A cadeia do frio é um processo fundamental e de grande importância no setor de saúde. Dele dependem, inclusive, a segurança dos pacientes. Por isso, um planejamento cuidadoso se faz necessário, tanto por questões de economia quanto de eficiência.
Contudo, apesar de planejar, algumas instituições ainda encontram desafios para otimizar seus processos, especialmente pela codependência com a cadeia de suprimentos.
Todavia, desenvolver estratégias e encontrar soluções é primordial. Pois, caso contrário, o impacto causado por possíveis falhas tende a comprometer o resultado das operações. Nesse sentido, há uma série de regulamentos que estabelecem os parâmetros necessários em todas as etapas da cadeia do frio.
Órgãos internacionais como FDA, ICH e ISO possuem normas que contribuem para o planejamento do processo relacionado a medicamentos, fármacos e insumos da área da saúde. No Brasil, a Anvisa é responsável por regulamentar todas as operações que compõem as boas práticas de distribuição, armazenagem e transporte de medicamentos através da RDC 360.
Porém, mesmo com uma legislação bastante específica, que orienta e determina padrões, a complexidade de alguns fatores – especialmente a logística – ainda dificulta o planejamento.
Neste artigo, trouxemos algumas questões necessárias para preencher as lacunas de capacidade e, assim, aumentar o desempenho e alcançar resultados mais satisfatórios. Acompanhe!
O que é e como surgiu a cadeia do frio
A cadeia do frio trata-se de sistema de manuseio, conservação e transporte de termolábeis. Ou seja, são insumos perecíveis que necessitam de controle rigoroso da temperatura e da umidade durante todas as etapas do processo. Desde a saída da fábrica, a mercadoria precisa ser mantida numa condição específica.
Geralmente, esse processo possui uma duração prolongada. Especialmente em territórios extensos, onde a logística de distribuição é mais ampla. Portanto, os produtos que dependem dessa operação não podem sofrer variações bruscas no resfriamento, sob pena de deterioração. Isso vale não somente para o produto em si, mas para o ambiente.
Todo o processo que envolve a logística dos termolábeis surgiu a partir da necessidade de se criar uma gestão especializada. Desse modo, com a aplicação das técnicas mais avançadas de logística baseadas na cadeia de suprimentos, desenvolveu-se o conceito da cadeia do frio.
Especialmente para o setor de saúde, onde produtos sensíveis à temperatura estão diretamente ligados a tratamentos avançados de doenças e imunização, torna-se crucial desenvolver o planejamento para um processo eficiente.
Elementos que integram a cadeia do frio
A estrutura da cadeia do frio é composta a partir de um conceito logístico. Basicamente, possui dois pilares: infraestrutura e gestão. Nesse sentido, quando trata-se de planejar esse processo, deve-se atentar aos elementos que integram ambos os pilares.
Apesar de a ideia de planejamento estar vinculada à gestão – que engloba organização das operações, normas, equipe, fornecedores e controle tático das ações –, a infraestrutura também requer atenção.
Isso porque, nesse viés estrutural, estão elementos fundamentais para a eficiência da cadeia do frio. Desde os equipamentos de refrigeração, rastreamento, caixas de transporte, sistemas de monitoramento e embalagem. Tudo exige um planejamento minucioso, visando garantir a eficiência do processo e a segurança dos materiais.
Como fazer um planejamento eficiente da cadeia do frio?
A eficiência na implementação da cadeia do frio segue de um planejamento minucioso e organizado. Disso depende a melhor distribuição e a segurança dos produtos e, principalmente, de quem os utiliza, na outra ponta do processo.
Desse modo, ao iniciar as etapas do planejamento, a pesquisa e o conhecimento sobre todos os detalhes exigirão maior tempo dispensado. O estudo dos produtos que serão gerenciados é imprescindível. Assim, é possível determinar com precisão quais sistemas e protocolos adequados em todas as fases da cadeia.
Obviamente, quanto maior a operação, mais complexa ela se torna. Todavia, empresas maiores geralmente possuem recursos e equipes mais dedicadas ao processo. Enquanto nas organizações de menor porte, pode haver maior demanda de tarefas para os funcionários e menos recursos. Consequentemente, o planejamento se torna ainda mais importante.
E para promover uma estratégia adequada, é recomendado que algumas questões sejam analisadas e respondidas, como por exemplo:
- Como e quando obter um produto?
- Qual o melhor tipo de manufatura para converter o material em um produto final?
- Que meio de transporte é mais seguro e ágil para movimentos os estoques?
- De que forma se pode projetar uma rede de distribuição mais eficiente?
- Como gerenciar os riscos dentro da cadeia do frio?
- Qual a maneira mais eficiente para redução dos custos sem perda da qualidade?
- Que suporte é necessário para o sistema de informação, que facilite o compartilhamento de informações?
Ao desenvolver o planejamento da cadeia do frio com base nas perguntas acima, é possível criar um conjunto uma política interna de procedimentos. Assim, o gerenciamento do fluxo de cada etapa se torna mais consistente.
Identificação de falhas no processo
Um estudo sobre a experiência de Clinton Health Access Initiative no trabalho com programas de imunização e parceiros para melhorias da cadeia do frio de vacinas em 10 países identificou três principais problemas que limitam a eficiência do processo, apontando causas e possíveis soluções. São eles:
Aumento da capacidade da cadeia de frio
Aqui as soluções encontradas para otimizar o processo foram a identificação das lacunas de capacidade da cadeia de frio, baseadas em necessidades atuais e futuras. Além disso, também se definiu a mobilização de recursos e o monitoramento eficaz durante a implementação.
Necessidade de atualização das tecnologias
Adotar novas tecnologias foi uma das soluções apontadas, especialmente voltadas aos novos equipamentos disponíveis no mercado de cada país.
Além disso, se faz necessária a utilização de ferramentas para compreender melhor os conflitos na escolha de equipamentos. Isso serve para orientar a seleção e promover um engajamento com os fornecedores.
Controle de excursões de temperatura e quebras de equipamento
Nesse ponto, a introdução de dispositivos que automatizam o monitoramento e controle de temperatura é um dos recursos adotados no planejamento. Para isso, deve-se melhorar a competência técnica e a disponibilidade das equipes, atuais e futuras.
Outro fator importante é garantir a disponibilidade de peças sobressalentes para manutenção, evitando perda da capacidade.
Acompanhamento das diretrizes
Garantir e eficiência da cadeia do frio através do planejamento também inclui acompanhar as diretrizes básicas estabelecidas na legislação nacional e internacional. Ao seguir os parâmetros de qualidade e boas práticas, é possível encontrar saídas que orientem a manutenção de todo o processo.
Especialmente no que tange ao transporte, armazenamento e distribuição relativos aos suprimentos dependentes da cadeia do frio, existem padrões e normas que podem embasar todo o planejamento. Vejamos alguns exemplos:
- Manual da Anvisa para o Transporte de Sangue e Componentes;
- 21 CFR 205.50, 21 CFR 203.32, 21 CFR 203.36; 21 CFR Part 11 e 21 CFR 211.150 da FDA;
- Capítulo 1079 da United States Pharmacopeia (USP), que descreve “Boas Práticas de Armazenamento e Envio”;
- Norma ISTA 2, da International Seed Testing Association, que se concentra nas especificações das embalagens de transporte;
- RDC 318 da Anvisa, sobre estabilidade de medicamentos e dos insumos farmacêuticos.
Além disso, existem outras normas regulamentadoras e diretrizes a serem seguidas e que podem auxiliar na construção e na simplificação dos processos.
Sobretudo, quando se trata de melhorias e investimentos, é importante lembrar que a tecnologia deve sempre fazer parte do escopo dentro do planejamento da cadeia do frio. Inclusive, porque nas fases mais críticas como o transporte, existem soluções que asseguram um processo qualitativo e seguro.
Agora que você já sabe como planejar esse processo de forma eficiente, leia também sobre a estabilidade de medicamentos termolábeis após quebra da cadeia do frio.