Publicado em 25 junho 2019 | Atualizado em 6 julho 2021

O controle de temperatura e umidade dos medicamentos é uma das principais tarefas de farmacêuticos. Desde o processo produtivo, ao transporte e a armazenagem dos remédios esses dois fatores estão entre os principais responsáveis por alterações químicas, como a decomposição, que impactam diretamente a estabilidade do fármaco e sua eficácia clínica.  

Essas mudanças bioquímicas fazem com que eles tenham que ser descartados e isolados dos demais medicamentos, para se evitar sua utilização por engano. Por estas razões, todos os elos da cadeia de saúde, envolvidos na produção, transporte, manipulação, armazenagem e dispensação de medicamentos, são regulados e fiscalizados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que estabeleçam processos que garantam segurança à qualidade destes produtos.

Em geral, remédios são produtos de alto valor agregado e compõem 11% das despesas de operação dos operadores de saúde no Brasil, segundo o estudo da Interfarma e da ANAHP. Além de representarem um prejuízo enorme para os hospitais, situações de descarte também podem impactar muitos pacientes que passam a correr o risco de ficarem sem o tratamento.

Pensando nessas graves consequências, farmacêuticos responsáveis pelos setores de farmácia e qualidade, de todas as etapas da vida dos medicamentos, devem procurar técnicas, processos e tecnologias que colaborem para a redução de erros e riscos no controle de temperatura e umidade.  

Técnicas de controle de temperatura e umidade 

Para colaborar com o setor de saúde, separamos algumas técnicas ou processos que podem ajudar a aumentar a qualidade do monitoramento. Confira:  

1) Utilize um método de gestão eficiente 

Mais do que uma simples planilha para registro dos valores verificados nos termômetros e termo-higrômetros dos locais em que são armazenados os remédios, é muito importante definir processos de gestão que permitam a análise desses dados para o reconhecimento de falhas e para uma avaliação crítica sobre a qualidade.

Além disso, a padronização destes processos é importante para que todos sigam exatamente as mesmas etapas. Conseguindo assim, enxergar de maneira mais fácil em que ponto algo está (ou pode dar) errado. A partir daí, é possível buscar alternativas de solução, sempre mantendo a segurança clínica do paciente como prioridade.  

PDCA 

Um método de gestão que já é aplicado por empresas, dentro e fora do setor, é o PDCA (Plan, Do, Check, Act). O ciclo estabelece que sejam planejadas possíveis melhorias para uma atividade, então essas sugestões devem ser aplicadas.  

Depois de um tempo determinado, é preciso checar se houve melhoria ou não, traçando o que deu certo e o que pode ser melhorado. A partir daí, é feito um novo planejamento. Isso colabora para que os erros sejam reduzidos a cada nova etapa do ciclo de melhoria contínua.  

Registro de falhas  

Dentro do seu processo, não deixe de determinar que sejam registrados detalhes de uma alteração de temperatura e umidade que afete os medicamentos. Dados como local, data, horário, temperatura máxima ou mínima de exposição, tipo da medicação armazenada e o responsável pelo plantão, podem ajudar na hora de diagnosticar as razões das falhas ocorridas.  

2) Faça uma reeducação da equipe  

De treinamentos a simples reuniões, outra forma relevante de melhorar os resultados do controle de temperatura e umidade é, periodicamente, trazer para a consciência dos colaboradores a importância social do trabalho que eles exercem.   

É claro que, durante um curso relacionado à área de saúde, esse colaborador já aprendeu sobre seu papel e se comprometeu eticamente a exercê-lo da melhor forma possível. Porém, às vezes, na correria e cansaço do dia a dia, isso vai sendo deixado um pouco de lado.  

Por isso, é importante reforçar o ponto e incentivar os funcionários que lidam com o estoque de uma farmácia, clínica ou hospital, para que adotem uma postura preventiva. Mais do que checar e registrar temperaturas, esses colaboradores estão, na verdade, cuidando da qualidade de produtos que influenciarão na vida de pessoas.  

Busque conhecer também a visão deles sobre os processos e o que pode ser melhorado ou não. Brainstorms podem ser muito úteis e quem vive a rotina de trabalho consegue enxergar as falhas com mais facilidade.  

Diagrama de Ishikawa 

Aposte no diagrama de Ishikawa, também conhecido como diagrama de causa e efeito. Essa ferramenta visual auxilia em análises, colaborando para encontrar as falhas que estão acarretando em problemas.  

Por isso, ele pode ser utilizado nos brainstorms com colaboradores para que seja possível, com ainda mais qualidade, determinar o que precisa ser otimizado para garantir a redução de perdas de remédios.  

controle de temperatura e umidade

3) Aposte em tecnologia  

Alguns profissionais ainda são resistentes ao uso da tecnologia em seu processo de controle de temperatura e umidade. Principalmente quando o assunto é o custo desse tipo de serviço. 

Porém, se comparado ao prejuízo de perda de medicamentos, o tempo gasto no registro dos dados e ao risco à segurança do paciente, sistemas de monitoramento remoto valem (muito) o investimento.

Com o apoio tecnológico, é possível fazer o controle de temperatura e umidade  à distância, em tempo real, além de receber diferentes tipos de alertas em casos de desvios.  

O processo se torna mais simples, rápido, e muda a visão sobre essas alterações, já que o controle passa a ser feito 24 horas por dia. Tudo fica registrado automaticamente e relatórios completos são gerados com muita facilidade.   

Reunindo esse tipo de solução a um método de gestão eficaz e também a funcionários proativos e com atitude preventiva, todo o monitoramento fica muito mais efetivo, trazendo mais segurança e vida para o setor de saúde.

E afinal, qual a importância de manter o controle de temperatura e umidade dos medicamentos?

Em todas as etapas, desde a fabricação, até o armazenamento e distribuição, os níveis de temperatura e umidade sempre devem ser cuidadosamente avaliados. Não apenas para adequar o medicamento que está sendo produzido, mas também para levar em consideração quaisquer outros efeitos decorrentes das variações dessas variáveis. 

Portanto, se você lida com medicamentos que dependem do controle de temperatura e umidade, sempre se faça essas perguntas:

  • Os níveis de temperatura e umidade relativa dentro da minha instalação excedem os valores especificados pelo fabricante?
  • Se sim, por quanto tempo? Qual é o tempo de recuperação dos medicamentos para retornar ao valor especificado?
  • Qual é o impacto dessa excursão a partir do valor especificado na minha operação? 
  • E, o que fazer após a quebra da cadeia do frio?

Tendo em mente todos os pontos anteriores, considere se você está enfrentando problemas recorrentes na sua operação. E busque a melhor alternativa para contorná-los.

gerenciamento de medicamentos

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.