Publicado em 25 agosto 2020 | Atualizado em 30 julho 2020

Criada há quase 20 anos, a Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) trouxe consigo um conjunto de ações propostas à promoção da saúde, com base em princípios constitucionais. Dessa forma, a aquisição de medicamentos e sua devida distribuição através do SUS teve maior respaldo na legislação.

Nesse sentido, a gestão da assistência farmacêutica ganhou ainda mais importância na saúde pública. Isso porque o medicamento é um insumo prioritário, onde a falta pode significar a interrupção do tratamento, afetando diretamente a qualidade de vida da população.

Assim, o gerenciamento correto dos recursos, incluindo processos de operacionalização dos medicamentos, é fator essencial para a credibilidade do SUS. Especialmente diante da descentralização da gestão, que inclui a participação direta de estados e municípios nas ações da PNAF.

Como surgiu a Política Nacional de Assistência Farmacêutica e quais os princípios

A Política Nacional de Assistência Farmacêutica surgiu a partir das deliberações da 12ª Conferência Nacional de Saúde. Porém, o tema já fazia parte das estratégias do SUS através da Política Nacional de Medicamentos (PNM), publicada em 1998.

No entanto, houve a necessidade de avançar nas ações voltadas à política de medicamentos. Principalmente para garantir que as estratégias da assistência farmacêutica fossem efetivadas e ampliassem o acesso da população aos remédios.

E assim, com a Resolução nº 338/2004 do Ministério da Saúde, a PNAF foi publicada como parte integrante e direta da Política Nacional de Saúde.

Princípios e estratégias da PNAF

O desenvolvimento da Política Nacional de Assistência Farmacêutica permitiu a elaboração de uma série de ações estratégicas em saúde. Do mesmo modo, criou a base para uma série de regulamentações nas seguintes áreas:

  • qualidade e segurança, garantindo o acesso da população a serviços e produtos mais eficazes;
  • criação de mecanismos para regular e monitorar o mercado de insumos de saúde, especialmente para a aquisição de medicamentos;
  • ações de disciplina na prescrição, dispensação e consumo de medicamentos, promovendo o uso mais racional.

Além disso, através da PNAF também foi possível implementar políticas públicas de desenvolvimento tecnológico e científico. Logo, o envolvimento das universidades e centros de pesquisa foi primordial para a inovação necessária ao SUS.

De antemão, os princípios norteadores da Política Nacional de Assistência Farmacêutica envolvem direitos e garantias fundamentais. Desse modo, a base dessa política é a promoção da saúde dos brasileiros, embasada na equidade, universalidade e integralidade previstas na Constituição Federal.

Isso inclui não apenas a saúde pública, mas envolve também o setor privado, que atua como suplemento do SUS dentro da PNS.

Regramento jurídico

Além da CF/88, existe um ordenamento jurídico extenso relacionado à Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Muito antes da Resolução nº 338, as Leis Federais 8080/1990 e 8142/1990 também serviram de base para a PNAF.

Ao mesmo tempo, uma série de portarias regulamentam, direta ou indiretamente, a assistência farmacêutica. São elas:

PNAF e a aquisição de medicamentos

Entre as principais atividades de gestão que incorporam a Política Nacional de Assistência Farmacêutica está a aquisição de medicamentos. Bem como sua distribuição no território nacional, a partir das necessidades apontadas por cada estado e municípios.

Infelizmente, a má administração pública mostra que esse processo possui muitas falhas. Constantemente, recebemos as notícias sobre falta de medicamentos e insumos nos postos de saúde e hospitais do SUS.

Todavia, esse problema é de conhecimento dos gestores públicos. E frequentemente debatido em reuniões dos Conselhos de Saúde em todo o Brasil. Portanto, a Política Nacional de Assistência Farmacêutica possui relação direta com a questão do desabastecimento.

Há cerca de um ano, o Ministério da Saúde passou por uma grave crise no abastecimento. Dos 134 tipos de medicamento que deveriam ser distribuídos para os estados, 25 estiveram em falta. Sem contar o baixo estoque de outros 18 medicamentos.

Esse cenário arriscou o tratamento de aproximadamente 2 milhões de pacientes do SUS. Incluindo pessoas com câncer de mama, leucemia e inflamações. Atualmente, com a pandemia do coronavírus, já se observou a falta de insumos essenciais para o tratamento de pacientes com Covid-19 internados em UTI.

Essa condição de precariedade enfrentada nos serviços de saúde pública demonstra a importância da PNAF para a gestão da assistência farmacêutica. Ao passo que uma aquisição de medicamentos eficiente deve levar em conta a seleção e a programação de compra.

Como resultado, se evita o desperdício e a falta, que são duas faces da mesma moeda. E assim, a utilização dos recursos financeiros torna-se favorável à população.

No entanto, é importante que os estados e municípios atuem de forma cooperativa na aquisição de medicamentos e distribuição. Isso porque a seleção deve considerar as diferentes realidades de cada região.

Rename, Resme e Remune

As fases de seleção (o que comprar) e programação (quanto comprar) na aquisição de medicamentos precisam considerar o contexto dos municípios sobre o fluxo de usuários. Para isso, a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) é o principal norteador da PNAF.

O documento, periodicamente revisado pelo Ministério da Saúde, é o que orienta municípios (Remune) e estados (Resme) na elaboração das relações para aquisição de medicamentos.

A importância do profissional farmacêutico nas políticas públicas em saúde

O farmacêutico é um dos profissionais que integram as equipes multidisciplinares de atenção básica à saúde. Portanto, ele exerce um importante papel na promoção da saúde pública.

No SUS, o profissional farmacêutico realiza funções de gestão para aquisição de medicamentos e distribuição aos pacientes. É dele a competência para gerenciar o ciclo da assistência farmacêutica que passa pelas seguintes etapas:

  • seleção;
  • programação;
  • aquisição;
  • distribuição;
  • dispensação.

Mas seu trabalho também é fundamental nas redes de farmácias e drogarias onde o Programa Farmácia Popular atua. Sobretudo por cumprir uma das diretrizes principais da Política Nacional de Assistência Farmacêutica dentro do SUS.

Ou seja, através da prescrição adequada, visando o uso racional dos medicamentos, o farmacêutico é responsável por orientar o paciente. Essa atividade possui relação direta com o sucesso do tratamento medicamentoso. Enquanto falhas nesse processo podem resultar em danos irreversíveis à saúde.

Depois de conhecer mais sobre a PNAF, aproveite e leia agora: Farmacovigilância: como garantir a qualidade dos medicamentos.

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Lucas Almeida

Cofundador e CRO da Nexxto

Trabalho todos os dias para ajudar o setor de saúde a ser mais digital e eficiente, possibilitando que mais pessoas no Brasil tenham acesso a serviços com qualidade e segurança.