Entre as definições e práticas mais relevantes da atenção farmacêutica desenvolvidas no âmbito internacional, convém buscar as contribuições mais adequadas para elevar a excelência dos serviços nacionais a um padrão semelhante. Nesse sentido, é necessário contextualizar os desafios enfrentados pelo setor e alinhá-los a novas propostas e soluções.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a boa qualidade da assistência à saúde depende de uma multiplicidade de fatores, dos quais, cabe a cada profissão zelar pelo bom desempenho de suas funções. Sob essa ótica, o farmacêutico atualizado — e bem informado — poderá contribuir, significativamente, para a superação desse desafio.
Tendo isso em vista, vamos apresentar os principais métodos de atenção farmacoterapêutica e destacar suas principais vantagens e desvantagens. Veja a relevância desse conhecimento na definição da melhor estratégia a ser aplicada na rotina do farmacêutico a fim de alcançar melhores resultados.
Atualmente, quais são os principais desafios da atenção farmacêutica?
Após a aprovação da Política Nacional de Medicamentos (PNM), em 1998, ocorreram importantes avanços devido às novas diretrizes e prioridades estabelecidas. Entre os pontos mais significativos destacam-se:
- a reorientação dos modelos de assistência farmacêutica;
- a promoção do uso racional de medicamentos com vistas à maior proteção do paciente;
- e a organização das atividades de vigilância sanitária de medicamentos.
Quanto aos desafios comumente enfrentados pelo setor, vale ressaltar a necessidade de adequação a um modelo que possa atender as expectativas dos consumidores finais. Assim, no âmbito da atenção farmacêutica, o compromisso de quem atua nessa área deve estar voltado para a redução da morbidade associada à manipulação e ao consumo de medicamentos.
Porém, mesmo que o setor tenha experimentado importantes avanços, ainda é necessário melhorar a eficiência dos processos que envolvem todas as etapas da produção de medicamentos. A atenção a esse fator é essencial para que os serviços prestados sejam efetivos, seguros e consonantes com as propostas das normas estabelecidas.
Nesse contexto, pode-se afirmar que os maiores desafios da atenção farmacoterapêutica são:
- apresentar um método sistemático e racional sobre o uso dos medicamentos que pode ser utilizado por qualquer paciente;
- documentar todas as decisões e intervenções do profissional a fim de facilitar o controle de qualidade e garantir o processo de cuidado do paciente;
- criar um sistema de gerenciamento do serviço, uma vez que seus aspectos logísticos são diferentes dos empregados na atividade de dispensação farmacêutica.
Quais são as metodologias que otimizam a atenção farmacêutica?
Listamos os melhores métodos para auxiliar o farmacêutico a identificar qual delas se encaixa melhor à realidade do seu trabalho a fim de tornar a rotina mais produtiva. Confira as mais relevantes!
SOAP – Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano
De acordo com as suas especificidades, esse método permite que o farmacêutico faça um atendimento detalhado, rápido, prático e seguro. Como a própria sigla indica, em tese, a metodologia SOAP propõe:
- coletar informações subjetivas (S);
- dados que podem ser mensurados (O);
- proceder a avaliação das informações obtidas (A);
- montar um plano de ação focado no que for mais necessário (P).
No ramo de farmácia, um dos objetivos dessa metodologia é otimizar a rotina por meio de práticas que oportunizam avaliar, comparar e fazer diagnósticos de diferentes situações clínicas, tanto no âmbito físico quanto emocional.
Elencamos os principais objetivos do SOAP no contexto da atenção farmacêutica. Confira:
- flexibilizar o acesso aos dados do paciente;
- possibilitar um acompanhamento mais eficiente da rotina;
- contabilizar e avaliar a freqüência das consultas;
- coletar dados para planejar ações preventivas e voltadas para o diagnóstico precoce;
- estimular a educação continuada dos profissionais da farmácia.
PWDT – Pharmacist’s Workup of Drug Therapy
O termo pode ser traduzido como “Avaliação farmacêutica da terapia medicamentosa” e objetiva avaliar as necessidades do paciente em relação aos resultados terapêuticos obtidos pelos medicamentos. No organismo, a dinâmica de um fármaco segue um caminho delimitado pela farmacocinética e farmacodinâmica.
Em vias gerais, tais conceitos estão relacionados às reações do organismo mediante à ação da droga e os efeitos que a medicação causa em seu tecido alvo. Assim sendo, o uso do PWDT na rotina da farmácia hospitalar possibilita uma avaliação mais detalhada dos resultados, de acordo com o estado clínico do paciente e a expectativa do tratamento.
Logo, essa metodologia pode ser útil para analisar, não apenas os benefícios terapêuticos como também as reações adversas — como a toxicidade — que um medicamento pode gerar.
Dados de uma pesquisa que avaliou os efeitos das intervenções farmacêuticas em pacientes com HIV positivo mostraram a efetividade desse método. A aplicação do PWDT ajudou a diminuir cerca de 16% dos problemas farmacoterapêuticos dos pacientes participantes. Entre outros critérios, a análise incluiu problemas relativos às dosagens dos medicamentos.
De forma contextualizada, pode-se afirmar que o PWDT também pode ser empregado nos seguintes casos:
- análise das necessidades do consumidor final quanto ao consumo de referentes medicamentos;
- avaliação de dados e informações;
- realização das etapas necessárias à obtenção dos resultados terapêuticos obtidos;
- definição de objetivos terapêuticos centrados na qualificação do atendimento;
- identificação de estratégias para monitorar, avaliar e prevenir outros possíveis problemas.
TOM (Therapeutic Outcomes Monitoring)
Traduzida por “Avaliação dos resultados terapêuticos”, esse é um dos métodos utilizados em farmácia que propõe ações focadas em melhoria contínua da qualidade de todo o processo psicoterápico medicamentoso. Além disso, o TOM promove a participação interativa entre médico, farmacêutico e paciente.
Entretanto, para que esse método seja bem aplicado na rotina de uma farmácia, exige-se a adequação às seguintes etapas:
- coleta, análise e registro de dados e informações do paciente;
- registro dos objetivos terapêuticos do tratamento dispensado;
- avaliação da especificidade do plano farmacológico escolhido;
- desenvolvimento de uma proposta adequada de monitorização;
- dispensação dos medicamentos necessários;
- orientação ao paciente.
Dáder
Também conhecido por Método Dáder de Seguimento Farmacoterapêutico, essa proposta está mais centrada para serviços de farmácias comunitárias. Contudo, o Dáder apresenta algumas particularidades que o torna aplicável a outros usuários. Porém, é preciso analisar se a dinâmica dos serviços farmacêuticos estão em consonância com a sua proposta.
Nesse sentido, enumeramos as principais etapas dessa metodologia. Confira:
- agendamento do encontro entre farmacêutico e paciente a fim de esclarecer dúvidas sobre medicamentos, exames laboratoriais e diagnósticos médicos;
- entrevista para coleta de informações sobre a história farmacoterapêutica do paciente;
- avaliação do histórico dos problemas de saúde e as respostas em relação ao uso de cada medicamento;
- orientação sobre o uso correto dos remédios e a importância da atenção à prescrição médica;
- análise situacional para identificar a relação entre os efeitos dos medicamentos e os problemas de saúde apresentados pelo paciente.
Quais são os princípios da atenção farmacêutica?
Segundo a resolução nº 338/2004, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), tais princípios podem ser definidos como um conjunto de ações que visam à promoção, proteção e recuperação da saúde.
Em vias gerais, tais princípios devem ser observados para delinear as ações e processos que envolvem a rotina do profissional de farmácia. Entre as práticas mais relevantes destacam-se a utilização, dosagem, armazenamento, distribuição e administração correta dos medicamentos.
Nessa perspectiva, destacamos alguns dos princípios da atenção farmacêutica. Veja quais são:
- prestação de serviços farmacêuticos à comunidade, tanto no âmbito do SUS como no setor privado;
- interação do farmacêutico com o usuário, principalmente para esclarecer dúvidas quanto aos Problemas Relacionados ao Medicamento (PRM);
- orientação sobre a dispensação de medicamentos;
- intervenção farmacêutica integrada a uma equipe multidisciplinar;
- orientação sobre a relevância da utilização racional de medicamentos.
Quais são as recomendações da OMS em relação à atenção farmacêutica?
Um artigo publicado pelo Scielo destacou as recomendações da OMS em relação às atividades tradicionais do farmacêutico no plano da atenção farmacêutica. Entre outras questões, recomenda-se a adoção dos conceitos da atenção farmacoterapêutica no cotidiano desses profissionais para melhorar, na prática, a qualidade do tratamento.
Quanto à segurança do paciente, critérios como a orientação, a dispensação e o uso correto das medicações são essenciais. De igual modo, as etapas que envolvem a produção e o transporte dos medicamentos — inclusive o monitoramento da temperatura — também são relevantes para a adequação desses serviços aos padrões de excelência internacional.
Sob essa ótica, o farmacêutico deve flexibilizar um modelo de assistência que atenda a necessidade do usuário e que se encaixe nos padrões da OMS. Nesse sentido, é necessário zelar pela qualidade da atenção farmacêutica e, assim, atender a expectativa do paciente quanto ao uso dos medicamentos.
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