Publicado em 7 abril 2021 | Atualizado em 22 março 2021

A utilização de dados é algo cada vez mais comum no mundo dos negócios. E no setor de saúde, o crescente uso de tecnologias baseadas em Inteligência Artificial, Big Data e Machine Learning demonstra a importância de uma cultura data driven para fomentar a estrutura de informações.

Uma vez que o volume de dados gerados requer condições especiais de processamento, análise e aproveitamento, há uma estimativa de que 97% das empresas – incluindo o setor de healthcare – já estejam investindo em tecnologias de Big Data.

Com base nesse número, espera-se que em 2023 esse mercado atinja um valor de US$ 103 bilhões, representando um crescimento de 20% em relação a 2020. Não é à toa que alguns economistas chegaram a comparar dados ao petróleo, afirmando que o primeiro substitui o segundo como a fonte mais valiosa do mundo.

Nesse sentido, fica fácil entender porque o data driven é essencial para a saúde. E não somente quando tratamos de gestão, mas também para as áreas clínicas, de cuidado com o paciente. Afinal, esse mecanismo permite desenvolver estratégias de investimento tecnológico embasadas em análises permanentes.

Conceito de cultura Data Driven

O conceito se baseia no princípio da utilização de dados como parte da tomada de decisão, defendendo que eles orientem os negócios de forma centrada. Para isso, é necessário que as informações sejam coletadas de fontes variadas, de modo que se possa extrair o melhor disso. Nesse sentido, ele carrega os seguintes objetivos:

  • atingir as metas;
  • medir a qualidade;
  • melhorar a eficiência.

Assim, ao adotar essa cultura organizacional, toda a instituição se torna mais preparada para intervenções de melhoria apoiada em números ao invés de empirismo.

Data Driven Care: cultura de dados em saúde

O Data Driven Care traz o conceito para a gestão em saúde. E assim como em outras áreas, não basta apenas acumular dados. Sobretudo quando se trata de processos complexos, uma gestão correta das informações tende a interferir diretamente no cuidado com o paciente.

Nesse sentido, incorporar esse princípio significa explorar a inteligência gerada pelo manejo dos dados. Seja pelo uso de IA ou aprendizado de máquina (machine learning), implementar esse conceito significa melhorar a performance dos recursos e assegurar a entrega do melhor serviço aos usuários.

Princípios e competências

Esse recurso está ancorado em princípios e competências que servem para nortear e canalizar soluções. Assim, quando forem atendidos, a instituição está finalmente preparada para abraçar a cultura e tirar o máximo proveito dela. Vejamos cinco princípios básicos:

Pessoas

A organização precisa contar com equipes que possuam as habilidades adequadas para compreender e exercer o que for proposto​​​​​​​. Não necessariamente essas pessoas precisam ser profissionais de TI. Basta que estejam empenhadas em se desenvolver. Além disso, a própria instituição precisa incentivar os colaboradores a esse comportamento.

Processos

Os processos e fluxos de trabalho devem estar alinhados, principalmente para que as equipes utilizem as ferramentas de forma adequada. Processos falhos comprometem o andamento das atividades e, consequentemente, não entregam os resultados e informações necessárias.

Tecnologia

O uso adequado das tecnologias é inerente ao data driven. Sem as ferramentas necessárias para que as tarefas sejam executadas de modo eficiente, a coleta de dados passa a ser mera formalidade. Portanto, o emprego correto da tecnologia é o princípio mais básico.

Governança

Ao se apoiar nos dados como centro da tomada de decisão, antes de tudo é necessário haver alinhamento dos objetivos estratégicos da instituição. Sobretudo no setor de saúde, deve haver uma liderança com visão e poder de governança para direcionar as ações.

Execução

Investir nesse conceito exige planejamento, pessoal, recursos e, obviamente, tecnologia. Sem isso, não será possível garantir que os projetos serão executados de maneira adequada para entregar resultados.

Benefícios da cultura Data Driven para o setor de saúde

Na saúde não há margem para erros. Embora eles existam, devem ser reduzidos a todo custo através de processos e tecnologias que trabalhem a gestão da qualidade incansavelmente.

E justamente porque os erros não são aceitáveis, especialmente quando se trata de atendimento ao paciente, essa filosofia é tão importante para o setor de saúde, pois faz com que as ações se baseiem em evidência, e nunca em achismos ou “experiências”.

Numa instituição que adota essa premissa, sempre haverá respostas objetivas e claras para as questões. E isso beneficia várias esferas, desde um processo automatizado até o mais alto nível de gestão.

Vejamos alguns benefícios para a área da saúde e como eles se relacionam com as tecnologias:

Desenvolvimento e acompanhamento de métricas

Quando uma instituição é pautada em dados, significa que ela apoia e utiliza métricas de desempenho. São essas métricas obtidas através de ferramentas de business intelligence que indicam os pontos fortes e fracos em diversas operações.

No setor de saúde, identificar quais aspectos necessitam de atenção é essencial. Mas também é fundamental que os pontos fortes sejam reconhecidos. Nesse sentido, mensurar resultados com o uso de indicadores faz parte dos benefícios que trazidos para as organizações.

Embasamento de projetos

Na hora de apresentar um projeto para investimento em novas tecnologias e expansão, muitos gestores encontram dificuldade para elaborar relatórios bem embasados que justifiquem tal investimento.

Porém, quando existe data driven, além do alto comando já possuir acesso e conhecimento sobre as informações, os gestores se tornam mais confiantes para apresentar seus projetos e elaborar uma justificativa a partir de números e evidências.

Decisões mais assertivas

Com acesso a dados qualificados, gestores conseguem tomar decisões mais assertivas. Isso porque a informação orienta as ações, que podem se refletir em uma série de processos dentro da instituição, como gerenciamento de capacidade, por exemplo.

Simplificação e agilidade nas tarefas

A cultura data driven não orienta apenas os gestores. Equipes médicas também se beneficiam desse recurso, podendo utilizar algoritmos alimentados por Inteligência Artificial para o diagnóstico mais preciso de doenças.

Por exemplo, doenças como a COVID-19, que possui diversos sintomas semelhantes a gripes, pneumonia e até tuberculose, podem ser mais facilmente detectadas com base em dados anteriores.

Contudo, tais ferramentas devem possuir interfaces intuitivas e amigáveis, para que médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde explorem todo seu potencial. Assim, ao invés de aumentar o esforço para a compreensão da ferramenta, ela torna o trabalho mais leve e simplificado.

Tecnologias que auxiliam a cultura data driven

Falar em dados significa explorar suas fontes. Afinal, de onde vem as informações?

Obviamente, as tecnologias se materializam em sistemas e ferramentas que tornam possível coletá-los, analisá-los e processá-los para que sejam convertidos em informações válidas e úteis para diversos propósitos.

Entretanto, quando tratamos das tecnologias que auxiliam a implementação desse conceito tudo se torna mais compreensível. Vejamos alguns exemplos:

Internet das Coisas

Dispositivos baseados em IoT vêm ganhando espaço no ambiente hospitalar. Eles são ferramentas essenciais, uma vez que servem para capturar dados de várias fontes. Desde pacientes, com uso de wearables e sistemas beira leito, até pequenos sensores de monitoramento de temperatura.

Cloud Computing

O cloud computing é uma das tecnologias mais essenciais ao data driven. Sobretudo porque o armazenamento na nuvem torna o processamento de informações mais seguro, à medida que também fica mais acessível.

Sistemas integrados

Os sistemas integrados de gestão (ERP) e o registro eletrônico de saúde (EHR) são duas fontes inesgotáveis de dados e, por isso, essenciais dentro do setor de healthcare. Podemos afirmar, inclusive, que esses dois sistemas são o pontapé inicial para incorporar as ações na instituição.

Como implementar essa filosofia na saúde

Os exemplos citados acima já demonstram algumas formas práticas de como o data driven na saúde atua no setor de saúde. Portanto, o primeiro passo é entender que sem um investimento massivo em tecnologia, isso não ocorrerá.

Ou seja, é necessário planejar e executar projetos na área de TI, para que as ferramentas sejam incorporadas no dia a dia das equipes. Processos manuais, burocráticos e falhos não servem mais. Entendido isto, é hora de colocar ações concretas em prática.

Abaixo, temos algumas dicas para implementar uma cultura apoiada em dados:

  • criar uma estrutura capaz de garantir que todas as partes interessadas possam integrar, de forma adequada, uma estratégia de análise capaz de gerar valor para a instituição;
  • elaborar uma lista de verificação, delineando fatores críticos para que se possa construir caminhos em busca de resultados tangíveis;
  • buscar exemplos de outras instituições de saúde que alcançaram sucesso a partir da análise de dados;
  • incentivar capacidades essenciais, incorporando ações de liderança e incentivando habilidades das equipes;
  • criar mecanismos de execução para a gestão de projetos, com base em inteligência organizacional. Para isso, é necessário treinar e capacitar as equipes e investir em estrutura;
  • implantar e desenvolver a Governança de TI em busca da excelência da informação.

Todas essas ações, aliadas às tecnologias, são algumas formas de implementar a data driven na saúde. Nesse sentido, as iniciativas e processos de melhoria em diferentes áreas trarão os resultados almejados, dando apoio à tomada de decisão clínica e à gestão da saúde como um todo.

Se você gostou do conteúdo, aproveite para conferir o seguinte artigo: Saúde 4.0: conheça as tecnologias a serviço da gestão de suprimentos hospitalares

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Redação Nexxto

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