Publicado em 23 abril 2020 | Atualizado em 24 junho 2020

A evolução da IoT (Internet das Coisas) e sua extensão na área da saúde por meio da IoMT (Internet das Coisas Médicas) vem revolucionando o setor. Com tecnologias disruptivas, diagnósticos estão ocorrendo em tempo real e os tratamentos são cada vez mais eficientes.

Além do aspecto revolucionário que a tecnologia representa para a saúde, há também o lado financeiro que deve movimentar. Dados de um relatório publicado pela Grande View Research ainda em 2016 apontou que o mercado de IoMT deve chegar ao valor de US$ 409,9 bilhões até 2022.

Tais informações comprovam que a tecnologia na área da saúde tem gerado bastante interesse tanto nos cuidados à vida, bem como no aspecto econômico. E diante de todo esse interesse, é natural que frequentemente novidades surjam no cuidado de pacientes e na melhoria dos diagnósticos.

O IoMT pode ser o grande diferencial para nossas comunidades abordarem um sistema de saúde sobrecarregado que só estará sob mais estresse à medida que nossa população continuar envelhecendo. Até 2025, 1,2 bilhão dos 8 bilhões de pessoas na Terra serão idosos — equivalente à população da Índia.

Os idosos tendem a ter mais problemas de saúde, aumentando os custos. Assim, à medida que a expectativa de vida aumenta, espera-se que os custos com saúde sigam o exemplo.

Mas o que é a IoMT?

A Internet das Coisas (IoT) é um termo usado para desenvolver e definir dispositivos que estejam conectados à internet. E que tenham poder de comunicação, seja para envio ou recebimento de mensagens. Ou seja, entre as principais características da IoT está a troca de informações. Melhorando a performance de determinado sistema e maximizando a conectividade entre máquina e pessoas.

Esse é um conceito bastante usado e que está intimamente relacionado às empresas e sua maximização da produção, por meio da melhoria de resultados e receitas. Já no ambiente da saúde, a IoT surge como um novo nome e uma nova especificação.

A Internet das Coisas Médicas, ou IoMT é uma evolução desse conceito de IoT, e que tem uma suas aplicações no setor da saúde. O objetivo central é oferecer um tratamento especializado. Orientado por dados gerados por meio de dispositivos conectados no suporte à vida de pacientes e demais equipamentos de assistência médica.

Ela utiliza as mais variadas formas de tecnologia para auxiliar a área da saúde, seja por meio de dispositivos móveis munidos de aplicações inteligentes, aplicativos de atendimento, equipamentos médicos de uso doméstico, kits de pronto atendimento, entre várias outras.

Como a IoMT está sendo usada no dia a dia?

Sabe essas pulseiras e relógios fits, cada vez mais comuns no pulso das pessoas? São exemplos bem claros de como a IoMT está mudando nosso dia a dia. Esses gadgets monitoram uma série de itens do corpo humano, como movimentação, número de passos, batimento cardíacos, nível do sono, pressão arterial, entre outros.

Com tais informações, os dispositivos conseguem avaliar o corpo humano, sugerir atividades, e monitorar a condição do seu usuário. Algumas pulseiras inclusive avisam serviços médicos previamente cadastrados caso qualquer anormalidade seja detectada. Elas podem, por exemplo, impedir quedas catastróficas para os idosos, verificando sua atividade e observando algo incomum que pode causar perda de equilíbrio e queda.

Exemplos

O relógio da Apple usa a IMU (unidade de medição inercial) incorporada para identificar uma queda ou probabilidade de uma. Pode até ser usado para medir tremores relacionados a distúrbios do sistema nervoso, como a doença de Parkinson.

Outro exemplo apresentado durante o Fórum Econômico Mundial (WEF) é uma pílula com um minúsculo sensor. Que transmite informações para um adesivo que deve ser colado no braço do paciente. Quando a pílula é tomada, o adesivo recebe a informação e a retransmite para um celular monitorado pelo médico, e que garante que a medicação está sendo tomada no tempo e na dosagem correta.

Já uma parceria entre a Novartis e a Google criou uma lente de contato para diabéticos, que mede o açúcar no sangue através da lágrima dos olhos. Além de um alívio para os milhões de diabéticos que não precisarão mais furar o dedo, as lentes oferecem dados contínuos sobre as flutuações do açúcar no sangue, informando o paciente para evitar complicações e risco de vida.

Outros exemplos do uso da IoMT da medicina são exames de sangue revolucionários capazes de prever partos prematuros, sondas que podem ser engolidas e que facilitam o rastreamento de doenças intestinais, vacinas personalizadas contra o câncer que podem reprogramar o corpo para atacar apenas as células cancerígenas, assistentes de voz em clínicas médicas, entre outras.

Maior controle médico

Além de ajudar no diagnóstico de pacientes, atualmente o maior uso e impacto do IoMT é garantir a aderência às ordens do médico. A tecnologia médica não pretende substituir os provedores de assistência médica, mas fornecer a eles os dados coletados dos dispositivos para melhores diagnósticos e planos de tratamento, além de reduzir ineficiências e desperdícios no sistema de saúde.

Atualmente, os serviços de saúde já usam a Internet das Coisas para ajudar na otimização do fluxo de trabalho, gerenciamento de inventário e integração de dispositivos médicos.

Um dispositivo conectado fornece relatórios objetivos da atividade real do paciente. Da mesma forma, os aparelhos com IoMT ajudam a monitorar seu comportamento e atividades fora do consultório. Isso permite que o médico tenha dados reais para se referir à conformidade, com recomendações de terapia do paciente e o que acontece depois que ele sai de uma unidade médica.

Existem alguns dispositivos conectados que permitem a vigilância interna de uma maneira nunca antes disponível, e tecnologias inteligentes adicionadas a dispositivos médicos como marcapassos. Isso ajuda a equipe médica a monitorar a progressão de uma doença e a aprender coisas que podem impactar as diretrizes e os pacientes futuros.

Desde a criação de produtos farmacêuticos personalizados até a determinação de diretrizes de cuidados com base nos sistemas biológicos exclusivos de um paciente em particular, o IoMT abre as portas para assistência médica mais personalizada para cada indivíduo.

O uso da tecnologia médica na prática

Além de soluções já listadas, há hospitais que já estão implantando as inovações da IoMT na melhoria contínua da assistência médica. Os resultados estão sendo diagnósticos mais precisos e tratamentos mais assertivos.

Um exemplo é o O Boston Medical Center, que passou a usar a internet das coisas médicas para aumentar sua eficiência. Com o uso de automação inteligente para fornecer a medicação correta por meio das centenas de bombas de infusão existentes no hospital. Reduzindo o tempo que as equipes gastavam com tais atividades.

Podemos afirmar, sem medo de errar, que a IoMT é a próxima fronteira no atendimento ao paciente, tanto dentro como fora do hospital.

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.