Publicado em 11 março 2021 | Atualizado em 2 março 2021

Realizar o transporte de material biológico requer uma série de cuidados específicos e regras bem definidas. Para isso, a Anvisa publicou em 2014 a RDC 20, que estabelece os padrões sanitários para o manuseio desse tipo de material de origem humana feito pelas empresas transportadoras.

No entanto, as normas também se aplicam a todos os envolvidos no processo: remetente, transportador de diferentes modais e destinatário. Assim, os capítulos da RDC 20 tratam das responsabilidades, embalagens, rotulagem e acondicionamento das amostras.

Tudo é necessário pois material biológico pode ser infeccioso e apresentar riscos à saúde. Além disso, a conservação adequada é imprescindível para manter as características e oferecer os resultados corretos, em caso de exames.

Geralmente o armazenamento dessas substâncias é feito sob refrigeração, tornando-os dependentes da cadeia do frio. Isso aumenta a complexidade do processo e aumenta os desafios de transporte. Pois uma vez que as boas práticas não são seguidas, pode haver perda do material, seja por manuseio incorreto ou por interferência de fatores externos.

Do mesmo modo, existe a relação com a segurança e a saúde dos profissionais envolvidos. E por todas essas questões, os parâmetros de armazenamento, controle e manuseio durante o transporte devem ser bem definidos e alinhados.

Vejamos então o que diz a RDC 20 e quais os impactos da resolução sobre as atividades que envolvem o transporte de material biológico.

Importância dos cuidados com o material biológico

O transporte de amostras de material biológico faz parte da fase pré-analítica. Ou seja, toda a cadeia produtiva do laboratório que se inicia na coleta – onde deve ser retirada quantidade suficiente para análise, acondicionada no recipiente correto e identificada de forma clara – culmina no transporte.

Portanto, é fundamental que esse processo esteja dentro das conformidades e padrões de qualidade, conforme trata a RDC 20, para que a estabilidade do material seja mantida, gerando resultados confiáveis.

Além do mais, é necessário considerar a ocorrência de acidentes durante o transporte. Desse modo, mesmo que o processo implementado seja rigoroso, ainda há um risco que pode comprometer a logística. Essa possibilidade exige a adoção de uma resposta rápida e segura, para que se evite a contaminação ou mesmo a perda das amostras.

Nesses casos, a responsabilidade sobre as medidas de biossegurança que devem ser adotadas precisam estar definidas e documentadas.

Conforme a RDC 20, cabe ao transportador garantir a infraestrutura necessária para o transporte de material biológico, de acordo com seu tipo de classificação de risco. Inclusive portando documentos e sistemas que permitam a rastreabilidade da carga.

Nesse sentido, entender essa importância é tarefa tanto dos gestores de laboratórios, quanto das empresas transportadoras e suas equipes. Nas duas pontas, desde a coleta do material até a entrega ao destinatário, é fundamental manter o processo dentro das boas práticas recomendadas pelos órgãos reguladores.

Desafios do processo e as boas práticas de transporte

Para garantir as boas práticas no transporte de material biológico são necessárias uma série de medidas. Assim, implantar os recursos necessários e manter o controle adequado durante todo o processo é um desafio que os gestores e líderes do setor enfrentam.

O primeiro deles está relacionado ao conhecimento amplo sobre as características e propriedades desses materiais. Essas informações são cruciais para que as condições de manuseio, armazenamento e transporte sejam seguras.

Sob o mesmo aspecto, está o entendimento sobre a legislação vigente, o que inclui normas nacionais e internacionais. Principalmente porque cada modalidade de transporte possui requisitos e regulamentos específicos.

No caso do Brasil, existem pelo menos quatro modais de transporte, divididos em três categorias:

  • terrestre (rodoviário e ferroviário);
  • aquaviário;
  • aéreo.

Cada um deve obedecer, além da RDC 20, à legislação aplicada pelas agências nacionais, sendo respectivamente ANTT, ANTAQ e ANAC. O que torna ainda mais criterioso e difícil todo o processo.

Por isso, seguir uma lista de boas práticas é fundamental para orientar as ações e estabelecer critérios de qualidade e segurança. Abaixo, listamos algumas ações que contribuem para as melhores práticas de transporte:

Identificação adequada

A identificação adequada e correta é um dos fatores primordiais para garantir a segurança do material biológico durante o transporte. Sobretudo porque a ausência ou o erro dessa identificação pode gerar desorganização, retrabalho e culminar em erro de análises e na entrega de resultados.

Portanto, a primeira regra de boas práticas é identificar o material imediatamente a partir da coleta. Feito isso, as informações recolhidas devem ser organizadas nas etiquetas do material e no banco de dados do laboratório.

Uso de materiais e recipientes adequados

Os recipientes e materiais utilizados para guardar as amostras devem ser escolhidos e manuseados de forma adequada. Isso evita a contaminação ou mesmo a perda do material. Por isso, todas as embalagens, instrumentos e demais equipamentos devem estar de acordo com a especificidade do tipo de material e da modalidade de transporte.

Relação de variação cronobiológica

Fazer um relatório de variação cronobiológica também é uma medida de boa prática. Isso porque algumas amostras podem se tornar inúteis caso não sejam analisadas em tempo hábil.

Nesse sentido, deve-se levar em conta o tempo de deslocamento e o prazo de análise do material biológico, para que o transporte não afete a qualidade da amostra. Nos casos em que as distâncias forem maiores do que o esperado, é necessário adotar algum método ou solução específica para acondicionar o material.

Investimento em acreditação laboratorial

Quando um laboratório possui uma certificação ou acreditação, fica claro o grau elevado de eficiência dos processos e compromisso com a qualidade. Portanto, esta também é uma boa prática, pois indica que a instituição segue os padrões e normas de acordo com a legislação.

Impacto da RDC 20 no transporte de material biológico

Todas as boas práticas citadas acima, e outras que podem ser adotadas para o transporte de material biológico, estão alinhadas com os padrões da RDC 20.

Além disso, a norma trata de pontos específicos para cada tipo de substância. Tudo isso para garantir a segurança e integridade, mas principalmente para minimizar riscos sanitários ao qual a operação está exposta.

Assim, a RDC 20 trata das medidas de biossegurança, e também orienta detalhadamente as atividades que envolvem:

  • rotulagem;
  • embalagem;
  • acondicionamento;
  • responsabilidades das partes.

Dessa forma, a resolução impacta diretamente as atividades de toda a cadeia logística envolvida neste processo. A partir da classificação dos materiais e da determinação de regras, laboratórios, transportadoras e receptores precisam estar alinhados dentro de cada ponto estabelecido.

A seguir, destacamos alguns pontos de destaque na resolução:

Classificação

De acordo com a RDC 20, o material biológico deve ser classificado como:

  • substâncias infecciosas – Categoria A;
  • substâncias biológicas – Categoria B;
  • espécime humano de risco mínimo;
  • materiais biológicos isentos.

A partir de cada categoria, são definidas as especificações para rotulagem, embalagem e transporte.

Embalagem e rotulagem

De acordo com o tipo de material, sua classificação de risco e critérios de conservação, a RDC 20 determina quais embalagens devem ser utilizadas e de que forma deverá ser feita sua rotulagem.

Transporte terceirizado

Nas situações em que o transporte for feito por empresas terceirizadas, a resolução apresenta uma série de regras que orientam o prestador de serviço. Este, por sua vez, deve ser devidamente licenciado junto à Vigilância Sanitária local.

Treinamento dos profissionais

A RDC 20 também determina que os profissionais envolvidos em todas as etapas da logística de transporte de material biológico recebam treinamento específico. A capacitação deve ocorrer de forma regular e em compatibilidade com a função desempenhada, assim como de acordo com a natureza do material transportado.

Ao adotar todas essas medidas, as empresas enfrentam também um desafio na gestão de custos. Contudo, ainda que a implementação da norma resulte em gastos, é importante que os gestores entendam isso como um investimento. Sobretudo porque respeitar a legislação traz credibilidade para empresa, além de gerar maior eficiência nos processos.

E, claro, garantir a segurança dos profissionais envolvidos e do resultado final, que influencia a saúde dos pacientes que aguardam pelos resultados de análises e exames.

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Redação Nexxto

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