Publicado em 12 dezembro 2019 | Atualizado em 17 junho 2021

Num mundo cada vez mais conectado e tecnológico, a presença e integração da Internet das Coisas tem modificado de forma positiva muitos mecanismos e processos nos mais diversos setores de comércio, indústria e serviços. Seguindo essa linha, a IoT na saúde se tornou um ativo importante para o setor, que beneficia hospitais, indústria farmacêutica, institutos de pesquisa, além do mais importante: pacientes que encontram alternativas mais eficazes de tratamento.

Apesar de o conceito de IoT (sigla para internet of things) ainda não ter sido definido de forma consensual e unânime, a essência do termo é de que tudo que pode ser conectado deve ser conectado. Com base nessa ideia, equipamentos eletrônicos, eletrodomésticos, carros e até fechaduras de porta podem ser conectados à rede mundial de computadores, permitindo acesso e interação remota dos usuários.

Portanto, o emprego da internet das coisas no setor de saúde surge como uma tecnologia que melhora os processos de atendimento, diagnóstico e cirurgias, à medida que viabiliza a comunicação em três possibilidades:

  • equipamento x equipamento;
  • equipamento x profissional;
  • equipamento x paciente.

Assim, máquinas e pessoas passam a interagir num nível realista de tempo e espaço, resultando em maior eficiência nos procedimentos e atividades que envolvem o tratamento.

Investimentos em IoT na saúde

Na última edição do Fórum Econômico Mundial para a América Latina, em março de 2018, o Governo Federal anunciou uma série de medidas para estimular o desenvolvimento da IoT no Brasil. Uma dessas medidas foi a abertura de linhas de crédito de mais R$ 10 bilhões do Finep, Banco da Amazônia e BNDES.

Além disso, através do Decreto nº 9854, publicado em junho de 2019, foi implantado oficialmente o Plano Nacional de IoT, que tem por finalidade implantar e desenvolver projetos de Internet das Coisas no país.

Essa iniciativa representa um grande avanço para o setor tecnológico, principalmente para projetos de IoT na saúde, já que hoje, apenas 8% das instituições brasileiras no setor fazem uso desse tipo de tecnologia, e esse número é voltado apenas para operações e processos internos, ainda não tendo sido implementado para uso em pacientes.

Através do fomento, mais projetos serão implementados, tornando a prestação de serviços de saúde públicos e privados mais inteligente, além de proporcionar a capacitação de profissionais e incentivar o empreendedorismo e a inovação no setor.

Todo esse cenário aponta um impacto econômico mundial bastante significativo. Segundo projeções do instituto global McKinsey Digital, estima-se que até o ano de 2025, a Internet das Coisas no setor de saúde possa gerar um valor econômico de US$ 3,9 trilhões a US$ 11,1 trilhões por ano. No Brasil, o montante pode chegar a US$ 39 bilhões.

Com base nesses números, não se pode negar que todo e qualquer investimento em IoT na saúde será facilmente revertido e exponencialmente ampliado. Afinal, mais tecnologia significa melhores serviços e, consequentemente, o aumento da satisfação do usuário.

Nas instituições de saúde privadas, por exemplo, isso se refletirá facilmente no aumento da credibilidade e confiança dos pacientes, resultando em maior ganho financeiro.

Internet das Coisas no setor de saúde: transformações na prática

O crescente avanço nas pesquisas e desenvolvimento de tecnologias voltadas à IoT na saúde já se reflete no dia a dia das instituições, com produtos e soluções inteligentes que são capazes de mudar significativamente a rotina de profissionais e pacientes.

Entre os dispositivos que já são realidade nos serviços de hospitais, clínicas e outras áreas do setor, ou que se encontram em fases avançadas de teste, podemos destacar os seguintes:

  • softwares de integração entre dispositivos, como por exemplo os monitores cardíacos, que se conectam a smartphones e tablets;
  • lentes de contato inteligentes que monitoram os níveis de glicose do paciente;
  • plataforma de monitoramento e rastreamento de leitos, capaz de acompanhar solicitações de leito e outros parâmetros, como a proximidade da equipe de enfermagem;
  • sensores de temperatura e umidade sem fio para controle de geladeira hospitalar capazes de monitorar os níveis de temperatura conforme a necessidade de cada produto e ambiente de armazenagem, emitindo alertas via SMS, ligação ou push notification;
  • monitor contínuo de aparelhos hospitalares via internet, que permite prevenir problemas e evitar manutenções de última hora.

Estes são apenas alguns exemplos de soluções criadas pelo uso da internet das coisas no setor de saúde que já estão disponíveis ou em vias de serem lançadas, e que demonstram o quanto já avançamos em termos de tecnologia e o quanto ainda pode ser feito nessa área.

Sem contraindicação: benefícios da IoT na saúde

Seja para facilitar o trabalho das equipes, tornando os processos mais eficientes, ou para melhorar as condições de vida do paciente, a IoT na saúde é, com toda certeza, uma feliz descoberta que, cada vez mais, impacta a vida das pessoas de maneira muito positiva.

Como vimos nos exemplos acima, todo o desenvolvimento de projetos voltados à internet das coisas aplicados no setor de saúde carregam consigo diversos benefícios, que se refletem no sucesso dos tratamentos, na diminuição de perdas e danos e na melhoria da gestão hospitalar. Vejamos alguns deles, de forma sucinta:

  • rapidez e eficiência nos diagnósticos;
  • qualificação a prevenção de doenças;
  • assertividade e personalização nos tratamentos;
  • facilidade e segurança no acompanhamento médico à distância;
  • redução de perdas e danos com materiais;
  • maior eficiência no gerenciamento de riscos.

Podemos dizer, portanto, que não existem “contraindicações” para o uso da IoT na saúde, desde que as pesquisas e os investimentos se baseiem na ética e no objetivo final de bem-estar do paciente. É fácil perceber que as possibilidades são inúmeras, talvez até ilimitadas, quando pensamos em tudo que já foi feito e nos projetos ainda em fase de teste que prometem revolucionar ainda mais a área da saúde.

O que esperar da IoT na saúde em um futuro breve?

Em todo o mundo, todo dia são desenvolvidos novos e incríveis projetos voltados à internet das coisas, e isso inclui a IoT na saúde, com mecanismos cada vez mais focados no paciente. Atualmente, grande parte das ferramentas baseadas nessa tecnologia ainda é utilizada para automatização de processos de controle mais voltados à área administrativa e de gestão hospitalar.

No entanto, se antes o futuro da IoT parecia algo muito distante, já pode ser esperado para a próxima semana, mês ou ano. Se trata de um futuro breve e bastante realista. E entre as previsões e propostas iminentes mais significativas, podemos destacar algumas:

Saúde conectada

Com projetos cada vez mais voltados à conectividade, muito em breve todo o histórico do paciente e seus dados de saúde estão disponíveis e poderão ser acessados a qualquer hora e de qualquer lugar.

As informações salvas na nuvem permitirão essa conexão, que facilitará o acompanhamento e dos tratamentos remotamente, e também poderá dar a cada profissional envolvido, um panorama mais exato do estado do paciente.

Saúde móvel

Através da implantação de microchips e outras tecnologias invisíveis, será possível monitorar o paciente e obter relatórios sobre seu estado de saúde mesmo quando estiverem fora do atendimento hospitalar

Saúde personalizada

Com a implantação do Personal Health Recorder (PHR), todas as informações sobre o tratamento obtidas por diferentes meios e tecnologias podem dialogar entre si, o que tornará os diagnósticos mais rápidos e com resultados diretos ao paciente. Assim, será que possível que eles mesmos possam escolher as melhores alternativas de atendimento.

Muitos pesquisadores e profissionais de tecnologia afirmam que a Internet das Coisas já pode ser considerada a nova revolução industrial, uma vez que grande parte do que está sendo planejado e desenvolvido industrialmente já busca incorporar a conectividade, e isso inclui também novos produtos na área da saúde.

Esse, com toda certeza, será o setor onde a IoT causará o maior impacto direto na vida dos usuários, literalmente.

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.