Nos serviços de saúde, a comunicação é o pilar que sustenta a relação com o paciente. Especialmente no setor hospitalar, a troca de informação deve ser altamente eficiente. Assim, o sistema de checagem beira leito traz uma gama de oportunidades e benefícios. Seja para a equipe de enfermagem ou para o paciente.
Com o uso de dispositivos móveis é possível visualizar uma série de dados e informações. Esse recurso melhora a experiência de internação e otimiza o trabalho dos profissionais. Inclusive, a autonomia para algumas tarefas dá ao paciente uma sensação de estabilidade, que é benéfica ao tratamento.
Além disso, é possível mitigar erros de prescrição e administração de fármacos, o que resulta em maior segurança nos procedimentos. Por outro lado, as falhas na comunicação entre médicos, equipe e pacientes podem ter resultados desastrosos.
De acordo com um estudo do National Center for Biotechnology Information (NCBI), dados apontam que, numa análise de cerca de 400 eventos de comunicação, houve falhas em 30% das trocas de equipe. E um terço dessas ocorrências comprometiam a segurança do paciente.
Ainda segundo a pesquisa, os problemas de comunicação encontrados se dividiam em quatro categorias:
- comunicações muito tardias para serem eficazes;
- falha na comunicação com todos os indivíduos relevantes da equipe;
- conteúdo incompleto e impreciso;
- comunicações cujos objetivos não foram alcançados, deixando os problemas sem solução até o ponto de urgência.
Nesse sentido, toda a tecnologia empregada nos serviços de saúde – com destaque para a checagem beira leito – representa um grande avanço para o setor e a possibilidade de garantir melhores resultados nos tratamentos.
Como funciona o método beira leito e quais as vantagens?
A checagem beira leito funciona a partir de um sistema totalmente informatizado. Desse modo, os registros médicos ficam disponíveis e podem ser acessados através de dispositivos eletrônicos. Entre eles, leitores de código de barra, computadores, tablets e smartphones, por exemplo.
Ao passo que os dados são atualizados automaticamente no prontuário, o acesso às informações ocorre de forma mais rápida e com menor chance de erro. Bem como possibilita à equipe de enfermagem maior agilidade nas tarefas. Assim, o sistema elimina a necessidade de prescrições impressas, o que também significa redução de custos com material.
Contudo, apesar de parecer algo distante dos serviços de saúde nacionais, essa tecnologia já está disponível em diversos hospitais brasileiros. Entre eles, o Hospital Santa Marta, em Brasília/DF, e o Hospital de Clínicas de Passo Fundo/RS. Ambos veem a checagem beira leito como principal solução na redução da margem de erro relacionada a medicações.
Portanto, as principais vantagens estão relacionadas a melhoria de processos, padrão de qualidade, segurança do paciente e produtividade da equipe.
Funcionamento do sistema beira leito
De modo geral, o beira leito consiste em três etapas, que contam com a atuação dos profissionais na reunião das informações para a prática da checagem eletrônica. Confira:
Registro de informações
Primeiramente, é necessário registrar todas as informações do paciente. Isso inclui uma lista completa de todos os medicamentos de uso habitual ou que foram prescritos em outras internações fora da instituição atual. Esse registro deve ser feito através do prontuário eletrônico, conectado ao sistema da checagem.
Então, o médico responsável pelo paciente deve comparar tais medicamentos com a prescrição futura. Esse é um passo fundamental, pois evita erros causados por informações imprecisas e, assim, a combinação incorreta de medicamentos.
Feita a análise, o médico prescreve o novo tratamento conforme o quadro atual do paciente, com todas as informações devidamente registradas.
Administração de medicamentos
Depois de efetuados os registros, a enfermeira ou enfermeiro tem acesso às informações sobre os procedimentos. Afinal, qualquer solicitação de medicamento feita pelo médico será identificada pelo painel de checagem beira leito. Esse processo evita troca de medicações e duplicidade, que podem resultar em interações medicamentos e efeitos adversos.
Porém, a administração correta requer alguns passos:
- checagem do horário em que o fármaco deve ser administrado;
- solicitação à farmácia hospitalar;
- confirmação da farmácia no sistema.
Após a confirmação, o profissional de enfermagem de dirige à farmácia do andar, que separa o medicamento e envia novamente à enfermagem. Por último, o horário é novamente verificado e o medicamento é preparado para ser ministrado.
Dessa forma, com todos os procedimentos registrados eletronicamente, as informações do paciente são mais precisas. Isso facilita a segurança do profissional, que também fica registrado no sistema como responsável pelo procedimento.
Liberação e registro
Através de um dispositivo móvel, o profissional de enfermagem bipa a pulseira colocada no paciente (que deve possuir um código de barras ou QR Code), seu próprio crachá e o código de barras do medicamento. Em seguida o sistema informa se o remédio está ou não previsto para aquele horário, e libera ou não sua administração.
Caso seja liberado, o profissional deve registrar o uso para que o sistema atualize as informações para procedimentos futuros.
Tecnologias agregadas
Para que o beira leito seja um sistema eficaz nos serviços de saúde, diferentes tecnologias são agregadas. Primeiramente, o uso da Internet das Coisas – que nesse caso se converte em IoMT.
Através dessa tecnologia é que se torna possível o acesso aos dados por meio de diferentes dispositivos. Logo, é possível que as equipes médicas e de enfermagem se integrem, aumentando a eficiência dos processos.
Ao mesmo tempo, a tecnologia de armazenamento de dados em nuvem também contribui para a checagem beira leito. Enquanto as informações são registradas no sistema dentro do hospital, é possível acessá-las remotamente.
Inclusive, em alguns casos, as atualizações do prontuário podem ser compartilhadas com acompanhantes e familiares do paciente. Para isso, outra tecnologia é agregada: a BYOD (Bring Your Own Device), que significa “traga seu próprio dispositivo”. Esse recurso permite que pacientes e acompanhantes acessem as informações do terminal beira leito com seus próprios aparelhos.
Entretanto, toda essa gama de informações pessoais exige um alto nível de segurança. Aqui, cabe citar o uso do blockchain, que já garante aos serviços de saúde maior proteção no armazenamento de dados.
Por fim, mas igualmente importante, está a disponibilidade de tecnologias de rede e internet de alta qualidade. Sem esses recursos técnicos, todo o funcionamento do beira leito fica comprometido, uma vez que depende da conectividade para o funcionamento.
Foco no paciente: menos erros e mais qualidade nos processos
Juntamente com a qualidade no atendimento clínico, os serviços de saúde estão cada vez mais focados na segurança do paciente. Apesar disso, ainda é frequente a ocorrência de falhas nos processos, que resultam em erros que podem ser fatais.
Essa afirmação é demonstrada em diversas pesquisas no Brasil e no mundo. Entre eles, um estudo da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. O levantamento mostra que a maior parte dos erros nos tratamentos medicamentosos estão relacionados ao horário de administração dos remédios. Seguidos de falhas relativas à dosagem e troca na via de administração.
Nesse sentido, muitos hospitais têm investido em soluções que reduzem os erros, ao mesmo tempo que proporcionam a melhor experiência de internação ao paciente. Aliás, esse tem sido o foco das instituições de saúde que buscam por certificações e acreditações internacionais.
Com base numa Gestão 4.0 nos serviços de saúde, o setor se vale de tecnologias como a checagem beira leito para, ao mesmo tempo, beneficiar o paciente e qualificar a instituição. Ou seja: uma via de mão dupla, que aponta vantagens para todas as partes envolvidas.