Publicado em 23 julho 2020 | Atualizado em 16 fevereiro 2021

A transformação digital no setor de saúde ocorre cada vez mais rápido e de forma mais abrangente. E entre tantas tecnologias e recursos, o Big Data representa um importante aliado para os gestores.

Isso porque a quantidade de dados gerados na área da saúde é cada vez maior, com volumes exponenciais. Só para se ter ideia, um estudo realizado pela IBM projeta para o setor de saúde a geração de 25 mil petabytes de informação.

Para entender esse volume, os computadores vendidos atualmente possuem, em média, 1 terabyte de capacidade de armazenamento. Sendo que cada petabyte corresponde a 1024 terabytes.

Ou seja, é um volume de dados extremamente grandioso, que está 5000% acima do que foi gerado pelo setor de saúde nos últimos oito anos.

No entanto, é fundamental lembrar que, ao tratar de Big Data, não estamos falando apenas de quantidade, mas de qualidade. Dados devem ser tratados, analisados e só então disponibilizados para uso.

E na saúde, mais do que em qualquer outra área, são muitos os mecanismos capazes de gerar e absorver informação. Porém, é preciso ter em mãos as ferramentas adequadas para transformar grandes volumes de dados em informações úteis.

O que é Big Data e quais benefícios para a área da saúde?

O termo Big Data se refere ao grande volume de dados, estruturados ou não, gerados diariamente nas empresas e organizações. Além disso, está relacionado também à gestão dessas informações e seu impacto nos negócios.

No entanto, para que o uso de dados seja feito de forma eficiente, são necessárias soluções específicas que auxiliem os profissionais de TI. Isso é necessário para definir estratégias em várias áreas, gerando benefícios para a instituição.

Nesse sentido, as ferramentas de Big Data possibilitam aumentar a produtividade, reduzir custos e facilitar a tomada de decisão. Tudo isso resulta em negócios mais inteligentes e, no setor de saúde, em mais qualidade na prestação do serviço.

Todavia, o que ainda engatinha no Brasil, já está sendo aplicado na Europa e Estados Unidos há alguns anos. Um artigo publicado na revista Forbes em 2017 mostrou como hospitais de Paris, na França, testaram o Big Data para implementação do Machine Learning.

Como resultado de 10 anos de registros de internações, os dados foram reunidos, analisados e sistematizados para prever taxas de admissão. Com a relação de informações sobre dia, hora e número de paciente recebidos, foi possível implantar recursos de maneira mais eficiente e melhorar o atendimento nas internações.

Assim, pode-se afirmar que o mais importante com relação ao Big Data é como as instituições utilizam esses dados, e nem tanto a
quantia coletada. Especialmente em relação à saúde da população, essa tecnologia pode representar os seguintes benefícios:

  • prevenção de epidemias;
  • desenvolvimento de tratamento e cura de doenças;
  • cuidado preventivo;
  • diagnósticos precoces;
  • melhora da qualidade vida.

Fontes de dados na saúde

O imenso volume de informações recebidas pelo setor de saúde se origina de diversas fontes, muitas delas relacionadas a outras tecnologias. São bancos de dados públicos e privados, redes sociais, arquivos internos, prontuários eletrônicos, aplicativos e dispositivos de IoT.

A partir dessas fontes de informação, são gerados os seguintes tipos de dados:

  • Pessoais: informações relacionadas ao paciente como nome, CPF, RG, sexo, data de nascimento, filiação, endereço etc;
  • Clínicos: coletados a partir da anamnese, são dados pré-diagnósticos que incluem hábitos de risco, histórico de doença familiar, medicações tomadas, vacinações, alergias, entre outros;
  • De exames: informações obtidas a partir da realização de exames de imagem, laboratório e vários outros;
  • E procedimentos: internações, cirurgias, intervenções, tempos de internação, estadia em UTI etc.

Entretanto, de nada adianta apenas acumular esses dados. Tais informações tornam-se preciosas a partir da análise e direcionamento das informações. Com isso, é possível que médicos entendam mais sobre cada paciente, observem sinais de doenças e atuem de maneira mais ágil em diagnósticos preventivos.

Além do mais, o gerenciamento das informações do paciente permite que os planos de saúde forneçam serviços personalizados. E também que os governos possam desenvolver tratamentos mais avançados.

Desafios na gestão: como otimizar os recursos de Big Data?

Os principais desafios na implementação dos recursos de Big Data no setor de saúde são a classificação e priorização das informações. Afinal, como entender quais dados são mais ou menos relevantes?

Por isso, é fundamental que sejam adotadas estratégias e ferramentas de Big Data Analytics. Portanto, os investimentos em tecnologia são primordiais para o aproveitamento desses recursos.

Outro ponto importante está ligado à segurança de dados do paciente. Principalmente com o advento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que impacta diretamente o setor de saúde.

Assim também, garantir que o acesso à análise e insights de Big Data seja fornecido às pessoas certas é igualmente desafiador. Pois disso depende o trabalho correto e o melhor aproveitamento das informações.

Afinal, mesmo que os dados em saúde sejam obtidos em diversas fontes e sistemas, é imprescindível que as instituições se organizem para que os profissionais de TI tenham acesso abrangente e irrestrito a todas as informações.

Desse modo, a complexidade que envolve a área da saúde – consequentemente o Big Data relativo a esse setor – precisa receber um tratamento que descomplique os processos e facilite a tomada de decisão.

Aplicações do Big Data no setor de saúde

Em toda a área da saúde, nos mais diferentes setores, é possível aplicar recursos de Big Data. Seja para o gerenciamento de
ativos, controle de admissão ou prevenção e diagnóstico.

Todavia, algumas aplicações em assistência médica são mais expressivas e podem significar um enorme avanço para o setor de saúde. Vejamos alguns exemplos:

Rastreamento em saúde

Junto com a Internet das Coisas, o Big Data atua no rastreamento de dados vitais do paciente. Isso é possível através dos dispositivos mais conhecidos, capazes de registrar dados de sono, freqüência cardíaca, exercício etc. Além dos monitores de pressão, de glicose e oxímetros, capazes de armazenar informações e repassá-las ao médico.

Esse tipo de recurso permite que as instituições de saúde possam manter pessoas em tratamento fora do hospital. Dessa forma, podem identificar problemas de saúde e dar a assistência necessária antes de um agravo da situação.

Assistência ao paciente

Com todos os registros digitalizados e armazenados em nuvem, os dados de pacientes poderão ser acessados para identificar a recorrência das internações e seus problemas crônicos.

Para aqueles considerados de alto risco, o melhor entendimento de suas necessidades resultará num de atendimento mais eficaz. Logo, será possível oferecer tratamento personalizado e haverá uma redução nas visitas ao hospital.

Prevenção de falhas

Ao utilizar ferramentas de Big Data para análise de dados do paciente, erros de prescrição podem ser evitados ou reduzidos. Esse é um tipo de falha comum observado entre os profissionais de saúde.

Mas através dos recursos tecnológicos certos, é possível encontrar maneiras de sinalizar equívocos que podem resultar em danos à saúde do paciente e refletir tanto na conduta do profissional quanto na imagem da instituição.

Redução de custos

A gestão dos recursos no setor de saúde é um grande desafio a ser enfrentado, mas que tende a ser minimizado com o uso do Big Data.

Isso é possível através da análise preditiva, que prevê taxas de admissão e readmissão e ajuda na alocação de pessoal. Desse modo, se reduz os gastos e se distribui os investimentos de modo mais equilibrado.

Além disso, as operadoras de seguro e planos de saúde também são beneficiados, e podem apoiar o uso de wearables e rastreadores para garantir que os pacientes não fiquem internados além do tempo necessário.

Como resultado, há uma diminuição no tempo de espera pelos pacientes, uma vez que o hospital contará com leitos e equipes disponíveis mais adequadamente.

Avanço nas pesquisas em saúde

O avanço da ciência e da tecnologia no setor de saúde encontra no Big Data um grande aliado. Conforme a Inteligência Artificial vai se expandindo, ela poderá ser usada para acessar em poucos segundos uma vasta quantidade de dados.

Ao passo que esse tipo de recurso já se encontra em andamento, sua crescente aplicação servirá para encontrar soluções e tratamentos de várias doenças. Desde já, isso é possível através de informações coletadas pelo Big Data.

E a sua instituição de saúde, já está adotando novas tecnologias?

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.