Publicado em 26 março 2020 | Atualizado em 27 março 2020

Os cuidados no armazenamento de medicamentos são fundamentais para garantir sua integridade e eficácia, assim como a segurança do paciente que fará uso da substância. No caso dos medicamentos termolábeis, esse cuidado deve ser redobrado, exigindo um constante monitoramento de temperatura em toda a cadeia do frio.

A primeira consequência da má conservação é a perda de medicamentos. Dados da Anvisa mostram que o Brasil desperdiça anualmente cerca de 20% dos remédios comprados, tanto pelo Governo Federal quanto pelas instituições de saúde privadas. O valor estimado do descarte é de R$ 16 milhões, conforme relatório divulgado pela Controladoria-Geral da União (CGU) em 2017.

E ainda conforme pesquisa feita pela MHRA (Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde do Reino Unido), constatou-se que mais de 40% do desperdício está relacionada às perdas causadas por problemas de logística.

No entanto, à medida que tecnologias como de IoT avançam no setor de saúde, soluções são criadas para diminuir e até erradicar por completo as falhas que são bastante comuns no monitoramento manual feito em planilhas.

Assim, ao optar pelo investimento em soluções que automatizam os processos, como o monitoramento de temperatura online, as instituições de saúde garantem a eficácia dos medicamentos termolábeis, evitam possíveis intervenções e sanções por parte da vigilância sanitária e dão ao paciente a certeza que não ficaram sem o tratamento adequado.

Boas práticas: o que diz a RDC 304/2019

Em setembro de 2019, a Anvisa publicou uma nova resolução para boas práticas de distribuição, armazenamento e transporte de medicamentos.

Com uma seção inteiramente dedicada aos medicamentos termolábeis, a RDC 304 traz uma série de disposições para que os processos sejam melhorados, determinando que todas as partes envolvidas, desde a produção até a distribuição, possuem responsabilidades e devem cumprir as regras impostas pela legislação para garantir a qualidade e segurança dos medicamentos.

Veja a seguir uma lista com algumas recomendações de boas práticas definidas pela RDC 304/2019:

  • Os locais de armazenamento e transporte de termolábeis devem possuir em suas instalações equipamentos e instrumentos para controle e monitoramento contínuo de temperatura e umidade;
  • Durante o recebimento e a expedição dos medicamentos termolábeis, a exposição à temperatura ambiente deve ser minimizada, incluindo, caso seja necessário, a adoção de áreas refrigeradas junto aos espaços onde os produtos são recebidos e expedidos, sempre registrando o tempo total de exposição dos medicamentos termolábeis à temperatura ambiente durante as operações;
  • Os medicamentos termolábeis devem ser armazenados de acordo com as recomendações do detentor do registro em meio que seja qualificável termicamente;
  • Os equipamentos utilizados no armazenamento dos termolábeis devem possuir, além da fonte primária, uma fonte alternativa de energia elétrica capaz de efetuar o suprimento imediato no caso de falhas da fonte primária;
  • A preferência deve ser sempre para os sistemas informatizados de monitoramento e controle de temperatura;
  • Os dispositivos utilizados para monitorar a temperatura e a umidade no transporte de termolábeis devem permitir a rastreabilidade do medicamento, número do lote, assim como data e horário de início e término do monitoramento;
  • Recomenda-se que os equipamentos utilizados no monitoramento e controle de temperatura disponham de alarmes visuais e/ou sonoros capazes de sinalizar variações fora das faixas de aceitação.

Com base em todas essas recomendações, que na verdade são artigos e parágrafos de uma legislação que deve ser cumprida a rigor, o setor de saúde se vê diante da necessidade de adequação e modernização dos processos.

E a partir dessas regras, mostraremos cinco razões para que as instituições invistam numa solução de monitoramento de temperatura online de medicamentos termolábeis. Confira!

Medicamentos termolábeis: porque o monitoramento de temperatura online é necessário?

As condições de armazenamento dos medicamentos termolábeis exigem maior rigor e atenção, já que esses produtos apresentam uma grande sensibilidade térmica, podendo sofrer alterações e até mesmo se decompor com variações de temperatura fora da faixa de segurança, que pode ser de 2ºC a 8ºC para os refrigerados e entre -20ºC e -10ºC para aqueles que necessitam de congelamento.

Isso vale também para o transporte, que é a fase da cadeia do frio onde ocorrem as principais falhas, e por isso requer um controle através de equipamentos que façam o monitoramento constante da temperatura e da umidade.

Por essa razão, fazer uso de uma tecnologia voltada à IoT, como o monitoramento de temperatura online pode significar uma série de benefícios para a instituição, seja ela responsável pela fabricação, guarda ou transporte do medicamento. E, claro, sem deixar de mencionar que a garantia de segurança dos medicamentos se reflete na segurança dos pacientes.

Vejamos, então, 5 motivos para o investimento numa solução de monitoramento online de medicamentos termolábeis:

1. Ficar à frente da regulamentação

Mesmo com todas as recomendações de boas práticas no transporte e armazenamento de medicamentos que a Anvisa estabelece, como vimos anteriormente, o monitoramento em tempo real ainda não é uma obrigatoriedade.

Contudo, diante da rapidez com que a tecnologia avança, algo que já existe no mercado e está presente no dia a dia das instituições de saúde em outras partes do mundo, rapidamente pode se tornar uma exigência por parte dos órgãos reguladores.

Assim, implementar desde já um sistema de monitoramento de temperatura online pode significar estar à frente da regulamentação, evitando, inclusive, que os custos de investimento sejam mais onerosos quando essa medida se tornar uma regra.

2. Oferecer uma melhor experiência e aumentar a satisfação do paciente

Quando falamos em melhorar a experiência do paciente e sua satisfação, isso significa manter até a qualidade e a transparência sobre as condições dos medicamentos termolábeis até o último instante da sua trajetória: a dispensação.

No caso dos produtos adquiridos em farmácias, a venda ou entrega é o ponto final do caminho percorrido desde a fabricação.

Assim, ao empregar tecnologia através do monitoramento online, o paciente se vê diante de um serviço seguro e eficaz à sua saúde, e consequentemente mais satisfatório.

3. Visibilidade da operação de ponta a ponta

Poder acompanhar os dados emitidos pelo sistema em tempo real, e assim tomar ações corretivas em tempo hábil para não haver perda de medicamentos, e até mesmo evitar a ocorrência de eventos adversos é uma das razões para a implementação do monitoramento de temperatura online.

Isso porque a maior vulnerabilidade da cadeia de frio está nos pontos de transferência de uma etapa para outra. Portanto, sem uma visibilidade contínua de cada etapa as chances de perdas e desperdícios aumentam significativamente.

No entanto, ao obter essa visibilidade de ponta a ponta, é possível potencializar a economia de recursos através da transparência e da precisão na emissão de dados.

4. Disponibilidade de dados na nuvem

Ao armazenar e dispor de todos os registros do monitoramento online na nuvem há um ganho significativo de tempo no acesso e na análise dos dados e de espaço nos servidores com toda segurança necessária.

Ao necessitar verificar as informações ou acompanhar a logística da cadeia do frio, as informações estarão disponíveis através do celular ou computador, a qualquer hora e em qualquer lugar com acesso à internet.

5. Ter uma solução de rastreabilidade

Com a implementação do monitoramento online de medicamentos termolábeis, além do acesso aos dados de ponta a ponta, também é possível contar com um sistema RTLS (sistema de localização em tempo real), permitindo o controle de rastreabilidade e leitura de cada medicamento, tornando o atendimento mais ágil.

Como a automação de processos contribui para melhorias na saúde?

De modo mais abrangente, ao investir na automação e melhorias de processos que são comumente realizados de forma manual – e entre eles está o monitoramento de temperatura e umidade, mas não somente – uma série de benefícios são apresentados dentro da área da saúde.

Desde o refinamento dos POPs até a acessibilidade dos dados, com a tecnologia é possível atender uma série de exigências da legislação, entregar uma melhor experiência ao paciente e garantir a qualidade e eficiência dos serviços.

Através da automação, depois de passada a fase das ações corretivas que podem necessitar de um aumento da mão-de-obra temporário, os recursos mais aprimorados de desenvolvimento dos processos vão mudar o foco das operações para as ações preventivas.

É óbvio que a prevenção também exige algum trabalho, mas sem dúvida haverá economia de tempo e dinheiro, já que a prevenção diminuirá falhas e, consequentemente, o desperdício de materiais (principalmente medicamentos termolábeis) e a necessidade de inspecionar possíveis desvios, que, infelizmente, são comuns dentro das instituições de saúde.

Entre as soluções de automação Nexxto disponíveis para o setor de saúde temos o monitoramento online de temperatura e umidade e o controle de qualidade de energia, feitos através de dispositivos que utilizam recursos de IoT para entregar maior controle e eficiência dos processos, seja nas instituições hospitalares, empresas de logística, laboratórios ou farmácias.

h

Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.