Publicado em 3 novembro 2020 | Atualizado em 2 novembro 2020

Infelizmente, erros de dispensação de medicamentos são comuns em farmácias hospitalares. Porém, a investigação desses é importante para identificar os fatores envolvidos e desenvolver estratégias para as ocorrências sejam reduzidas.

A FDA (Food and Drugs Association) define um erro de medicação como “qualquer evento evitável que pode causar ou levar ao uso impróprio de medicação ou causar danos ao paciente”. Um estudo divulgado em 2006 pelo The Institute of Medicine (uma parte da Academia Nacional de Ciências dos EUA) mostrou que erros de medicação resultaram em danos a pelo menos 1,5 milhão de pacientes anualmente.

O estudo mostrou ainda que mais de 400.000 lesões evitáveis relacionadas à medicamentos ocorrem anualmente em hospitais, somente nos EUA.

Importância da dispensação segura de medicamentos

Erros médicos e de administração de medicamentos representam riscos significativos para o paciente. Eles contribuem para mortes evitáveis ​​de pacientes no ambiente hospitalar.

Para manter a segurança do paciente e evitá-los, é importante que farmacêuticos, enfermeiras e outros profissionais de saúde sigam o padrão para práticas seguras de medicação, chamados de “cinco direitos”, que são:

  • A dose certa
  • Do medicamento certo
  • Administrada ao paciente certo
  • No momento certo
  • Pela via certa

No entanto, esta frase simples obscurece o fato de que os cinco direitos devem ser individualizados, pois são afetados pela idade do paciente, condição médica, estado fisiológico e outros fatores, como alergias.

Enquanto isso, a contribuição dos farmacêuticos para a segurança dos medicamentos tem sido historicamente focada na dispensação, e por isso o papel destes profissionais se expandiram conforme a terapia medicamentosa aumentou em complexidade. Fazendo com que muitos pacientes – mesmo aqueles com doenças graves – poçam agora receber cuidados em casa e em ambientes comunitários.

Nos últimos anos, novas tecnologias para eliminar erros de medicação foram introduzidas no mercado de saúde, incluindo pedidos e gráficos eletrônicos, códigos de barras que correspondem aos registros médicos dos pacientes e distribuição computadorizada de medicamentos. Embora esses métodos tenham se mostrado promissores, as taxas de erros de medicação permanecem altas.

Como identificar os principais erros da dispensação de medicamentos

Antes de trabalhar para diminuir erros na dispensação de medicamentos, é importante saber identificá-los. Da mesma forma, se torna mais fácil buscar estratégias para sua mitigação, evitando gastos extras aos serviços de saúde, ou mesmo problemas maiores que envolvam a segurança do pacientes.

Os principais erros são:

Medicamentos com nomes ou embalagens semelhantes

Esse é um erro fácil de cometer. Ao trabalhar em um dispensário movimentado, medicamentos com nomes semelhantes ou embalagens quase idênticas são facilmente confundidos. Alguns medicamentos são particularmente vulneráveis ​​a confusão devido aos seus nomes – enalapril e anafranil, ou seretaide e serevent.

Embalagens semelhantes também tornam medicamentos como a amlodipina e o alopurinol alvos fáceis para erros de dispensação. E é importante frisar que erros desse tipo podem ter consequências sérias. Também há relatos de prednisolona misturada com gliclazida devido a uma embalagem semelhante, que resultou na entrada do paciente em coma diabético.

Remédios fora de prazo

É relativamente comum que os pacientes recebam remédios vencidos. E esse erro não é facilmente perdoado. Por exemplo, os antibióticos podem se tornar ineficazes se dispensados ​​após a data de validade.

Cálculos incorretos

Cálculos complexos são terreno fértil para erros. Os medicamentos que precisam ser diluídos, como a ranitidina, são comumente citados com erros. Sendo assim, é muito importante que se preste atenção.

Em especial, medicamentos pediátricos, já que um erro de cálculo pode ocasionar uma overdose.

Leitura errada de prescrições

Atualmente, as prescrições médicas são digitadas, justamente para evitar erros na hora de decifrar suas caligrafias. No entanto, se ela ainda vier manuscrita, pode exigir suposições. E é aqui que os problemas tendem a surgir. Por exemplo, os farmacêuticos podem interpretar mal o nome do medicamento, abreviações ou unidades de medida. Claramente, isso deixa margem para alguns erros graves.

6 estratégias para diminuir esses erros

Importante lembrar que erros de dispensação de medicamentos cometidos por indivíduos geralmente são o resultado de sistemas e processos mal gerenciados. Portanto, a principal estratégia para reduzi-los é implementar uma abordagem orientada para o sistema, em vez de uma abordagem punitiva dirigida a um indivíduo.

A seguir está uma lista de 6 estratégias para minimizar os erros de dispensação de medicamentos:

1. Organizar o espaço de trabalho

Organize seu ambiente físico com a segurança em mente, desde o armazenamento de medicamentos semelhantes em áreas separadas até um balcão organizado e bem iluminado.

2. Gerencie o fluxo de trabalho

A alta pressão leva a mais erros. Da mesma forma, a sincronização de medicação, equipe adequada e definição de expectativas realistas sobre a rapidez com que o pessoal preenchem as prescrições diminui a pressão. A frequência com que os membros da equipe fazem uma pausa não é apenas uma questão de pessoal: é uma questão de segurança.

3. Use bem a tecnologia

Defina níveis de alerta em seu sistema de farmácia para gerar atenção quando for necessário, mas não defina o nível de alerta tão alto que os alertas sejam frequentes e os membros da equipe os ignorem.

4. Sinalizar medicamentos semelhantes

Nomes e embalagens semelhantes levam a muitos erros. Destaque esses medicamentos em suas prateleiras e em seu sistema de computador para que os funcionários estejam prestando atenção.

Além disso, exibir nomes com letras em destaque para enfatizar as diferenças, como hidrOXizina e hidrALAZINA ajudam a evitar erros de troca de medicamentos.

5. Verificar várias vezes

Faça a conferência em cada etapa da dispensação de medicamentos. Como exemplo, comece com a pessoa que recebe a receita verificando o nome, data de nascimento, endereço e telefone. Certifique-se de ter listas atualizadas de alergias e outros medicamentos que o paciente toma.

Como mais de 40% dos erros acontecem quando os dados estão sendo inseridos no computador, verifique novamente no momento da inserção dos dados. Em seguida, faça a verificação final na coleta. Por exemplo, pergunte a data de nascimento do paciente e verifique se o que está dentro da sacola corresponde ao rótulo. Reserve um tempo para educar e aconselhar os pacientes para garantir que eles entendam como tomar os medicamentos.

6. Confira as instruções orais

Quer você receba uma prescrição ou telefone para um médico para verificar instruções ilegíveis ou incomuns, anote exatamente o que lhe foi dito e leia de volta para verificação. Soletre os nomes dos medicamentos e diga os números em dígitos únicos para evitar confusão.

Use a tecnologia como aliada

O uso de qualquer uma das estratégias acima, junto com os cinco direitos, pode ajudar a prevenir ou reduzir erros de medicação. É importante lembrar que problemas na dispensação de medicamentos pode resultar em morbidade e até mortalidade do paciente. Além disso, eles podem afetar negativamente a reputação de uma unidade de saúde e levar a altos custos institucionais e governamentais.

O objetivo de todo farmacêutico é minimizar os erros de dispensação de medicamentos. Ou seja, o aconselhamento, sendo o último ponto de contato entre o paciente, o farmacêutico e o medicamento no processo de dispensação, é de longe a estratégia mais importante que todo farmacêutico deve adotar para minimizá-los.

Por isso, relatar os problemas à medida que ocorrem e quando ocorrem ajuda a aprender com eles e, em última análise, evita que eles se repitam no futuro. Outro fator importante é também adotar a tecnologia como aliada, mas ela não deve ser usada cegamente. Além da indicação no computador, faça a conferência manualmente para ter certeza que não está cometendo equívocos.

Por sua vez, a adoção de sistemas integrados de gestão também permite um acesso mais amplo às etapas da dispensação de medicamentos. Desta forma, os erros de interpretação nas prescrições podem ser evitados.

Portanto, com as estratégias apresentadas, é possível diminuir os erros na dispensação de medicamentos. Porém, ao aliá-las com boas práticas de dispensação, os resultados podem ser ainda mais promissores. Sobre o tema, temos um artigo em nosso blog que também o convidamos a ler!

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.