Publicado em 6 julho 2021 | Atualizado em 4 maio 2021

Um artigo publicado no site Scielo comparou as taxas de infecção do sítio cirúrgico após a implantação do checklist de segurança proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O resultado da pesquisa demonstrou uma redução significativa, pois a taxa de infecção em cirurgia limpa caiu de 4.17% para 1.10% após a adequação ao protocolo.

No entanto, mesmo que os centros cirúrgicos sejam considerados cenários de alto risco, todas as intercorrências associadas a esses procedimentos podem ser evitadas. Nessa perspectiva, vamos apresentar as diretrizes mais relevantes para prevenir infecções nesse ambiente, segundo as recomendações da OMS.

Ainda, confira a importância de adotar tais medidas e conheça os benefícios que a atenção a essas diretrizes representam para o paciente e as instituições de saúde. Acompanhe!

Por que é importante prevenir infecção do sítio cirúrgico?

Ed Kelley, diretor do Departamento de Prestação de Serviços e Segurança da OMS, defende a aplicação dessas diretrizes como uma estratégia para minimizar os prejuízos.

Sob essa ótica, o diretor afirma que, “com as novas diretrizes, as equipes cirúrgicas podem reduzir danos e melhorar a qualidade de vida, pois milhões de pacientes são acometidos por infecção do sítio cirúrgico todos os anos.”

Nessa conjectura, listamos algumas das razões que justificam o fomento a tais práticas nas instituições hospitalares. Veja quais são!

Setor de alto risco de infecção

Entre todos os protocolos necessários à segurança da unidade hospitalar, a atenção aos processos voltados para a redução dos riscos de contaminação no centro cirúrgico é prioridade.

Tal conduta é primordial à prevenção de infecção, visto que é nesse local que são realizados os procedimentos invasivos e mais susceptíveis à ação de diferentes patógenos.

Logo, a adequação às medidas propostas pela OMS objetivam tornar os procedimentos diagnósticos, terapêuticos e anestésico-cirúrgicos mais seguros.

Independentemente de sua natureza — eletiva ou emergencial — tais procedimentos exigem o uso de tecnologias de alta precisão e que estejam em consonância com as suas peculiaridades.

Dinâmica de trabalho estressante

Nesse contexto, pode-se inferir que a rotina de um centro cirúrgico é bem complexa, interdisciplinar e sujeita a eventuais erros na atuação de alguns profissionais.

Tanto no trabalho individual como em equipe, o setor é marcado por uma dinâmica estressante, o que sugere a implementação de ações mais favoráveis à redução dessas falhas.

Necessidade de maior conscientização dos danos

Nos últimos anos, a OMS tem proposto medidas que objetivam despertar a conscientização profissional em relação aos problemas que mais desafiam o setor de saúde.

Assim, para mais segurança na prática cirúrgica, exige-se o fomento de ações mais eficazes com vistas à indução de boas práticas assistenciais em todas as etapas do processo.

Nessa perspectiva, o ideal é promover o alinhamento das equipes com as tendências do mercado da saúde. Logo, estimular a compreensão da importância do cumprimento dos protocolos da OMS é um dos passos cruciais à proteção dos riscos no sítio cirúrgico.

Segundo a OMS, quais evidências embasam as recomendações?

Em primeiro plano, infere-se que as Diretrizes Globais para a Prevenção da Infecção do Sítio Cirúrgico — ou Global Guidelines for the Prevention of Surgical Site Infection — foram elaboradas por uma equipe de especialistas com expertise na análise de mecanismos que podem prevenir a infecção do sítio cirúrgico.

Para tanto, o seleto grupo elaborou 29 recomendações claras e objetivas para serem aplicadas nos procedimentos pré, intra e pós-operatório. Além disso, quando analisadas em separado, percebe-se uma maior cadência dos passos que devem ser aplicados de forma ordenada e criteriosa.

Entretanto, vale ressaltar que as recomendações são válidas para todos os países. Contudo, tais diretrizes precisam ser avaliadas conforme a realidade local, e assim, proceder a adaptação delas sem prejuízos para a instituição ou para o paciente.

De acordo com a OMS, a elaboração de documentos assim objetiva complementar a lista de verificação da segurança dos procedimentos cirúrgicos.

Além disso, o órgão afirma que as evidências usadas como pilares dessas recomendações foram criteriosamente analisadas.

A base utilizada foi a metodologia GRADE (Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation), que classifica as medidas para diminuir a infecção do sítio cirúrgico em alta, moderado, baixa ou muito baixa.

Portanto, se bem implantadas, novas diretrizes proporcionarão excelentes vantagens para a organização, profissionais e pacientes.

Entre as mais relevantes destacam-se a redução de danos à saúde, a diminuição de custos e a limitação da propagação de agentes bacterianos resistentes.

Quais são as principais diretrizes da OMS?

A meta da OMS é que tais medidas forneçam uma gama de recomendações para intervenções que reduzam o risco de infecção do sítio cirúrgico durante os períodos pré, intra e pós-operatório.

Primeiramente, listamos as medidas para a fase preparatória da cirurgia. Em seguida, apresentamos as recomendações da etapa intra-operatória, e por fim, as diretrizes da OMS para o período pós-operatório. Confira!

Pré-operatório

  • o paciente deve tomar banho antes da cirurgia. A sugestão é ele utilize um sabão simples ou antimicrobiano;
  • recomenda-se o uso de pomada de mupirocina a 2% com ou sem a combinação de lavagem corporal com clorexidina aos pacientes que serão submetidos a cirurgia cardiotorácica ou ortopédica;
  • de acordo com o tipo de cirurgia, a administração de profilaxia antibiótica antes da cirurgia ajuda a evitar infecção do sítio cirúrgico;
  • não se deve fazer tricotomia nas salas de cirurgia em pacientes submetidos a qualquer procedimento cirúrgico. Quando absolutamente necessário, pelos e cabelos devem ser removidos apenas com máquinas de cortar;
  • não se deve fazer tricotomia nas salas de cirurgia em pacientes submetidos a qualquer procedimento cirúrgico. Quando absolutamente necessário, pelos e cabelos devem ser removidos apenas com máquinas de cortar;
  • recomenda-se o uso de soluções antissépticas alcoólicas — baseadas em gluconato de clorexidina — para a preparação da pele do sítio cirúrgico de todos os pacientes que serão submetidos a cirurgias;
  • não se deve utilizar selantes antimicrobianos após a preparação da pele nos pacientes do sítio cirúrgico;
  • a preparação das mãos para a cirurgia é essencial: recomenda-se sabonete antimicrobiano apropriado e água ou lavagem com escova adequada à base de álcool antes de colocar luvas estéreis.

Intra-operatório

  • recomenda-se a administração de fórmulas nutricionais orais ou entéricas reforçadas com múltiplos nutrientes em pacientes com baixo peso que passarão por grandes cirurgias;
  • a OMS sugere não interromper medicações imunossupressoras antes da cirurgia com a finalidade de prevenir infecção do sítio cirúrgico;
  • recomenda-se o uso de dispositivos de aquecimento na sala de cirurgia e durante o procedimento cirúrgico para o aquecimento do corpo do paciente;
  • para prevenir infecção, podem ser usados tanto campos estéreis de tecido reutilizáveis quanto campos estéreis descartáveis que não sejam de tecido, assim como aventais cirúrgicos;
  • o uso de campos fenestrados adesivos de plástico com ou sem propriedades antimicrobianas não são recomendados;
  • recomenda-se o uso de dispositivos de proteção de feridas em cirurgias abdominais potencialmente contaminadas, contaminadas e infectadas a fim de prevenir infecção do sítio cirúrgico;
  • a OMS sugere o uso de terapia profilática com pressão negativa em pacientes adultos em incisões cirúrgicas com fechamento primário, desde que sejam feridas de alto risco;
  • não é recomendado o uso de sistemas de ventilação com fluxo de ar laminar para a procedimentos de cirurgia de artroplastia total.

Pós-operatório

  • não é recomendado o prolongamento da administração de profilaxia antibiótica cirúrgica após a conclusão do procedimento;
  • não se deve usar qualquer tipo de curativo avançado ao invés de um curativo padrão sobre feridas cirúrgicas com fechamento primário;
  • a profilaxia antibiótica perioperatória não deve ser continuada na presença de um dreno na ferida;
  • quando clinicamente indicado, recomenda-se a remoção do dreno da ferida.

Em vias gerais, a cultura da segurança do paciente envolve diferentes critérios atrelados a valores, atitudes, normas, estratégias, práticas, políticas e comportamentos.

Portanto, as diretrizes da OMS objetivam não apenas a redução dos danos nos eventos cirúrgicos, mas a reflexão sobre a importância da adequação às propostas do órgão.

Por fim, ao implementar as recomendações para prevenir infecção do sítio cirúrgico, os profissionais da saúde têm a oportunidade de melhorar o cuidado assistencial e a qualidade dos serviços.

Além disso, a adoção dessas medidas possibilita a substituição do sentimento de culpa quanto aos erros eventualmente cometidos pela oportunidade de um aprendizado constante.

Gostou do conteúdo? Aproveite e conheça também os 6 protocolos do programa nacional de segurança do paciente!

h

Redação Nexxto

Time de Marketing

O time de Marketing da Nexxto é responsável por sempre trazer os melhores conteúdos do setor de saúde para você.