Publicado em 31 março 2021 | Atualizado em 30 março 2021

O reposicionamento dos fármacos não é algo novo na medicina, mas a presença da inteligência artificial pode causar uma verdadeira revolução nessa prática.

Anos atrás, a técnica serviu para descobrir, entre outros exemplos, que a toxina botulínica (o Botox) oferecia um impacto melhor em procedimentos estéticos do que no tratamento do estrabismo. Agora, a tecnologia pode facilitar esse cruzamento de informações — inclusive, na própria fase de produção de medicamentos.

Isso tem sido aplicado, na prática, na busca por tratamentos promissores contra a Covid-19. Algo que pode ser feito com mais economia, agilidade e precisão na tomada de decisões.

Exemplo recente pôde ser observado em Ohio, nos EUA, onde cientistas da universidade do estado têm observado como a inteligência artificial analisa a base de dados de milhares de pacientes. Buscando compreender os impactos de cada medicamento tomado por eles. E, cruzando as informações para identificar possíveis novos tratamentos e usos dos remédios no combate a outras doenças.

O impacto da inteligência artificial em novas análises de tratamentos

De carona no exemplo acima, outro estudo despertou a atenção da comunidade científica, publicado na revista Nature. A partir da compilação dos dados de mais de um milhão de pacientes com doenças cardíacas e uma ampla bibliografia farmacêutica, a tecnologia analisou novos tratamentos contra essas enfermidades e apontou alguns remédios que poderiam ser utilizados.

Desses, três já eram usados contra insuficiência cardíaca e outros dois (originalmente, usados no combate à depressão e contra o diabetes) estão em fase preliminar de análise para verificar a sua real eficácia.

De imediato, já podemos perceber a velocidade acelerada para novas sugestões e possibilidades. Em média, a produção de medicamentos gira em torno de um ciclo de dez anos — desde a sua descoberta à comercialização —, com custos elevadíssimos na casa dos US$ 10 milhões.

Imagine a redução exponencial que a tecnologia pode agregar ao setor? A IBM, de olho nos benefícios da inteligência artificial, também deu um passo adiante nesse assunto, tendo lançado recentemente o RoboRXN for Chemistry, que tem sido usado para automatizar a produção de moléculas e encurtar o tempo de execução de novas substâncias com o menor contato humano possível.

Em tempos de isolamento social em decorrência da pandemia do coronavírus, os recursos de automatização e de cruzamento de dados dessa solução podem ajudar a agregar mais eficácia, economia e agilidade na produção de medicamentos.

As empresas em favor do uso dessa tecnologia

Outras ações têm sido bastante consideradas para o uso da inteligência artificial. Veja alguns exemplos, abaixo:

  • tem a BASF, que fez parceria com uma startup (Nuritas) e contribuiu com a descoberta de um peptídeo que reduz inflamações — feito a partir de ingredientes naturais encontrados no arroz integral;
  • por sua vez, a Nestlé — que não é uma empresa farmacêutica — também se alinhou a empresas de tecnologia para identificar novas descobertas de peptídeos terapêuticos em alimentos;
  • a Pfizer fez uniu ao Concerto HealthAI a fim de identificar novas abordagens contra tumores sólidos e neoplasias hematológicas;
  • já a Roche, em um trabalho próximo com a tecnologia da IBM, tem cruzado informações digitais no mundo inteiro para aprender como prever a doença renal crônica em pacientes diabéticos.

Entre outros exemplos que apenas têm reforçado o valor da inteligência artificial não só na produção de medicamentos, mas também em etapas anteriores e posteriores ao desenvolvimento deles.

O acesso a esses recursos tecnológicos

A saúde 4.0 — a integração cada vez mais intensa entre a tecnologia e o conhecimento humano — está bem fundamentada na rotina da área, atualmente. No Brasil, gestores municipais, estaduais e federais já têm acesso a uma plataforma de Inteligência de Negócios e Inteligência Artificial. Conhecida como Bnafar (Base Nacional de Dados de Ações e Serviços da Assistência Farmacêutica), usada pelo SUS.

Além disso, o Ministério da Saúde também tem a sua plataforma de integração de dados de sistemas gerenciadores da assistência farmacêutica. Com ela, uma série de dados é trocada com frequência em boa parte dos estados do país.

Apontando assim, informações variadas sobre o estoque e também a respeito da entrada e saída e da dispensação de medicamentos. Isso permite, por exemplo, que o desabastecimento de medicamentos e a perda por vencimento não ocorram com frequência.

Existe, contudo, um certo desafio em implementar isso de maneira escalonável no país. E trata-se do atraso do Brasil em implementar o uso de novas tecnologias, como é o caso da inteligência artificial.

Isso cria gargalos na base de dados para apontar, de maneira nacional, respostas completas sobre determinados assuntos. Mas resultados impactantes, como os que vimos ao longo do artigo, podem servir de inspiração para que a produção de medicamentos. Além da análise preditiva e os insights de novos tratamentos sejam considerados de maneira uniforme no país.

A adequação da medicina à inteligência artificial

Entre as soluções consideradas para o uso expressivo e diversificado desse tipo de tecnologia é possível citar a aproximação dos profissionais de saúde com o assunto em si. Afinal, seus trabalhos amparados por novas tecnologias vão exigir mais conhecimentos técnicos. Relacionados ao uso dos produtos e também para a compilação e análise de dados.

E isso vale não apenas na produção de medicamentos. A inteligência artificial é também reconhecida por sua utilização:

  • na análise de dados dos pacientes;
  • ao oferecer agilidade e precisão em resultados e diagnósticos;
  • no aprimoramento de intervenções médicas (um uso popular disso é a orientação que a tecnologia traz para delimitar a área do corpo que vai ser impactada com radiação em tratamentos oncológicos);
  • na engenharia genética (que já fez sucesso mundial, por exemplo, com a clonagem da ovelha Dolly);
  • para o cuidado dos pacientes, otimizando o uso de leitos, entre outros indicadores hospitalares, ou mesmo priorizando casos de atendimento em clínicas e nos hospitais;
  • em questões de automonitoramento da saúde.

Dessa maneira, podemos observar que a inteligência artificial caminha a passos largos rumo a uma nova revolução no mercado. Mas ela não é a única tecnologia que o setor da saúde pode se apoiar para transformar-se de maneira positiva e impactante.

Então, se você se interessou pelo conteúdo, veja nosso panorama completo sobre a transformação digital no setor de saúde e a realidade brasileira!

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Redação Nexxto

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