Publicado em 16 dezembro 2020 | Atualizado em 14 dezembro 2020

Em 2020, as expectativas de crescimento da inteligência artificial eram de 54%. Isso alcançaria a cifra de US$ 22,6 bilhões em investimentos nesse tipo de tecnologia. Mas a associação combinada de processamento e interpretação de dados também tem participado ativamente do desenvolvimento do setor da saúde.

Bom exemplo disso é que, até 2025, o uso da inteligência artificial no setor foi avaliado em quase US$ 26,6 milhões. E foi projetado que a tecnologia pode proporcionar uma economia de até US$ 150 bilhões, anualmente, quando trabalhada pelas empresas do setor.

Fora que, economicamente e de maneira global, os números impressionam ainda mais. Uma pesquisa de 2018 apontou que a tecnologia responderia por 26,1% do PIB da China, 14,5% do índice na América do Norte e de 13,6% dos países que formam a União Europeia. Até 2030, o uso da IA pode melhorar o PIB global em 12,5%, dos quais 5,5% correspondem aos ganhos associados à produtividade, e os outros 7% na melhoria de serviços e produtos usados com ela.

Não à toa, gigantes corporativas — como a Apple, a Microsoft e o Facebook, entre outras — já estão de olho em aplicações para a inteligência artificial. Carros que dirigem sozinhos são um bom exemplo, assim como as soluções focadas na área da saúde que veremos ao longo deste post.

Esse crescimento todo, portanto, tem se justificado e vai cada vez mais na contramão do que pregavam as manchetes pessimistas: a inteligência artificial não chegou para afastar a mão de obra humana. Portanto, a tecnologia e a capacidade analítica das pessoas vão trabalhar em conjunto nos próximos anos.

O crescimento da inteligência artificial no setor da saúde

Por meio da compilação e da análise automatizada de dados, a inteligência artificial permite diversas possibilidades. Por exemplo: novas interpretações, análises e até mesmo soluções para situações e problemas médicos — independentemente da sua complexidade.

Vale saber, ainda, que o uso dessa tecnologia está em franco crescimento. Tanto em investimentos, como vimos acima, quanto em aplicações. Bom exemplo disso foi o anúncio de uma plataforma, em março de 2019, que pode ajudar a medicina diagnóstica a antecipar a identificação de câncer nos pacientes.

Isso se deve à utilização de registros alimentados no sistema cujos algoritmos da inteligência artificial começam a identificar padrões. Tudo de maneira incrivelmente rápida e precisa.

E, como o nome dessa solução promete, é capaz de “aprender” com os dados analisados. Isso enriquece o conhecimento da comunidade científica, que ganha confiabilidade e agilidade na tomada de decisão.

Sem falar que isso pode favorecer estabelecimentos com escassez de mão de obra. O crescimento dessa solução na comunidade médica pode ajudar locais como a Índia, por exemplo. Lá, já existe a dificuldade em suprir a média de um profissional de saúde para cada 1.000 habitantes.

Com os benefícios e aplicações da inteligência artificial, esse e qualquer outro déficit similar pode ser solucionado ou, ao menos, minimizado.

As atuais aplicações da inteligência artificial

No setor da saúde, o crescimento da tecnologia pode ser observado a partir das aplicações já em prática e também nas projeções para a sua utilização. Veja alguns exemplos!

Medicina diagnóstica

A inteligência artificial pode servir para uma análise mais ampla e capaz de identificar padrões e similaridades em casos de pacientes, ao redor do mundo, de maneira automatizada.

Como resultado, médicos têm uma base completa de registros e situações já ocorridas. O que facilita o trabalho deles de identificar doenças específicas — como sintomas em comum que podem levar a um diagnóstico preciso e veloz.

É um bom exemplo, inclusive, do conceito de saúde 4.0 que tem se apoiado cada vez mais em soluções tecnológicas. Tudo para melhorar a experiência do paciente e a própria medicina. Para saber mais, veja o nosso post sobre o assunto!

Medicamentos

A indústria farmacêutica já tem usado esse tipo de solução para comparar dados e, assim, reduzir o ciclo que envolve todo o processo de descoberta e produção de novos medicamentos.

Testes clínicos

Imagine o quanto a medicina pode se beneficiar com o uso da inteligência artificial para a condução de testes e pesquisas? Os dados alimentados no sistema podem integrar outras informações e favorecer uma resposta quase imediata. Sem falar que torna-a mais precisa do que a análise de dados feita offline.

Controle da dor

Similar à realidade aumentada, a realidade virtual é outra solução já presente na medicina. E, com o uso associado à inteligência artificial, profissionais da área da saúde planejam simular realidades que ajudem a distrair os pacientes de suas dores.

Outro exemplo desta aplicação tem sido considerado, inclusive, para o controle de abstinência ocasionada pela falta de opioides no organismo.

Experiência do paciente

Um exemplo recente de utilização da inteligência artificial na saúde vem da Amazon, acredite: a Alexa (uma assistente virtual) foi programada para melhorar a experiência do paciente — especialmente, aqueles em recuperação em casa. Para isso, ela serve como uma espécie de enfermeira para pacientes crônicos.

Por meio dela, o paciente é lembrado do horário de tomar remédios. Ou, ainda, tem as suas condições ideais de saúde aferidas e monitoradas. Em situações de risco, ela pode conectar o paciente com o seu contato de emergência.

Gestão da informação

Módulos de educação — alimentados pelos médicos ou por usuários na internet em busca de informações sobre suas condições de saúde — têm sido planejados com a inteligência artificial.

Com ela, os dados se transformam em insights e oportunidades para reduzir o tempo de atendimento. Algo que pode ser presencial ou à distância, e agrega mais controle e qualidade ao trabalho do médico.

Gestão corporativa

Com base no exemplo acima, as clínicas, laboratórios e hospitais se beneficiam por adquirir mais velocidade na tomada de decisão. Isso qualifica o atendimento, reduz o tempo dedicado para cada paciente e pode melhorar, quantitativa e qualitativamente, o trabalho no seu estabelecimento.

Cirurgias

Com a compilação e análise de dados automatizada, a medicina tem mais poder de identificação sobre procedimentos que reduzam os riscos, em determinadas cirurgias. E também do tempo de recuperação dos pacientes.

Monitoramento de pacientes

Sistemas inteligentes e integrados podem notificar enfermeiros sobre alterações variadas nos pacientes com base em padrões previamente estabelecidos. Mas, inclusive, é possível receber notificações de pacientes que se levantaram dos seus leitos e quanto tempo ficaram ausentes.

Servindo assim, para cada vez mais ter dados precisos que auxiliem na tomada de decisão dos médicos, seja na recuperação ou na qualidade do tratamento realizado.

Casos recentes que evidenciam o crescimento da tecnologia no país

Temos dois exemplos que podem dar uma boa perspectiva para você sobre como a inteligência artificial tem sido usada aqui no Brasil.

O primeiro deles ocorreu com a FIDI (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem). A empresa desenvolveu um projeto amparado por essa tecnologia para identificar lesões em tomografias e também para organizar e priorizar os laudos e atendimentos dessa organização, que é a responsável por gerir sistemas de diagnóstico por imagem em pouco mais de 80 unidades da rede pública de saúde.

Tem, também, o Hospital do Câncer de Barretos, que buscou o auxílio da tecnologia para priorizar atendimentos de seus pacientes com base no registro deles. Tudo isso, de maneira rápida, precisa e automatizada a partir dos dados alimentados no sistema do hospital.

Deu para perceber que o crescimento da inteligência artificial pode ser mais uma maneira de agregar ferramentas para uma verdadeira revolução na medicina, não é mesmo? E já estamos dando passos largos nessa direção.

Para entender melhor isso, dê uma conferida em nosso artigo que destaca a ascensão da telemedicina e as perspectivas de sua aplicação no futuro pós Covid-19!

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.