Publicado em 27 abril 2021 | Atualizado em 22 abril 2021

Com bastante espaço na área da saúde, como um todo, a engenharia biomédica tem agregado muito à qualidade de vida do paciente por meio de soluções alinhadas às atuais necessidades de hospitais, clínicas e também na indústria.

Por exemplo, esse tipo de profissional está habilitado a fabricar e lidar com a manutenção de máquinas, dispositivos e sistemas do setor da saúde. Além disso, é um especialista que pode pesquisar novas tecnologias aplicáveis e desenvolvê-las. E também envolver-se com a gestão da tecnologia clínica e hospitalar.

Algo de grande valor, então, para um segmento que já fatura US$ 2,3 bilhões por ano, no país, com a produção de 11 mil produtos, aproximadamente, distribuídos em mais de 500 empresas.

Do planejamento à operação, portanto, a engenharia biomédica é um pilar fundamental para aplicar os conhecimentos do ramo às necessidades da medicina.

Qual é a importância da engenharia biomédica na saúde?

Temos, no Brasil, 6,6 mil hospitais e 23 mil centros de saúde. Isso corresponde a um total de 527 mil leitos hospitalares e, em um contexto de suprimento da demanda, calcula-se a necessidade de quase 1,5 mil profissionais de engenharia biomédica.

Isso porque, um setor tão extenso e diversificado quanto o da saúde permite que esse especialista trabalhe de diferentes maneiras com a tecnologia. Ele pode empreender soluções de reabilitação, como as cadeiras de rodas motorizadas ou as grandes tendências no desenvolvimento de próteses.

O mesmo tem sido considerado para a idealização de novos equipamentos digitais de monitoramento do paciente e também do ambiente. É o caso do sistema de controle de temperatura e umidade dos locais.

Entretanto, é inegável que algumas das principais atuações do engenheiro biomédico têm se concentrado na promoção de mais qualidade de vida para o paciente. Veja alguns exemplos disso, logo abaixo:

  • desenvolvimento de órgãos internos artificiais;
  • colaboração no suporte técnico para promover a segurança e eficácia dos equipamentos usados com os pacientes;
  • treinamento para o uso correto, promovendo o atendimento ao paciente;
  • desenvolvimento e utilização de softwares que melhorem a análise de dados dos pacientes.

Ou seja: são situações que têm crescido em paralelo ao advento tecnológico, inclusive. Não à toa, explica-se em grande parte a atenção dada a esse ramo profissional, ultimamente, e que ainda se desdobra em outros meios.

Biomecatrônica

Meio de atuação em que dispositivos, plataformas e equipamentos podem auxiliar o paciente — ou mesmo ser usado por ele. Tudo isso para melhorar a qualidade de vida de quem sofre com algum tipo de necessidade especial.

Engenharia de tecidos

Área ainda em estágios embrionários de pesquisa, mas com grande interesse da comunidade científica. Aqui, estamos falando da utilização da engenharia biomédica para a composição de tecidos sintéticos capazes de contribuir com a reabilitação de pacientes que sofreram graves queimaduras, por exemplo.

Qual a relação entre a cibersegurança e a engenharia biomédica?

Complementarmente, dá para falar um pouco a respeito da cibersegurança. Afinal de contas, a engenharia biomédica tem se apoiado no armazenamento e na compilação de muitos dados do paciente. Pois é a partir daí que pesquisas robustas podem ser conduzidas, com resultados mais sólidos.

Para tanto, reside aqui o desafio de garantir a privacidade do indivíduo e também essas informações digitais em segurança. Um dado relevante é que temos, por meio da conectividade causada pela Internet das Coisas, entre 15 e 20 dispositivos conectados entre si ou com outras fontes em um simples leito de hospital. Ou seja, muita informação convergente ou divergente, mas que deve ser tratada de maneira ética, transparente e objetiva.

A cibersegurança e a IoT (sigla para Internet of Things) também se aliam com a engenharia biomédica para gerir inventários. Por meio da automatização é possível identificar uma série de fatores, como os dispositivos disponíveis para uso, a relevância de cada equipamento em um hospital e a recorrência de utilização deles.

O mesmo vale para o setor de qualidade das instituições de saúde, uma vez que os dados compilados estabelecem um panorama do ciclo de vida de cada maquinário usado. Isso, por consequência, cria um alinhamento que poupa recursos (em tempo e dinheiro) dos profissionais para programar manutenções preventivas desses dispositivos.

Inclusive, temos alguns bons exemplos dessa aplicação, e focada no combate à pandemia causada pelo coronavírus.

Como o setor tem se desenvolvido atualmente contra a Covid-19?

Além dos destaques mencionados acima, a engenharia biomédica avança como um bem-estar social. E não faltam aplicações dos seus conhecimentos para dar respaldo a essa afirmação.

É o caso de um estudo publicado na revista Research on Biomedical Engineering. Nele, alguns tratamentos foram apontados, inclusive, no combate à Covid-19, como a terapia de oxigênio. Trata-se de usar a oxigenoterapia para lidar com a hipoxemia — quando a concentração de O2 está abaixo de 85 a 100 mmHg no sangue arterial. Esse cuidado ao paciente foi levantado para dar suporte respiratório e sintomático.

Outro exemplo é a aplicação da posição prona auxiliando aos pacientes vítimas de Covid-19. Tudo porque dados analisados, na coleta de pacientes em estados médios e graves, apontaram o seguinte: a posição prona melhorou a oximetria deles (a saturação de oxigênio no sangue) em questão de minutos.

Outro estudo à base de tratamentos não-farmacológicos para a melhor qualidade de vida do paciente teve a ver com a infusão intravenosa. Durante a pandemia, até 80% das pessoas que são hospitalizadas recebem terapia intravenosa, em determinado ponto da internação. E estudos de dados também mostraram melhora no combate a infecções quando realizada a infusão intravenosa precoce de imunoglobulina.

Vale ainda destacar três soluções que vieram a partir da aplicação prática da engenharia biomédica!

Imunoterapia passiva

Já usada para o tratamento clínico de doenças infecciosas, a imunoterapia passiva consiste em coletar o sangue de doadores já imunizados e injetá-los em outras pessoas.

Como o momento do combate à Covid-19 ainda necessita de alternativas para criar defesas orgânicas contra o vírus, o tratamento passou a ser visto como um bom candidato. Inclusive, estudos desse tipo já têm sido conduzidos pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

Células-tronco

As pesquisas com células-tronco avançaram no combate à pandemia do coronavírus e no controle de doenças imunológicas em geral. Tudo por conta das capacidades regenerativas e anti-inflamatórias dessas células, que têm sido consideradas para a redução da progressão de casos graves da doença.

No teste, 24 pacientes com síndrome da angústia respiratória aguda receberam duas infusões de células-tronco mesenquimais ou um placebo. Um estudo duplo-cego que, em um mês, gerou uma taxa de sobrevivência em 85% dos pacientes que receberam as infusões de células-tronco — em comparação aos 42% de sobreviventes no grupo que recebeu placebo.

Ventiladores pulmonares

Por fim, um projeto de ventiladores pulmonares — capitaneado pelo professor Jurandir Nadal, do Programa de Engenharia Biomédica (PEB) da UFRJ — tem gerado um interessante burburinho positivo na linha de defesa contra a Covid-19.

Por meio de um profundo trabalho de pesquisa e aplicações da engenharia biomédica, o projeto tem mostrado a possibilidade de desenvolver ventiladores por menos de R$ 1.000.

Como efeito comparativo: atualmente, esse produto tem um custo médio estimado entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. Algo que pode mudar por completo o acesso à saúde para o trato do paciente com síndromes respiratórias causadas pela doença.

Contudo, vale apontar que ainda são necessários passos cruciais para a comercialização deste item inovador no tratamento do paciente — como aspectos regulatórios e de metrologia científica para colocar os ventiladores em produção em escala comercial —, mas já é mais uma grande notícia que se ampara nos pilares desse tipo de especialização na área médica, tecnológica e de engenharia.

Então, é seguro dizer que a engenharia biomédica está atravessando um momento de amplitude e diversificação — qualidades das quais já têm apresentado vantagens exclusivas na proposta de mais qualidade de vida ao paciente.

Se você se interessou pelos benefícios que um engenheiro biomédico pode trazer à sociedade, também pode querer saber mais sobre a profissão do engenheiro clínico. Confira nosso artigo!

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Redação Nexxto

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