser consentidas antes de compartilhadas digitalmente.

Outro ponto de atenção diz respeito a uma abordagem consistente de compliance desses dados. É importante que todo sistema que se apoie na integração EHR se desenvolva de maneira uniforme e padronizada.

Além disso, cabe a consideração de um princípio que coloque essas informações sempre ao alcance do paciente, quando necessário para uma nova consulta ou tratamento, por exemplo.

Desafios técnicos e administrativos

Paralelamente, podemos observar os obstáculos no uso da integração EHR sob outros prismas. Os desafios técnicos, por exemplo, se concentram no problema já citado em ter um sistema que compile, organize e dialogue em tempo real com o maciço volume de dados.

Para tanto, especialistas têm apontado a importância de APIs para garantir que as informações certas sejam disponibilizadas corretamente diante do acesso de diferentes telas, garantindo precisão ao que é buscado.

E, é claro, isso também envolve a segurança fortalecida no intercâmbio de dados entre diferentes estabelecimentos de saúde.

No campo administrativo, os desafios em utilizar a integração EHR se concentram em:

  • limitações contratuais em integrações de dados com diferentes plataformas e também em aplicações dos dados para diversas finalidades;
  • a privacidade do paciente deve ser mantida — ainda que o compartilhamento de dados seja consentido;
  • boas práticas regulatórias que sirvam para todos. Para isso, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/18) é um bom ponto de partida para o setor.

Por outro lado, pode-se ver que são desafios cujas soluções começam a despontar. Daí, vale a pena saber como o mercado tecnológico e a área da saúde estão se mobilizando para investir mais na integração EHR.

O caminho para o sucesso da integração EHR

Existem três pilares considerados fundamentais para uma implementação efetiva da tecnologia, que são:

  • padrão, que, como já mencionado, prega uma uniformidade no intercâmbio seguro de dados e que também responda a um sistema padronizado independentemente da solução utilizada;
  • integração funcional mesmo com o uso de diferentes tecnologias;
  • desenvolvimento de casos específicos para a integração EHR.

Para esse último pilar, os dados integrados podem ser usados de maneiras distintas e todas elas estratégicas e com efeitos positivos. Por exemplo: na organização de uma lista prioritária para o atendimento de pacientes ou na compilação de tratamentos efetivos, no passado, para condições ainda pouco conhecidas.

Ou seja: há como criar uma comunicação inteiramente estabelecida no cuidado do paciente. Basta, para isso, encontrar os alinhamentos legais e padronizados para que a tecnologia alcance mais dados de maneira legal, ética e segura para o aprimoramento do setor como um todo.

Passo a passo para integrar a solução à rotina da sua equipe

Para ter uma implementação também rápida e segura, vale a pena ficar de olho nessas dicas!

Pesquisa

Pesquise sobre as melhores soluções do mercado e como cada uma delas pode atender às suas necessidades e objetivos, especificamente. Teste, também, os produtos para entender como eles vão se alinhar à sua realidade.

Planejamento

Planeje bastante a implementação. Não faça isso da noite para o dia. Comece reunindo-se com as pessoas que vão utilizar a integração EHR e explique, passo a passo, tudo o que vai envolver essa transição. Em seguida, treine, capacite e dê um tempo de adaptação aos profissionais antes de implementar de vez a solução.

Delegue

Delegue os responsáveis por essa transição e trabalho. Assim, o trabalho é dividido harmoniosamente e nenhum colaborador é sobrecarregado.

Teste

Deixe que o período de testes exponha eventuais dificuldades. Com isso, aproveite para resolvê-las e garantir total eficiência no momento da implementação definitiva.

Forme parcerias

Converse com a fornecedora da solução e solicite um treinamento. Esse acompanhamento de perto vai extrair o melhor do produto e garantir uma absorção rápida e eficaz dos seus profissionais.

A importância da interoperabilidade

Por fim, vale falar sobre a interoperabilidade, mais um ponto-chave na discussão deste artigo sobre a integração EHR. Tudo porque o conceito, segundo o ONC (Office of the National Coordinator for Health Information Technology), é definido pela “habilidade de um sistema em trocar e utilizar informações digitais do setor da saúde sem o intermédio do usuário”.

Em outras palavras, é um elo que encadeia os desafios com uma solução prática para integrar os dados de maneira automatizada.

Vale destacar que a solução pode ser aplicada em outros setores além da saúde, mas os avanços nesse segmento crescem exponencialmente na busca, no recebimento, no envio e na integração de informações.

Nos Estados Unidos, por exemplo, já se percebe um desenvolvimento nesse tipo de aplicação. Em 2015, cerca de 90% dos hospitais do país já possuíam capacidade para a troca e a integração de dados.

No Brasil, que realiza 120 milhões de procedimentos médicos anualmente, esse mesmo potencial suprido pode trazer muitos benefícios — alguns deles, nós discutimos nesse conteúdo.

Entretanto, o país ainda esbarra em pormenores para colocar em prática a ideia: em 2019, foram investidos R$ 57 milhões em supercomputadores para integrar os dados do setor, mas esse valor ainda não foi aplicado na prática.

Por isso, ainda que a integração EHR seja um norte muito bem definido como o futuro sustentável da área da saúde, o cuidado com o paciente por meio dessa tecnologia ainda precisa ser analisado para garantir os seus benefícios.

No entanto, enquanto isso há mais que pode ser feito para melhorar a experiência dos seus pacientes.

Para isso, aproveite para dar uma conferida em nosso artigo que explora 5 estratégias para otimizar o fluxo de pacientes no hospital!

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.