Os avanços tecnológicos têm modificado padrões e criado novos paradigmas em todas as áreas da indústria, comércio e serviços. Seja no desenvolvimento de projetos ou na execução de tarefas, desde as mais simples até as mais complexas, essa revolução também alcança os processos de gestão. Nesse cenário de transformação constante, a chamada Gestão 4.0 aumenta ainda mais os desafios da liderança em saúde, à medida que modifica rapidamente o campo de atuação desses líderes.
Por mais que alguns profissionais insistam em se manter alheios às mudanças, esse é um caminho sem volta. A inovação do setor de saúde não é mais uma escolha, mas sim uma necessidade cada vez mais latente. Não se trata apenas de modernizar equipamentos e sistemas de automação, mas de reconfigurar práticas operacionais e de relacionamento entre líderes, equipe e, principalmente, pacientes.
O que é Gestão 4.0 e como se aplica ao setor de saúde
Os antigos modelos de administração de empresas e negócios passam por um processo de transformação para se adaptar à mudança de comportamento do mercado e, principalmente, do consumidor.
Esse novo modelo administrativo, baseado no universo digital e da tecnologia, foi batizado de Gestão 4.0, que nada mais é do que uma maneira de gerir as organizações permitindo maior interação e trabalho com foco no cliente. O principal objetivo é atender suas necessidades, entregando uma experiência satisfatória na aquisição de produtos ou serviços.
Por ter sido inspirada na Quarta Revolução Industrial – fase da indústria chamada de 4.0 que é marcada pela convergência de tecnologias físicas, biológicas e digitais – esse novo tipo de gestão exige que os líderes respondam a três premissas: automatização da produção, integração dos setores e virtualização dos processos.
Nesse novo universo, surge a necessidade de uma revisão da missão, visão e valores da instituição, refletindo nas estratégias e ações da administração e exigindo o desempenho de um novo papel por parte dos líderes da saúde. Estes passam a atuar como desenvolvedores do potencial de toda a equipe, por meio do uso de tecnologias capazes de criar um ambiente facilitador e potencializador do desempenho e das habilidades de cada um.
Tudo isso, claro, sem esquecer que no centro de tudo está o principal motivo da busca por inovação e melhorias: o paciente.
Por isso, ao adotar a Gestão 4.0, os líderes da saúde encontrarão, sim, vários desafios, mas também terão a oportunidade de criar novos modelos de negócio e estratégias de receita.
Principais desafios da liderança em saúde na gestão 4.0
O setor de saúde é, sem dúvidas, um dos mais desafiadores em termos de gestão e liderança. Não bastassem todos os meandros das profissões envolvidas, das diferentes práticas que se convergem e de toda legislação que rege esta área e a torna, por natureza, mais complexa, as questões tecnológicas e de inovação chegam ao setor com uma velocidade maior do que ele é capaz de absorver atualmente.
Assim, os desafios da liderança em saúde, que já não são poucos, se somam à mudança emergente nas rotinas hospitalares e clínicas pela necessidade latente de implantação da Gestão 4.0 e de tudo que ela reflete, não só nas questões administrativas da instituição, mas também – e principalmente – nos efeitos que causa na vivência do paciente.
Entre tantos desafios, vale destacar aqueles que envolvem o engajamento de toda a equipe, e não somente dos líderes da saúde. Vejamos:
1. Mudança no mindset de líderes e equipe
Para vencer os desafios da liderança em saúde, gestores e equipe precisam estar dispostos a ultrapassar a barreira do pensamento tradicional – e por que não dizer engessado – que envolve muitas áreas do setor. Estar aberto às novidades e disposto a rever conceitos é fundamental nesse processo.
A mudança no mindset dos líderes da saúde e do envolvimento de toda a equipe nessa modificação de padrões é necessária para abrir caminho para a inovação tecnológica e permitir que os novos padrões da Gestão 4.0 possam se instalar e contribuir com o crescimento das organizações em diversos pontos: administrativo, operacional, de relacionamento, na satisfação do paciente e, claro, financeiro.
2. Gestão de estratégias frente às novas normas regulatórias
Em todo o mundo, gerir estratégias e recursos diante das constantes mudanças nas normas regulatórias é um dos grandes desafios da liderança em saúde, uma vez que essas normas costumam aumentar os custos com a prestação de serviços e cuidados nessa área.
No Brasil, as resoluções e portarias da Anvisa, frequentemente publicadas, costumam trazer para o setor uma série de recomendações de boas práticas, onde o emprego de recursos tecnológicos tem aparecido com cada vez mais frequência.
Somente no ano de 2019, entre janeiro e novembro, foram publicadas 60 RDCs. Destas, ao menos quatro contam com recomendação de uso de tecnologias para implementação de boas práticas, como é o caso da RDC nº 304, que dispõe sobre distribuição, transporte e armazenagem de medicamentos.
Observe que somente uma única norma regulatória é capaz de envolver diversos personagens: indústria farmacêutica, empresas de logística e transporte, farmácias, hospitais e clínicas. Essa é uma cadeia muito extensa que envolve diversos processos de gestão de suprimentos hospitalares.
Isso obriga os líderes da saúde a criarem estratégias de gestão em conformidade com essas normas, o que demanda novos investimentos em equipamentos, sistemas e treinamento de pessoal. Além disso, traz a necessidade de preparação das equipes para a implantação de uma nova cultura, visando não só a atuação dos profissionais, mas também de pacientes e familiares.
LGPD na jornada do paciente
Uma das grandes preocupações em relação ao avanço da tecnologia, é quanto ao acesso aos dados e informações pessoais. Com a publicação da Lei nº 13.709, em agosto de 2018, teve início uma mudança de paradigmas relacionados à segurança e proteção de dados.
A partir da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), os pacientes têm um amparo legal que aumenta a proteção quanto ao acesso e uso das informações por parte das instituições de saúde.
No entanto, o desafio de gestores e líderes da saúde é, justamente, otimizar a experiência e a jornada do paciente em conformidade com a segurança de dados, e dar a ele garantias de confiabilidade nos processos digitais.
O uso da tecnologia na medicina e em outros setores de saúde tende a facilitar a vivência dentro das instituições. Ao criar rotinas automatizadas, como um sistema de check-in no pronto atendimento ou o acesso a exames e laudos via internet, é possível agilizar processos e tornar a resolução de problemas mais rápida e eficaz.
Tudo que o paciente espera de um atendimento médico e hospitalar é rapidez e agilidade. Enfermidades não podem (e não devem) esperar.
Contudo, entre os desafios da liderança em saúde, está o desenvolvimento de estratégias para convencer o paciente de que sua experiência e jornada de tratamento terão melhores resultados com o auxílio da tecnologia, e que para isso o acesso aos dados é fundamental, mas que sua segurança não será comprometida.
3. Visão da saúde como business
Para muitos líderes da saúde ainda é difícil enxergar as organizações desse setor como negócios. A ideia de que uma visão mais voltada ao business parece não combinar com clínicas, laboratórios e hospitais, acaba limitando o desenvolvimento de estratégias, principalmente quando relacionadas à Gestão 4.0.
Porém, ao deixar de encarar uma instituição de saúde como negócio, o líder deixa de atuar como gestor que possui um entendimento do todo e que vai além das ações setoriais. Isso porque a saúde exige ações multidisciplinares, que devem se conectar com a ideia de que este não é apenas um serviço prestado para o cliente/paciente, mas diretamente nele.
E como todo negócio, há uma demanda de relacionamento que deve ser direcionada pela liderança, a partir de atividades que denotam um modelo de atuação que segue as tendências do mercado.
Da mesma forma que o cliente de uma loja de automóveis espera atendimento e assistência de qualidade como reconhecimento pelo seu alto investimento na compra daquele bem, os pacientes também esperam excelência nos cuidados com sua saúde. Esse é um bem de valor inestimável, mas que também requer investimentos significativos.
Por isso, a visão da saúde como business pede que gestores invistam na jornada e experiência do paciente, e não apenas no resultado final do tratamento. Até mesmo porque o “paciente 4.0” já possui maior acesso à informação, o que lhe confere necessidades mais específicas e com maior grau de exigência.
Como as health techs podem auxiliar os líderes da saúde?
Ao mesmo tempo que a inovação tecnológica pode ser bastante desafiadora para os líderes da saúde, as soluções desenvolvidas pelas health techs são ferramentas indispensáveis para os novos processos de gestão.
O investimento em tecnologias adequadas à realidade das instituições de saúde, principalmente em razão da adequação às normas e regulamentações, não só torna mais fácil o dia a dia de profissionais e pacientes, como também contribui para a sustentabilidade econômica da organização.
A contribuição das healthtechs vai desde a implantação dos PEPs (Prontuário Eletrônico do Paciente), que contribuem para o gerenciamento das informações, até o uso de Inteligência Artificial para diagnósticos e tratamentos mais eficientes.
Inclusive no mercado brasileiro, as healthtechs já dispõem de soluções bastante acessíveis, que são capazes de otimizar uma série de processos dentro das empresas de saúde, entregando valor e segurança aos pacientes.
Diante da rapidez com que as transformações ocorrem e do impacto causado por essas mudanças, os desafios da liderança em saúde podem ser amenizados a partir da abertura e da aceitação da tecnologia nesse campo, onde gestores devem atuar como verdadeiros desbravadores e incorporar o papel de líder, levando consigo a ideia de que somente com inovação será possível transpor grande parte dos obstáculos.
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